Libreto: Pepoli sobre Ancelot e Xavier
Estreia: (Paris) Théâtre des Italiens, 24 de Janeiro de 1835
Estreia: (versão de Nápoles) Londres (Barbican), 14 de Dezembro de 1985
PersonagensElvira
Arthur Talbot
Richard Forth
Rainha Henrietta, viúva de Carlos I
Sir George
Lord Walton
Bruno
AntecedentesEm Março de 1833 o Teatro La Fenice de Veneza apresentava pela primeira vez a ópera "Beatrice di Tenda" do jovem compositor siciliano Vincenzo Bellini. "Beatrice di Tenda" era a sua mais recente ópera duma série que contava com sucessos como "O Pirata", "A Sonâmbula" e "Norma" – estas duas últimas escritas com um intervalo de apenas 9 meses. "Beatrice di Tenda", no entanto, não agradou ao público veneziano. Pouco depois da estreia Bellini partiu para Londres onde algumas das suas óperas seriam recebidas com enorme entusiasmo. De Londres seguiu para Paris para negociar com a Operá e com o Teatro Italiano conseguindo apenas um contrato com este último que apresentaria duas das suas óperas no Outono.
O sucesso obtido faria com que o Teatro Italiano encomendasse a Bellini uma nova ópera cujo libreto iria ser escrito por um fidalgo bolonhês exilado, o conde Carlo Pepoli, que propôs ao compositor, entre outros, um texto numa peça de Ancelot e Santine, "Têtes Rondes et Cavaliers", que receberia o título italiano de "I Puritani e I Cavalieri". Escrita em meados de 1834 esta ópera começaria a ser ensaiada no final de Dezembro desse ano sendo levada a cena pela primeira vez no dia 25 de Janeiro de 1835. O êxito foi absoluto.
"Os Puritanos" foi a última ópera escrita por Bellini que morreria 8 meses depois da sua estreia poucos dias antes de completar 34 anos.
E é com "Os Puritanos" que prosseguimos hoje o ciclo com que este ano assinalamos a passagem do bicentenário do nascimento de Bellini.
1º ActoA acção desenrola-se durante a Guerra Civil Inglesa pouco depois da decapitação de Carlos I.
Numa fortaleza guardada por Lord Walton, Elvira, sua filha, confessa estar apaixonada por Arthur Talbot partidário dos cavaleiros realistas fiéis a Stuart.
O pai planeava dar a sua mão a Richard Forth, como ele adepto de Cromwell, mas acaba por ceder às súplicas de Elvira, e ordena ao irmão, Sir George, que prepare o casamento com Arthur Talbot – a quem faz chegar um salvo-conduto para poder entrar na fortaleza.
Acontece que a Rainha Henrietta, viúva de Carlos I, está prisioneira no castelo onde aguarda a morte. Ao tomar conhecimento disso Arthur ajuda-a a fugir envolvendo-a no véu nupcial destinado a Elvira, e fazendo-a passar pelos guardas como se fosse a sua noiva. Só que aparece Richard Forth, o antigo pretendente de Elvira, que, ao ver Arthur, o desafia para um duelo.
Na confusão o véu que cobria a rainha cai, e Richard vê que não se trata de Elvira acabando por decidir dar passagem aos dois fugitivos. Quando a fuga é descoberta Elvira julga-se traída e enlouquece. O acto termina com os convidados para as bodas lançando a maldição sobre o fugitivo.
2º ActoA acção do 2º acto passa-se na mesma fortaleza perto de Plymouth guardada por Lord Walton. A loucura de Elvira deixou todos numa profunda tristeza, e tentam saber notícias da sua saúde junto de Sir George que, com alguma relutância, fala sobre o seu estado. Chega Richard Forth que diz que o Parlamento acaba de decretar a morte de Arthur Talbot ordenando que seja capturado morto ou vivo. Nesse momento ouve-se a voz desesperada de Elvira que recorda o seu amado dizendo-se incapaz de aceitar a sua fuga. Quando ela parte Sir George tenta convencer Richard a desistir da sua vingança contra o traidor. Richard acaba por aceitar com a condição de que, se o enfrentar em combate, não o poupará.
3º ActoA acção do 3º acto passa-se num solar perto da fortaleza onde Elvira agora mora. Arthur Talbot regressa durante uma tempestade para se encontrar de novo com ela. Ouve-a cantar uma canção de amor – a mesma que ele cantava quando estavam juntos. Quando começa ele próprio a cantar é interrompido pela chegada de militares que o procuram, e esconde-se. Depois deles partirem inicia de novo a canção. Elvira reconhece a sua voz e aparece. Arthur conta então aquilo que se passou naquele dia em que teve de fugir, e explica que a mulher que fugiu com ele era a rainha ameaçada de morte. Elvira perdoa-lhe. Soa então um tambor. Elvira assusta-se e perde de novo a razão. Arthur tenta acalmá-la mas ela grita. Alertados pelos gritos de Elvira chegam Sir George e Richard Forth que prendem Arthur. Os militares reclamam a sua morte. O pavor devolve de novo a razão a Elvira que diz que, se Arthur morrer, morrerá também. Ouve-se uma trompa. É um mensageiro de Cromwell que anuncia a derrota definitiva dos Cavaleiros dizendo que foi proclamada uma amnistia para os antigos inimigos. Arthur é salvo, e a ópera termina com os festejos que celebram a recuperação da saúde de Elvira.
RDP – Transmissões em "Noite de Ópera" desde 1996
1996 – 22 de Agosto
1997 – 31 de Julho
2001 – 15 de Fevereiro
Enredo resumido da autoria de Margarida Lisboa.