27 Junho 19h00
Auditório do
Museu Nacional de Arte Antiga
Homenagem a Guilhermina Suggia
no aniversário do nascimento
Pedro Massarrão & António Areal
Pedro Massarrão, violoncelo
António Areal, piano
Realização e Apresentação: João Almeida
Produção: Anabela Luís
A vida de uma das maiores violoncelistas de sempre
O pai, Augusto Suggia, era violoncelista, e aos 5 anos Guilhermina pediu-lhe que a ensinasse a tocar. Aos 7 anos Guilhermina deu o seu primeiro recital na Assembleia de Matosinhos. Foi um êxito, mas a garota queria ir mais além e não parou de estudar.
Aos 12 anos recebeu um convite para integrar o Quarteto Moreira de Sá e aos 13 anos era chefe do naipe de violoncelos da Orquestra do Orpheon Portuense. Os êxitos e as críticas elogiosas prosseguiram.
Em 1898, durante o verão, Pablo Casals veio a Portugal com um grupo de música de câmara para abrilhantar as noites do Casino de Espinho. Num dos dias tocava a solo. Augusto Suggia foi com a filha escutar o catalão que, apesar dos seus 22 anos, era já considerado um dos melhores violoncelistas do mundo. No final, foram falar com Casals. Augusto contou-lhe que a filha estudava violoncelo e tinha raras capacidades.
Aos 15 anos Guilhermina Suggia tocou para a Família Real no Palácio das Necessidades. Foi um êxito tal que a Rainha D. Amélia, no final, tecendo rasgados elogios, foi dar os parabéns à jovem artista e perguntou-lhe o que mais ambicionava, tendo ela respondido que gostaria de estudar no estrangeiro. A Rainha prometeu envidar esforços na obtenção de uma bolsa de estudo numa escola europeia de primeira grandeza. Foi escolhido o prestigiado Conservatório de Leipzig na Alemanha, onde lecionava aquele que era considerado, na altura, o melhor professor de violoncelo: Julius Klengel.
O professor, ao ouvir Guilhermina, ficou de tal maneira deslumbrado que lhe propôs aulas particulares, uma vez que estava muito avançada e o Conservatório seria para ela uma perda de tempo. Passado um ano, Klengel disse que nada mais tinha para lhe ensinar e pediu a Arthur Nikisch, o maestro da Gewandhaus e da Filarmónica de Berlim, que escutasse a sua aluna. Nikisch ouviu Suggia e, siderado, convidou-a para tocar como solista com a orquestra. Klengel organizou um concerto com a aluna, tocando o Concertino Op. 72, para 2 violoncelos, de Romberg, mas entregando a parte de primeiro solista a Suggia, ficando ele com o papel secundário. Klengel justificou: “ela há-de ir tão longe que nunca ninguém a alcançará”.
Em 1902 Suggia, com 17 anos, foi a primeira mulher solista a tocar na Gewandhaus. No final os aplausos e os gritos de “bis” foram de tal modo intensos que, contrariando as rígidas normas estabelecidas, Nikisch deu ordens para que o concerto fosse repetido na íntegra.
A partir daí, as portas dos grandes centros musicais europeus abriram-se de par em par. Guilhermina não mais parou de ser chamada a tocar, sempre com críticas que a classificavam como excecional.
Entre 1906 e 1913 viveu uma intensa relação afetiva e artística com Pablo Casals em Paris. Ambos foram considerados os maiores violoncelistas da época.
Em finais de 1913 a relação terminou e Suggia partiu para Londres onde foi repetidamente aclamada, enchendo salas e recolhendo aplausos sem fim.
No dia 1 de Novembro de 1924, Virginia Woolf escreveu no seu diário: “Como sempre, estou cheia de trabalho, estafada. O que me vale é pensar que na 3ª feira vou ouvir Suggia”.
Em meados dos anos 20 Guilhermina regressou ao Porto, sua cidade natal.
Em 1927 casou com o médico José Carteado Mena, tendo ficado a residir na Rua da Alegria e prosseguindo a carreira internacional, sem mácula, até à sua morte, em 30 de Julho de 1950.
Guilhermina Suggia, violoncelista, foi um génio ímpar que dedicou toda a sua vida à música com uma entrega e paixão sem limites.
Pedro Massarrão
Começou a estudar violoncelo aos 5 anos, e em 2016 completou os seus primeiros estudos na Escola de Música do Conservatório Nacional com a mais alta classificação. Em 2019 conclui os estudos na Escola Superior de Música de Lisboa. Foi aceite na Codarts Rotterdam – Hogeschool voor de Kunsten onde irá prosseguir os seus estudos no instrumento tendo em vista a obtenção do grau de Mestre. Em 2017 integrou o agrupamento laureado do Prémio Jovens Músicos, na variante ‘Música de Câmara’ organizado pela Antena 2. Em 2018 obteve o 3° prémio no concurso para violoncelo organizado pela Fundación CelloLeón em Espanha.
Entre 2015 e 2018, como membro da Jovem Orquestra Portuguesa e da Orquestra Sinfónica Portuguesa, e ainda com o Trio Adamastor, do qual é membro efetivo, realizou inúmeros concertos integrados em temporadas de música, em locais como Casa da Música (Porto),
Fundação Calouste Gulbenkian (Lisboa), Konzerthaus (Berlim), Kongresspalais (Kassel) ou integrando diversos festivais como sejam o Festival Internacional de Música da Costa do Estoril, o Festival Internacional de Música da Póvoa do Varzim ou o Festival Arte nas Adegas. Na área da música antiga e interpretação historicamente informada, atua regularmente com os grupos Avres Serva, dirigido por Nuno Oliveira, e Os Músicos do Tejo, dirigido por Marcos Magalhães. Com este grupo participou na gravação do álbum ‘Fado Barroco’. Toca num violoncelo original do século XVIII de autor anónimo.
António Areal
Foi vencedor do 1º Prémio na Categoria Jovem no Concurso Internacional de Piano do Sardoal (2017) e do 2º Prémio no Concurso JOVEM.COM na categoria de Música de Câmara (2017).
Atualmente frequenta o curso de piano na ESMAE.
Em Agosto participará no curso de verão do Mozarteum, Salzburg, enquanto bolseiro da Academia Delle Vigne.