17 Junho 19h00
Auditório do Liceu Camões
Transmissão em direto
Realização e Apresentação: André Cunha Leal
Produção: Anabela Luís
O Trio com Piano – que junta ao piano, o violino e o violoncelo – foi muito popular em finais do século XVIII e no século que se seguiu. A textura instrumental deste agrupamento disponibilizava aos compositores recursos que se ajustavam com igual eficiência a propósitos tão distintos como saraus musicais protagonizados por músicos amadores, momentos de exibição privada de instrumentistas virtuosos ou a divulgação de obras orquestrais por intermédio de transcrições reduzidas. O mercado editorial cedo se apercebeu destas potencialidades e incentivou a produção de partituras neste formato.
Tal como aconteceu com o Quarteto de Cordas, Joseph Haydn foi pioneiro do género, tendo concluído várias dezenas de trios que se aparentavam, de início, a sonatas para piano, mas com dois instrumentos melódicos acrescidos. Já em plena maturidade, e gozando de assinalável reconhecimento público, escreveu os últimos trios entre 1794 e 1797. Estes conhecem-se como «
Trios de Londres», em virtude de terem sido compostos durante a segunda permanência do compositor naquela cidade, já depois de se aposentar da corte dos Esterházys. O Trio em Dó Maior, em particular, é dedicado a uma pianista da alta sociedade londrina,
Theresa Bartolozzi.
Pela mesma altura, o jovem Beethoven ainda construía a reputação na cidade de Viena. Tomava como modelo os anteriores trios de Haydn, mas imprimia-lhes uma individualidade que lhe permitiam, sobretudo, notabilizar-se enquanto intérprete. No Trio N.º 3 do primeiro Opus, apostou uma disposição dramática que terá decerto provocado estranheza nos meios ilustres – e conservadores – da capital austríaca, por se revelar porventura excessiva. Com quatro andamentos, na vez dos três que eram usais, o último, em particular, revela uma intensidade expressiva que o distinguia do velho mestre.