LibretoAnónimo
Estreia12 de fevereiro de 1760
Antecedentes e resumoDe todas as obras mais conhecidas de Rameau, Les Paladins foi a que menos sucesso granjeou. No entanto, será errado atribuir-se a culpa para tal falta de sucesso à música de Rameau. A explicação reside sobretudo no libreto. A fábula do pequeno cachorro que andava com dinheiro e pedras preciosas, na qual se baseia este libreto, era geralmente considerada inapta. Continha uma mistura de elementos sérios e cómicos de alguma maneira nada fácil. Uma combinação que os franceses consideraram ser de gosto duvidoso.
Ao longo de mais de metade da obra, a comédia dá lugar a eventos mágicos e misteriosos, típicos das peças de carácter feérico, um género que já havia sido explorado por Rameau em obras como Zaïs.
A história tem como cenário a Veneza medieval e gira em torno do amor entre Atis, um jovem cavaleiro, ou paladino, e Argie, uma jovem italiana. Esta é mantida sob a vigilância do cobarde Orcan, um carcereiro que se encontra a substituir o tutor de Argie, o velho senador Anselmo, que ambiciona desposar a jovem.
Ao passar o Anselmo de La Fontaine de marido para tutor, o libertista alterou substancialmente o tema da história, passando do adultério para a rivalidade entre o idoso e o jovem sedutor. No entanto o propósito do guião torna-se de alguma maneira incerto, acabando por deixar pouco espaço de manobra para as personagens transcenderem os estereótipos a que estão sujeitos. Apenas o carcereiro Orcan consegue emergir como uma criação cómica realmente genuína, conquistando a simpatia do publico, independentemente do seu comportamento grotesco.
Quanto à partitura de Rameau, esta é surpreendentemente fresca para um compositor que acabava de entrar na casa dos 70. Fulminante no que diz respeito ao colorido orquestral, Rameau consegue então dar a volta a um libreto pobre parodiando muitas das convenções operáticas de então.