Jornalista, escritor, advogado, homem das letras e de ideias, José Carlos de Vasconcelos é, no dia do seu 84º aniversário, o convidado de Luís Caetano no arranque da 12ª temporada de A Ronda da Noite. Uma conversa, em duas partes, sobre o percurso de vida e ação cívica desta personalidade fulcral do jornalismo cultural das últimas décadas.
1ª parte
2ª parte
José Carlos de Vasconcelos nasceu em Freamunde, no concelho de Paços de Ferreira, em 10 de Setembro de 1940. Fez os estudos liceais na Póvoa de Varzim, vindo a licenciar-se em Direito pela Universidade de Coimbra. Ainda no liceu, começou a colaborar em jornais locais e a desenvolver atividade associativa. Na Faculdade, foi colega de uma geração de estudantes dessa universidade onde constam Manuel Alegre, Fernando Assis Pacheco ou José Augusto da Silva Marques. Foi destacado dirigente da Associação Académica de Coimbra, pertenceu ao Secretariado Nacional dos Estudantes Portugueses (ilegal), e chefe de redação do semanário Via Latina, órgão oficial da AAC com uma projeção significativa no período da luta dos estudantes contra a ditadura, em 1961-62. Foi também presidente e fundador do Círculo de Estudos Literários, dirigente e actor no Teatro dos Estudantes da Universidade de Coimbra. Foi também colaborador da revista Vértic e pertenceu à direção do Cine-Clube.
Advogado, chegou a ser encarregue da defesa de António Areal, José Rodrigues, João Perry, António Barahona da Fonseca e Eunice Muñoz quando estes foram alvo de um processo por alegado consumo de drogas, na década de 1970, profissionalizou-se ao mesmo tempo como jornalista, após entrar, em 1966, no Diário de Lisboa.
Suspendeu o jornalismo profissional em 1971, devido à perseguição da censura prévia, e passou a exercer apenas a advocacia, mantendo colaborações em diversos jornais e revistas e com o Sindicato, de que foi árbitro na negociação do último Contrato Colectivo de Trabalho.
Depois do 25 de abril de 1974 foi diretor-adjunto do Diário de Notícias e foi um dos fundadores da Projornal e do semanário O Jornal, que durante alguns anos foi o de maior expansão, semanário que dirigiu entre 1977 e 1985, ano em que deixou este cargo para ser candidato a deputado à Assembleia da República, eleito pelo extinto Partido Renovador Democrático, de que foi um dos fundadores, e colaborou ainda com o República.
É director do JL – Jornal de Letras, Artes e Ideias, e coordenador editorial da revista Visão; presidente do Conselho Geral do Sindicato dos Jornalistas e da assembleia geral do Clube de Jornalistas; membro do Conselho Geral da Fundação Calouste Gulbenkian e do Conselho de Opinião da RTP.
José Carlos de Vasconcelos pertenceu também à Comissão de Honra das Comemorações dos 500 Anos do Descobrimento do Brasil.
Das suas obras, fazem parte livros de poesia, um sobre liberdade de imprensa e títulos infantojuvenis, como Corpo de Esperança (1964), Liberdade de Imprensa (1972), Poemas para a Revolução (1975), De Águia a Zebra (1978), O Mar A Mar A Póvoa (2001), Repórter do Coração (2004), Arco, Barco, Berço, Verso (2005), Caçador de Pirilampos (2007), A Gaivota e o Passaroco (2011), O Sol das Palavras (2012) e O Mar A Mar A Póvoa II (2013).
Foi agraciado pelo Estado português com o Grau de Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique (9 de junho de 2000), o Grau de Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique (10 de setembro de 2022) e recentemente com a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade (11 de julho de 2024). Em 2017 recebeu o Prémio Vasco Graça Moura de Cidadania Cultural.
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