Nos 25 anos do maior festival de literatura do país, a Antena 2, com a presença e o microfone de Luís Caetano, acompanhou mais uma vez, este grande Encontro, e traz aos ouvintes, nos programas A Ronda da Noite e A Força das Coisas, as gravações de algumas das Mesas, de encontros com autores e entrevistas com os escritores.
Correntes d’Escritas 2024
17 a 24 e 26 Fevereiro
Póvoa de Varzim | Lisboa
Na edição comemorativa dos 25 anos deste Festival literário, que coincide e celebra os 50 anos do 25 de Abril, os mesmos da elevação da Póvoa de Varzim a cidade, a programação está centrada na liberdade e na escrita enquanto veículo de resistência e luta.
25 anos passaram desde que no centenário da morte de Eça de Queirós, em 2000, a Póvoa de Varzim o assinalou, com o início de um encontro anual de escritores de expressão ibérica que abrisse o diálogo entre autores das várias geografias das línguas portuguesa e castelhana.
Nesta edição de 2024, o festival recebe mais de 120 figuras literárias, dos quais dois Prémios Camões, Hélia Correia (2015) e Germano Almeida (2018), entre muitos outros premiados, contando com autores, tradutores, ilustradores, editores, artistas visuais e pensadores, de 16 nacionalidades, dos quais 31 se juntam ao evento pela primeira vez.
Este Encontro de Escritores de Expressão Ibérica teve a sua inauguração com uma Conferência proferida no Cine-Teatro Garrett pelo convidado especial José Gil, professor universitário, filósofo e ensaísta português, e dedicada ao tema “Literatura e Filosofia”.
Na sessão de abertura foi também anunciado o grande vencedor do Prémio Literário Casino da Póvoa deste ano, entregue ao livro Temporada de Furacões da escritora mexicana Fernanda Melchor.
Nestes dias de festival, decorreu uma enorme variedade de ações culturais e literárias, entre as quais a exposição de arte comunitária do projeto Memórias da Ruralidade, de Elisa Ochoa, lançamentos de livros e sessões de Conversas Correntes, para além das Mesas que reúnem, sob um lema, vários convidados.
Ver/descarregar o programa das Correntes d’Escritas 2024.
Programas
As conversas de Luís Caetano com escritores, as gravações de algumas das 12 Mesas e de encontros com autores.
26 fevereiro | Hélia Correia
em A Ronda da Noite
A escritora Hélia Correia que também participou na Mesa 11, conversa com Luís Caetano, a propósito do seu mais recente livro de contos Certas Raízes, numa edição da Relógio D’Água.
27 fevereiro | Pilar Adón
em A Ronda da Noite
A escritora espanhola Pilar Adón, conversa com Luís Caetano, a propósito da edição De Bestas e Aves, agora publicado pela Dom Quixote. Foi convidada pelas Correntes d’Escritas para apresentar este seu livro, galardoado em Espanha com o Prémio Nacional de Ficção, o Prémio da Crítica, o Prémio Francisco Umbral/ /Melhor Livro do Ano e o Prémio Cálamo, e também para participar nas mesas 9 e 12, esta última no Instituto Cervantes em Lisboa.
29 fevereiro | Hélder Macedo
em A Ronda da Noite
O escritor Hélder Macedo é o convidado de Luís Caetano para mais uma conversa na Póvoa, a propósito de Pretextos, crónicas reunidas em livro, agora publicado pela Caminho, e muito em breve uma nova edição, pela Presença, do seu romance Pedro e Paula.
Para além deste dois livros, a conversa flui sobre o mundo literário e o mundo da edição, sobre a época atual que considera a mais perigosa do último meio século, com os conflitos bélicos, a ascensão de políticos messiânicos, e o horror diário que ocorre na Faixa de Gaza.
2 março | Antônio Torres
em A Força das Coisas
O escritor brasileiro Antônio Torres conversou com Luís Caetano a propósito do seu romance Os Homens dos Pés Redondos, com edição portuguesa pela Teodolito, apresentado nas Correntes.
Lançado pela primeira vez em 1973 no Brasil, escrito enquanto jovem autor, este livro deu brado e saltou para o topo das listas de vendas. A narrativa situa-se num país fictício, batizado como Ibéria, de passado glorioso e de futuro duvidoso, mas a semelhança com Portugal dos anos 60 em ditadura, não é mera coincidência. Antônio Torres, galardoado com o Prémio Machado de Assis da Academia Brasileira de Letras pelo conjunto da sua obra, leva para este romance a memória dos tempos em que viveu em Portugal.
4 março | Lídia Jorge, João de Melo, Filipa Leal e Dany Wambire
em A Ronda da Noite
As intervenções em várias mesas das Correntes, editadas por Luís Caetano para este programa, dos escritores portugueses Lídia Jorge, João de Melo, Filipa Leal e do moçambicano Dany Wambire.
Lídia Jorge na Mesa 1 sob o mote Foge-nos o tempo já de decidir, de um poema de José Augusto Seabra, reflete sobre os complexos tempos atuais e os valores do pensamento e da verdade.
João de Melo na Mesa 3, Ontem apenas fomos a voz sufocada, um verso de Ermelinda Duarte, da conhecida canção Uma gaivota voava, fala sobre o caminho da liberdade percorrido pelo nosso país e os horizontes da escrita.
Filipa Leal na Mesa 5, Há sempre qualquer coisa que está pra acontecer, um verso de Inquietação de José Mário Branco, discorre sobre o seu Ser poeta e as guerras e suas vítimas nos dias de hoje
Dany Wambire na Mesa 4, Há que fazer-nos ao mar ou ficaremos cercados, da canção Erguem-se muros, da autoria de António Ferreira Guedes, com música de Adriano Correia de Oliveira, navega por mares e medos e os espaços a construir para guardar os medos que não são nossos mas nos são impingidos por outros.
5 março | Juan Vicente Piqueras
em A Ronda da Noite
O poeta espanhol Juan Vicente Piqueras é o convidado de Luís Caetano para mais uma conversa na Póvoa, ele que participou na mesa 3 – Ontem apenas fomos a voz sufocada das Correntes, onde também lançou o recém-publicado pela Assírio e Alvim livro de poemas.
O antigo diretor de Estudos no Instituto Cervantes em Lisboa, publica depois de cinco anos deInstruções para Atravessar o Deserto, o volume poético O Quarto Vazio, com tradução de Manuel Alberto Valente.
Mas o que é que há num quarto vazio?
11 março | Maria do Rosário Pedreira e Gonçalo M. Tavares
em A Ronda da Noite
Duas intervenções em duas mesas das Correntes, editadas por Luís Caetano para este programa, dos escritores portugueses Maria do Rosário Pedreira e Gonçalo M. Tavares.
Na mesa 8 – Não há machado que corte a raiz ao pensamento, do poema de Carlos de Oliveira, cantado por Manuel Freire, Maria do Rosário Pedreira relembra o país há 50 anos, antes do 25 de Abril, e alerta para a fala do politicamente correto e dos absurdos da sociedade contemporânea.
Gonçalo M. Tavares que integrou a mesa 6 – Minha pátria à flor das águas, para onde vais?, verso do poema Trova do vento que passa de Manuel Alegre, cantado por Adriano Correia de Oliveira, faz a sua intervenção a partir de duas imagens de meados do século XX, refletindo sobre a evolução do país, dos tempos salazaristas aos dias de hoje, da pobreza à qualidade da Democracia, sublinhando a importância de certos atributos humanos.
19 março | Rui Zink, Pedro Abrunhosa e Sérgio Godinho
em A Ronda da Noite
Três intervenções em duas mesas das Correntes, editadas por Luís Caetano para este programa, de Rui Zink, Pedro Abrunhosa e Sérgio Godinho.
Rui Zink participou na mesa 9 – Deu-nos Abril o gesto e a palavra, do poema Mulheres do meu País, de Maria Teresa Horta, e depois de ler Camões, trouxe memórias familiares da luta antifascista e da sua vivência do 25 de Abril de 1974, e fez uma reflexão sobre o que nos une e nos separa em Democracia.
A mesa 8 – Não há machado que corte a raíz ao pensamento, poema de Carlos de Oliveira cantado por Manuel Freire, reuniu autores unidos pela música. O músico Pedro Abrunhosa que falou de tecnofeudalismo, uma nova forma de capitalismo que está surgindo na era digital e que vai definindo cada vez mais o mundo atual, defendeu que a arte tem de intervir e de lutar. O cantautor Sérgio Godinho que trauteou músicas da Revolução nesta intervenção, partilha histórias de criação de canções e poemas.
21 março | Victor Rodriguez Nuñez
em A Ronda da Noite
O poeta cubano Victor Rodriguez Nuñez é o convidado de Luís Caetano para mais uma conversa na Póvoa, onde lançou o seu livro de poemas, Matéria Sublevada.
Nascido em Havana, Nuñez vive há muito no Ohio, nos Estados Unidos, onde é professor de espanhol no Kenyon College. Além de poeta, é jornalista, crítico literário e tradutor.
Um herdeiro da revolução com uma obra poética de grande reconhecimento, em permanente reinvenção, chega agora às livrarias portuguesas pela Exclamação, com este livro que reúne de décadas de poesia (de 1979 a 2018).
25 março | Onésimo Teotónio Almeida, Gioconda Belli e Bruno Vieira Amaral
em A Ronda da Noite
Três intervenções em três mesas das Correntes, editadas por Luís Caetano para esta emissão, dos escritores Onésimo Teotónio Almeida, da nicaraguense Gioconda Belli e de Bruno Vieira Amaral.
A intervenção final na Póvoa, de Onésimo Teotónio Almeida, na mesa 11 – E um verso em branco à espera do futuro, verso de O teu poema cantado por Carlos do Carmo, com música e letra de José Luís Tinoco. O olhar astuto e crítico do escritor sobre a realidade norte-americana, onde grassa a falta de informação, a ignorância e o ódio, e o corroer da democracia pelos extremismos.
A poeta e romancista nicaraguense Gioconda Belli que participou na mesa 1 – Foge-nos o tempo já de decidir, de um poema de José Augusto Seabra, diz-nos a sua poesia e da sua circunstância, de exilada política a premiada do Reina Sofía de Poesia.
Bruno Vieira Amaral, participante da mesa 5 – Há sempre qualquer coisa que está pra acontecer, um verso de Inquietação de José Mário Branco, fala sobre a ‘dura poesia de alguns lugares’, como o Brasil, sobre os equívocos na interpretação dos sinais do futuro, sobre luvas e mais outras quantas reflexões.
28 março | Paulo Pinto e a editora Mnemónica
em A Ronda da Noite
Apresentada nas Correntes, a editora discográfica Mnemónica é um valioso projeto do seu fundador, Paulo Pinto.
Uma editora que reúne poesia na voz de quem a escreve, poesia dita pelos poetas gravada em vinil, um formato mais antigo mas que nos últimos tempos tem ressurgido.
Além da conversa de Luís Caetano com Paulo Pinto, pode-se escutar a voz de Jaime Cortesão e de Saint-Exupery, e também excertos dos dois discos já editados, um com Arnaldo Trindade, o segundo de um documentário sonoro por Sofia Saldanha.
1 abril | José Eduardo Agualusa, Madalena Sá Fernandes e Helder Macedo
em A Ronda da Noite
Três intervenções em três mesas das Correntes, editadas por Luís Caetano para esta emissão, dos escritores José Eduardo Agualusa, Madalena Sá Fernandes e Helder Macedo.
A intervenção na Póvoa de José Eduardo Agualusa, na mesa 11 – E um verso em branco à espera do futuro, verso de O teu poema cantado por Carlos do Carmo, com música e letra de José Luís Tinoco, faz-se do 25 de Abril em África aos combates pela liberdade até aos dias de hoje, e que passam pelos livros
Madalena Sá Fernandes na Mesa 4, Há que fazer-nos ao mar ou ficaremos cercados, da canção Erguem-se muros, da autoria de António Ferreira Guedes, com música de Adriano Correia de Oliveira, publicou no ano passado o romance Leme, e navega pela literatura.
Helder Macedo que participou na Mesa 1 sob o mote Foge-nos o tempo já de decidir, de um poema de José Augusto Seabra, fala sobre o Tempo, o tempo de vida entre a não-existência e a morte, refletindo sobre o tempo desde o 25 de Abril aos dias de hoje, e sobre o mundo dos livros e da literatura.
16 abril | Germano Almeida, Hélia Correia e José Paulo Cavalcanti
em A Ronda da Noite
Três intervenções na última mesa das Correntes, editadas por Luís Caetano: dois escritores prémio Camões, o cabo-verdiano Germano Almeida e Hélia Correia, e ainda o brasileiro José Paulo Cavalcanti.
Germano Almeida, na mesa 11 – E um verso em branco à espera do futuro, verso de O teu poema cantado por Carlos do Carmo, com música e letra de José Luís Tinoco, traz a experiência de ilha enquanto espaço de liberdade e contrariando estereótipos, da sua vivência do 25 de Abril de 1974 em Lisboa, e de como a Revolução chegou a Cabo Verde.
Na mesma mesa, Hélia Correia interrogou-se sobre a questão do júbilo nestas celebrações dos 50 anos e faz reflexões acerca da nossa Democracia. E o jurista e ministro brasileiro José Paulo Cavalcanti, autor de uma biografia sobre Fernando Pessoa, traz o poeta português para o centro da sua intervenção.