Temporada Concertos Antena 2
4 Maio | 19h00
4 Maio | 19h00
Carlos Azevedo Ensemble | Lenda
Dina Hernandez, flauta
Tomás Marques e Álvaro Correia Pinto, sax alto
Pedro Moreira, sax tenor
Luís Cunha e João Moreira, trompete
Rui Ferreira, trombone
Tomás Marques e Álvaro Correia Pinto, sax alto
Pedro Moreira, sax tenor
Luís Cunha e João Moreira, trompete
Rui Ferreira, trombone
Carlos Azevedo, piano
Nelson Cascais, contrabaixo
Diogo Alexandre, bateria
Nelson Cascais, contrabaixo
Diogo Alexandre, bateria
Lenda
Lenda é uma suite dividida em três secções separadas por interlúdios improvisados e de carácter solístico. Cada secção é respetivamente dedicada a um solista: Saxofone Alto, Trompete, e Saxofone Tenor.
Os interlúdios improvisados não são de execução obrigatória nem instrumentação fixa.
Esta Suite é dedicada à cidade do Porto e é uma história, contada musicalmente, de três personagens fictícios. Estes personagens, cada um com a sua “história”, encontram-se no fim. Este aspeto é representado musicalmente no final da peça com um “solo coletivo” dos instrumentistas protagonistas de cada uma das secções principais.
Esta peça foi uma encomenda do 9º Festival de Jazz do Porto.
Os interlúdios improvisados não são de execução obrigatória nem instrumentação fixa.
Esta Suite é dedicada à cidade do Porto e é uma história, contada musicalmente, de três personagens fictícios. Estes personagens, cada um com a sua “história”, encontram-se no fim. Este aspeto é representado musicalmente no final da peça com um “solo coletivo” dos instrumentistas protagonistas de cada uma das secções principais.
Esta peça foi uma encomenda do 9º Festival de Jazz do Porto.
Transmissão direta
Apresentação: João Almeida
Produção: Anabela Luís, Cristina do Carmo
Apresentação: João Almeida
Produção: Anabela Luís, Cristina do Carmo
Lenda – Carlos Azevedo
Texto de Fernando C. LapaEncomendada pelo IX Festival de Jazz do Porto e estreada no Teatro Rivoli a 30 de Outubro de 1999, Lenda é uma obra de fundo. Compreende três partes distintas, desenhando no seu todo um movimento progressivo, de trás para diante, num largo gesto que se vai intensificando e adensando à medida que se aproxima do final. Cada parte está elaborada a partir de diferentes materiais, terminando naturalmente com a reexposiçao do tema apresentado do início de cada uma.
Escrita para uma formação alargada, onde pontificam as cores mais correntes no mundo do jazz – saxofones, metais, piano contrabaixo e bateria – inclui também uma flauta, à qual atribui um papel especial. Efectivamente, para além da sua escrita peculiar, ela se assume como uma feliz solução para a abertura das sonoridades do todo, até aos registos mais agudos. Sintomaticamente é a flauta que apresenta pela primeira vez o grande tema da primeira parte, poucos compassos depois do início.
Às largas proporções da peça (mais de 30 minutos) corresponde um desenho amplo e um discurso orientado, tirando partido dos imensos recursos que uma semelhante formação sugere. O constante balanço entre solo e tutti, bem como as inúmeras combinações instrumentais – com cada parte desempenhando sucessivamente diversos e distintos papéis, ora se afirmando num breve gesto, ora se diluindo no todo orquestral – marcam de forma sugestiva o desenrolar dos acontecimentos. Como em qualquer obra de maiores proporções, tanto há espaços de criação de um ambiente, como momentos de singela enunciação de um tema, de vigorosa afirmação orquestral, ou de progressiva diluição num final. O desenvolvimento dos temas faz-se mais propriamente nos diversos solos, estrategicamente colocados, com transições particularmente felizes para as diversas entradas do conjunto.
No centro de tudo, encontramos, ainda e sempre, a melodia. Nada melhor do que ouvir a primeira intervenção da flauta para perceber como se desenha um tema e se desenrola uma linha. Após a serena e sugestiva abertura da peça, que em breves traços instala o ambiente e justifica o título, ouvimos nascer, da última nota da trompete, uma nova voz. A flauta, apoiada de perto pelo piano, assume o comando das operações. Começa, discreta, por uma nota longa, em ligeiro crescendo para um movimento descendente, até a um novo ponto de apoio. Este é o elemento primordial, simples, mas eficaz. Orgânico e expressivo. A partir daqui, com mais ou menos variantes, assistimos à multiplicação desse elemento, em progressivo movimento para o agudo, passo a passo ganhando altura e densidade. Em três compassos apenas, se desfaz o encanto, com uma descida a pulso até ao ponto de repouso, num movimento de impressivo desenho global.
A escrita é ágil e desenvolta, sem receio dos extremos, exigindo a cada instrumentista tanta flexibilidade e independência, quanto rigor e justeza rítmica. A variedade das texturas – com destaque para as secções de incisivos acordes sincopados, ou para a circulação de inúmeros desenhos melódicos, em divagações contrapontísticas – constitui um elemento decisivo para a construção dos diversos ambientes. O jogo harmónico alterna zonas de grande densidade e mobilidade, com momentos de estabilidade e repouso, movidos pela insistente repetição de diversos padrões, ou fixados em estabilizadoras notas “pedais”. Por outro lado, a variedade de métricas e ritmos, com destaque para as diversas “propostas” do contrabaixo, contribui decisivamente para a definição do carácter de cada movimento.
Escrita para uma formação alargada, onde pontificam as cores mais correntes no mundo do jazz – saxofones, metais, piano contrabaixo e bateria – inclui também uma flauta, à qual atribui um papel especial. Efectivamente, para além da sua escrita peculiar, ela se assume como uma feliz solução para a abertura das sonoridades do todo, até aos registos mais agudos. Sintomaticamente é a flauta que apresenta pela primeira vez o grande tema da primeira parte, poucos compassos depois do início.
Às largas proporções da peça (mais de 30 minutos) corresponde um desenho amplo e um discurso orientado, tirando partido dos imensos recursos que uma semelhante formação sugere. O constante balanço entre solo e tutti, bem como as inúmeras combinações instrumentais – com cada parte desempenhando sucessivamente diversos e distintos papéis, ora se afirmando num breve gesto, ora se diluindo no todo orquestral – marcam de forma sugestiva o desenrolar dos acontecimentos. Como em qualquer obra de maiores proporções, tanto há espaços de criação de um ambiente, como momentos de singela enunciação de um tema, de vigorosa afirmação orquestral, ou de progressiva diluição num final. O desenvolvimento dos temas faz-se mais propriamente nos diversos solos, estrategicamente colocados, com transições particularmente felizes para as diversas entradas do conjunto.
No centro de tudo, encontramos, ainda e sempre, a melodia. Nada melhor do que ouvir a primeira intervenção da flauta para perceber como se desenha um tema e se desenrola uma linha. Após a serena e sugestiva abertura da peça, que em breves traços instala o ambiente e justifica o título, ouvimos nascer, da última nota da trompete, uma nova voz. A flauta, apoiada de perto pelo piano, assume o comando das operações. Começa, discreta, por uma nota longa, em ligeiro crescendo para um movimento descendente, até a um novo ponto de apoio. Este é o elemento primordial, simples, mas eficaz. Orgânico e expressivo. A partir daqui, com mais ou menos variantes, assistimos à multiplicação desse elemento, em progressivo movimento para o agudo, passo a passo ganhando altura e densidade. Em três compassos apenas, se desfaz o encanto, com uma descida a pulso até ao ponto de repouso, num movimento de impressivo desenho global.
A escrita é ágil e desenvolta, sem receio dos extremos, exigindo a cada instrumentista tanta flexibilidade e independência, quanto rigor e justeza rítmica. A variedade das texturas – com destaque para as secções de incisivos acordes sincopados, ou para a circulação de inúmeros desenhos melódicos, em divagações contrapontísticas – constitui um elemento decisivo para a construção dos diversos ambientes. O jogo harmónico alterna zonas de grande densidade e mobilidade, com momentos de estabilidade e repouso, movidos pela insistente repetição de diversos padrões, ou fixados em estabilizadoras notas “pedais”. Por outro lado, a variedade de métricas e ritmos, com destaque para as diversas “propostas” do contrabaixo, contribui decisivamente para a definição do carácter de cada movimento.
Carlos Azevedo | Nasceu em Vila Real, em 1964 estudou composição na Escola Superior de Música do Instituto Politécnico do Porto. Posteriormente estudou com George Nicholson na Universidade de Sheffield, onde obteve o mestrado em composição.
A sua lista de obras inclui desde música de câmara, peças orquestrais e para instrumentos a solo.
Dirigiu e tocou piano na Orquestra Jazz de Matosinhos, onde desenvolveu uma grande colaboração como compositor e arranjador.
Como pianista de Jazz tem participado em vários festivais de Jazz.
Atualmente é professor de composição na ESMAE.
Fotos Jorge Carmona / Antena 2