Neste mês de homenagem a Pier Paolo Pasolini, pela redescoberta da sua obra como realizador, poeta, escritor, dramaturgo, crítico de arte e pintor, Banda Sonora de Mafalda Serrano traz, esta semana, um dos poucos filmes que contou com a sua participação como ator.
23 novembro | 16h00 || 24 novembro | 13h00 (repetição)
Requiescant (1967)
Realização: Carlo Lizzani
Música original: Riz Ortolani
O programa Banda Sonora propõe esta semana a escuta de Requiescant (1967), abrindo o quadrante da rádio a um dos westerns spaghetti mais singulares do cinema italiano, dirigido por Carlo Lizzani com música original do compositor e instrumentista Riz Ortolani.
No centro do filme encontra-se a presença inesquecível e rara de Pier Paolo Pasolini como Padre Juan, cuja voz e corpo inscrevem na audição a crítica ética e política que marcou a sua obra. A história segue o jovem Requiescant – apresentado por Lou Castel -, único sobrevivente de um massacre, guiado por um sentido de justiça que cresce à medida que enfrenta Ferguson, o aristocrata tirânico que governa através da violência. Ferguson resume o seu mundo numa promessa envenenada ao submisso Dean Light (Mark Damon): “Um dia tudo isto será teu.” Já Pier Paolo Pasolini nos lembrará, na pele de Padre Juan, ser o pior da guerra, “não a morte dos homens, mas sobretudo o aniquilar de toda a esperança“.
Barbara Frey (Princy) encarna a vulnerabilidade transformada em resistência de género, sublinhando a crítica social do filme. Requiescant e Juan são as duas figuras missionárias, – o primeiro pela inocência, o segundo pela lucidez — unidos contra o poder que molda corpos e destinos.
Passado meio século depois da morte de Pier Paolo Pasolini, a sua presença icónica lembra que a justiça continua a nascer de quem ousa ultrapassar o medo, escolhendo o combate pacífico e a ética de escutar o mundo com lucidez
Mafalda Serrano