Esta semana, Banda Sonora de Mafalda Serrano transporta-nos para um dos filmes norte-americanos mais marcantes da década de 50, associando o programa à efeméride que assinala os 35 anos da morte de Leonard Bernstein.

Um jovem estivador, Terry Malloy (Marlon Brando) assiste ao assassinato de um colega que denunciara as teias de corrupção dos sindicatos no porto nova-iorquino. Há Lodo no Cais (On the Waterfront, 1954) situa-nos numa América dividida entre a culpa e o desejo de justiça social,  a luta pela liberdade de expressão e a possibilidade de redenção, a coragem.

Com realização de Elia Kazan, Há Lodo no Cais, filme de 1954, é protagonizado por Marlon Brando, par que tinha brilhado três anos antes em Um Elétrico Chamado Desejo.

Inspirado por uma série de artigos do jornalista Malcolm Johnson publicados no New York Sun (e que foram galardoados com um Pulitzer), e que descreviam a corrupção e a infiltração do crime organizado em Nova York, Há Lodo no Cais, apesar de polémico, foi aclamado pela crítica e venceu oito Óscares, das 12 nomeações, incluindo Melhor Filme, Melhor Realização e Melhor Ator pela interpretação de Marlon Brando. Este foi aliás um dos maiores papéis da carreira de Marlon Brando, pois apesar de já premiado, venceu com este filme o seu primeiro Óscar e primeiro Globo de Ouro.

Eternizado junto do público televisivo pelos célebres Young People’s Concerts entre 1954 e 1989, Leonard Bernstein compôs para o filme de Elia Kazan a sua única partitura cinematográfica integral. Juntando a dimensão orquestral e a sensibilidade urbana à consciência política e social, o maestro, compositor e pianista americano concebe esta banda sonora como verdadeira extensão emocional da narrativa num cais onde se espelham os grandes conflitos ideológicos e éticos da década de 1950 na América e no mundo.