AntecedentesPedro Álvares Cabral ficou para a história como o descobridor do Brasil. Fidalgo da corte de D. João II, foi durante o reino de D. Manuel I que alcançou maior estatuto, como conselheiro do rei. Capitão-mor da maior armada organizada no século XV para exploração e navegação dos mares do Sul, foi encarregado de fortalecer a posição de Portugal na Índia. Partiu de Lisboa em 9 de Março de 1500, e em 22 de Abril descobriu uma nova terra: o Brasil.
Pedro Álvares Cabral foi o português que realizou um dos mais relevantes feitos da gesta portuguesa: a descoberta do Brasil. "É uma personagem com enorme importância na nossa história", diz Luís Adão da Fonseca, vice-reitor da Universidade Lusíada. "Por um lado, porque é uma das figuras relevantes da fase inicial da organização das rotas portuguesas para o Oriente. Por outro, porque protagoniza um acontecimento que vai ser o ponto de partida de um diálogo de enorme importância na época moderna e na história portuguesa, que é a colonização e desenvolvimento do Brasil."
Sabe-se pouco sobre Pedro Álvares Cabral. Terá nascido em Belmonte, na Beira Baixa, bem longe do mar. Terceiro filho do governador da Beira e alcaide-mor de Belmonte, Fernão Cabral, o seu nome original teria sido Pedro Álvares Gouveia. Com a morte do irmão mais velho, terá passado a usar o nome de Pedro Álvares Cabral.
Aos 11 anos foi viver para Lisboa, onde estudou. Na corte de D. João II, onde entrou como moço fidalgo, aperfeiçoou-se no estudo da cosmografia e marinharia.
Com a subida ao trono de D. Manuel I, foi agraciado com o foro de fidalgo do conselho, o hábito da Ordem de Cristo e um subsídio anual. Em 1499 D. Manuel nomeou-o capitão-mor da armada que faria a primeira expedição à Índia após o regresso de Vasco da Gama. Armada poderosa, com dez naus e três caravelas, transportava 1200 a 1500 homens, entre funcionários, soldados e religiosos. O objectivo de Álvares Cabral? Desempenhar com competência as funções determinadas pelo rei junto do samorim de Calecute, reforçar a imagem de Portugal, instalar um entreposto comercial ou feitoria e regressar com grande quantidade de mercadorias.
A nau capitânia partiu de Lisboa em 9 de Março de 1500. Na armada participaram navegadores experientes, como Bartolomeu Dias e Nicolau Coelho. Em 22 de Abril, após 43 dias de viagem e depois de se afastarem da costa africana, a esquadra avistou o monte Pascoal, no litoral do Sul da Bahia. No dia seguinte, houve o contacto inicial com os nativos. Em 24 de Abril, a frota seguiu, ao longo do litoral, para norte em busca de abrigo, fundeando nos arredores de Porto Seguro.
A grande questão, que até hoje se discute, é se a frota se desviou do caminho original ou chegou lá intencionalmente, que é a hipótese geralmente admitida pelos historiadores. Seja qual for a teoria, o certo é que a armada de Pedro Álvares Cabral atingiu a costa oriental da América do Sul, aportando na Bahia. Tomou posse, em nome da coroa portuguesa, da nova terra, a qual denominou "Terra de Vera Cruz", e enviou uma das naus, com as notícias, incluindo a famosa Carta de Pêro Vaz de Caminha, de volta ao reino. Pedro Álvares Cabral protagonizou um feito histórico, mas numa coisa errou redondamente: o futuro foi muito mais surpreendente do que ele terá previsto.
De volta ao mar alto, retomou a rota de Vasco da Gama rumo à Índia. Ao cruzar o cabo da Boa Esperança, perdeu quatro dos seus navios, entre os quais o de Bartolomeu Dias, navegador que anos antes, em 1488, o dobrara pela primeira vez. Álvares Cabral chegou a Calecute em 13 de Setembro de 1500, depois de escalas no litoral africano. Assinou o primeiro acordo comercial entre Portugal e um potentado na Índia. A feitoria foi instalada mas durou pouco: saqueada em 16 de Dezembro, morreram 30 portugueses, entre os quais o escrivão Pêro Vaz de Caminha. Regressou a Lisboa em 23 de Junho de 1501. Foi aclamado como herói, apesar de das 13 embarcações iniciais terem regressado apenas 6. Para a história fica um Pedro Álvares Cabral lutador e obstinado, além de bom negociador; por vezes, duro. Eis a sua forma de trabalhar: planeamento detalhado, velocidade de execução e foco rigoroso nos objectivos.
Convidado para comandar nova expedição ao Oriente, desentendeu-se com o monarca sobre o comando e recusou a missão. Não recebeu do rei as mesmas honrarias outorgadas a Vasco da Gama, por quem foi substituído. Não recebeu mais nenhuma missão oficial até ao fim da vida. Faleceu em Santarém, relativamente esquecido. Mas cinco séculos depois, continua a ser recordado, sobretudo pelos Portugueses e pelos Brasileiros, como o descobridor do Brasil.
ResumoObra típica do período getulista, O Descobrimento do Brasil foi composto inicialmente para um filme de Humberto Mauro, e deveria ser o equivalente "tupiniquim" de Alexander Nevsky de Eisenstein e Prokofiev. Infelizmente, Villa-Lobos contou com recursos técnicos, tanto cinematográficos como musicais, muito pobres. Por isso o compositor teve a ideia de transformar toda a música em quatro suites e, desta forma, livre do triste resultado cinematográfico, a composição seguiu uma via própria. Estilisticamente, a obra é escrita numa altura de engrandecimento da nação, resultando numa música não tão arrojada, mas grandiosa.
A "Quarta Suite" é a mais executada e para além de uma grande orquestra, precisa também de coro que representa ora os índios, ora os portugueses. Os dois primeiros andamentos da suite mostram os preparativos para a primeira missa no Brasil. São cantados motetos gregorianos no meio da balbúrdia indígena com textos inventados pelo compositor. Esta obra continua a impressionar pela magnífica pintura da natureza.