Libreto: Vincenzo Grimani
Estreia: (Veneza) Teatro São João Crisóstomo, 26 de Dezembro de 1709
PersonagensAgripina
Nero
Popea
Cláudio
Otho
Palas
Narciso
Lesbo
Juno
1.ª ParteO libreto é de Vincenzo Grimani situando-se a acção durante o reinado de Cláudio.
A ópera inicia-se com Agripina, mulher do imperador, explicando ao seu filho Nero que chegou finalmente a altura de assumir o Poder, e mostra-lhe uma carta que diz que Cláudio morreu durante uma tempestade no mar. Disposta a tudo para atingir os seus intentos, Agripina manda chamar separadamente os libertos Pallas e Narcisus, que ela sabe estarem perdidamente apaixonados por si. A cada um revela a notícia da morte de Claudius, e, contra a promessa dos seus favores, incumbe-os de aclamar Nero como seu sucessor.
Mais tarde, no Capitólio, quando Agripina informa a multidão que o imperador morreu, Pallas e Narcisus apressam-se a aclamar Nero como novo imperador. Só que, quando Nero e Agripina se preparavam para assumir o trono, chega Lesbo, o servo de Cláudio, anunciando que o soberano acabou de desembarcar no porto de Anzio, salvo graças à ajuda do valoroso Otho.
E é Otho que chega ao Capitólio repetindo o relato da façanha, e dizendo a Agripina que Cláudio, como recompensa, lhe prometera a sucessão. Esta notícia deixa os conspiradores sem palavras. Mais tarde, numa conversa privada, Otho confessa a Agripina o seu amor por Popea, a quem ama mais do que ama o Poder. Sabendo que Cláudio também ama Popea, Agripina engendra um novo plano que irá tornar o seu filho imperador. Vai até casa de Popea onde, depois de se assegurar que o amor de Otho é correspondido, lhe diz que ele a traiu cedendo-a a Cláudio em troca do trono. Em seguida sugere que, para se vingar, Popea deverá fazer ciúmes a Cláudio dizendo-lhe que Otho, entontecido pelo Poder de que agora desfruta, a proibira de voltar a encontrar-se com Cláudio. O imperador irá punir Otho retirando-lhe o trono. Popea cai na armadilha, e, quando Cláudio chega, segue à letra os conselhos de Agripina, conseguindo que o imperador satisfaça todos os seus desejos.
Entretanto, numa rua de Roma próxima do palácio imperial, Palas e Narcisus descobrem ter sido enganados por Agripina, e resolvem aliar-se. Aparece Otho nervoso com a aproximação da cerimónia de coroação. Quando Cláudio aparece, levado em triunfo, Otho aproxima-se para lhe recordar a sua promessa. Porém, para sua surpresa, vê-se brutalmente afastado e insultado de traidor. Desnorteado, Otho começa por procurar o apoio de Agripina, depois em Popea, e, finalmente, em Nero. Mas todos eles o afastam abandonando-o no mais profundo desespero.
2.ª ParteA 2ª parte da ópera começa com Popea meditando sobre a aparência genuína da infelicidade manifestada por Otho começando a duvidar da sua culpa. Planeia então um estratagema para descobrir a verdade. Vendo-o aproximar-se finge-se adormecida falando durante o sono – fala em que revela aquilo que Agripina lhe dissera: que ele a cedera a Cláudio em troca do Poder. Otho declara a sua inocência. Popea compreende que ele fala verdade, e jura vingar-se de Agripina.
Entretanto Agripina, medindo a gravidade da situação, tece novos planos. Começa por chamar Palas a quem promete o seu amor em troca da morte de Otho e de Narciso. Depois chama Narciso a quem promete a mesma paga em troca da morte de Otho e de Palas. Finalmente procura Cláudio a quem diz que Otho se pretende vingar por ter perdido o Poder, aconselhando o marido a resolver a situação proclamando Nero seu sucessor. Impaciente por ir encontrar-se com Popea, Cláudio consente. Enquanto isso Popea, que pretende remediar o mal feito a Otho, também concebeu um plano, e pede ao amante que controle o seu ciúme seja o que for que vir e ouvir. Nero chega. Também ele ama Popea não escondendo o desejo que por ela sente, mas Popea consegue convence-lo a esconder-se dizendo que Agripina está para chegar. Chega em seguida Cláudio. Popea queixa-se de que ele não a ama. Quando Cláudio lhe recorda tudo aquilo que fez por ela, incluindo o castigo de Otho, Popea diz ter sido mal compreendida: não foi Otho quem a importunou, foi Nero. Em seguida esconde Cláudio e chama Nero que, julgando que o pai já saiu, retoma a sua perseguição amorosa – no que é interrompido por Cláudio que o manda sair.
O plano funcionou: libertando-se de Cláudio com uma desculpa, Popea chama Otho, e os dois apaixonados repetem juras de amor eterno.
Então a intriga adensa-se: Nero conta à mãe ter caído em desgraça, e pede-lhe que o defenda da fúria de Cláudio, enquanto Palas e Narciso informam Cláudio da conspiração urdida por Agripina durante a sua ausência. É assim que, quando Agripina instiga o imperador a mandar coroar Nero, Cláudio responde acusando-a de querer usurpar o Poder. Agripina admite ter tentado conquistar o trono para o filho, mas defende-se dizendo que o fez para evitar um mal maior: com a notícia da morte do imperador, os soldados, o povo e o senado, começaram a pensar na sucessão. Fora para assegurar que o trono ficasse nas mãos de Cláudio que fizera aclamar Nero.
Cláudio deixa-se convencer pelo discurso de Agripina que aproveita para o acusar de traição intimando-o a afastar-se de Popea. Diz-lhe que ela é amante de Otho. Mas Cláudio desmente-a dizendo que é Nero quem deseja Popea. Quando Nero chega com Otho e Popea, Cláudio acusa o filho de se ter escondido no apartamento de Popea – o que Nero não pode negar. Então, para surpresa de todos, Cláudio diz que Nero e Popea devem casar-se, e que Otho deverá ser o seu sucessor.
Mas esta decisão não satisfaz ninguém, e, para contento de todos, Cláudio diz que Otho casará com Popea, e que Nero será o futuro imperador. Então chama Juno para que a deusa abençoe os noivos e conceda glória ao império.
RDP – Transmissões em "Noite de Ópera" desde 1996
2001 – 10 de Maio
Enredo resumido da autoria de Margarida Lisboa.