O Museu do Aljube leva à cena uma adaptação ao teatro da novela de Luís Sttau Monteiro “E se for rapariga, chama-se Custódia”. A adaptação e encenação é da autoria de Jorge Castro Guedes.
Sob a Custódia do Amor
18 a 21 Outubro
Auditório do Museu do Aljube, Lisboa
Versão Teatral do Texto
e Encenação de Jorge Castro Guedes
e Encenação de Jorge Castro Guedes
Intérpretes:
Fábio Vaz
Paulo Lages
A partir da novela E se for rapariga, chama-se Custódia (1966), de Luís de Sttau Monteiro.
Sinopse da novela:
Que circunstância levam dois homens a revelarem o que de mais íntimo têm em si, que circunstâncias determinam que dois homens procurem ultrapassar os seus medos, procurarem libertar-se da solidão que os oprime…?
Neste texto o que mais surpreende é o lado doce que rompe e transborda as grades de uma prisão, mesmo quando elas nos apertam os sentidos e o coração. A ideia de um diálogo (em novela) com que o sarcástico Sttau Monteiro nos brinda nesta pequena jóia literária de ternuras, poder passar a um breve momento teatral era-me antiquíssima. Tive a buena dicha de ser acolhida entusiasticamente num Museu mais do que simbólico para isso e um director dinâmico, culto e cooperante que, sem eu saber, já tinha a ideia de ir homenagear Sttau Monteiro. O mais foi relativamente fácil: bastou tornar pensamentos em falas e cruzar momentos diferenciados, atrevendo-me a fazer um ou outro pequeno corte (uma coisa é literatura, outra o diálogo teatral) e introduzir a localização explícita de tempos e espaços: uma prisão política na ditadura, um mundo mais rural e outro mais cosmopolita, duas gerações e a resiliência constituída em parte da própria Resistência. E se for luta é-a sob a custódia do Amor…
Castro Guedes, Versão Teatral do Texto e Encenação. Julho de 2017
Castro Guedes, Versão Teatral do Texto e Encenação. Julho de 2017
Sttau Monteiro @Nuno Calvet
Luís de Sttau Monteiro (3 abril 1926 – 23 julho 1993) nasceu em Lisboa, mas viveu longos períodos da sua vida em Londres, por razões familiares ou então numa fuga ao clima claustrofóbico que se vivia em Portugal.
Jornalista, tradutor, novelista, foi, contudo, no teatro – com adaptações ou como autor – que se tornou especialmente conhecido. A sua peça Felizmente há luar (1961), sobre o tema histórico da vida e morte do general Gomes Freire de Andrade, valeu-lhe a interdição da censura e só em 1975, depois da Revolução, foi representada. Preso em 1962 pela PIDE, acusado de estar ligado ao «Golpe de Beja», voltou à prisão em 1967 depois da publicação das peças satíricas A Guerra Santa e A estátua, onde tecia fortes críticas à Ditadura e à Guerra Colonial. A experiência de prisão levou-o a escrever a peça As mãos de Abraão Zacut, cuja ação se passa num campo de concentração.
Da sua autoria são ainda novelas que, nalguns casos, tiveram posteriores adaptações ao teatro e cinema, como Um Homem não Chora ou Angústia para o Jantar.
Jorge Castro Guedes Natural do Porto, vive em Lisboa. 63 anos, há 50 a fazer teatro: primeiro amador, a partir dos 19 profissionalmente. Fundador do TEAR (e recentemente de Dogma12), trabalhou em diversos outros grupos e companhias, sobretudo como encenador de mais de 100 produções, mas também, outras, como ator. Também abraçou a dramaturgia, tendo 20 textos publicados; e uma colaboração escrita ensaística repartida por jornais, revistas, encontros, congressos, edições de autoria coletiva e um livro sobre Política Teatral; e algumas comunicações em iniciativas académicas. Foi assessor para os dramáticos (e autor de um magazine) na RTP2. Passou também pela Direção Artística do Casino da Póvoa e pela publicidade, na McCann e na Bates. Deu várias aulas em Escolas Superiores e Profissionais de Teatro. Foi estagiário de Jorge Lavelli no Théâtre National de La Colline. É Mestre em Artes Cénicas pela FCSH da UNL.
Fábio Vaz Licenciado em Teatro pela Universidade de Évora. Mestre em Artes Performativas pela Escola Superior de Teatro e Cinema. Assistente de Encenação de João Mota. Representante português do programa europeu Under25Routes: 12 jovens, de diferentes áreas artísticas e diversos países, em diferentes residências artísticas para a criação de vários objetos artísticos e participação em vários workshops. Foi ator em espetáculos dirigidos por Fernan-da Lapa, Natália Luíza, Carlos J. Pessoa, Francisco Salgado, Alexandre Tavares, Sara Ribeiro, entre outros. Membro fundador e ator residente da companhia Faísca Teatro. Tem completado a sua formação com aulas de dança e na participação em workshops de Miguel Moreira, João Garcia Miguel, São Castro, Bruno Schiappa, Joana Pupo, entre outros.
Paulo Lages Ator e encenador, formado pela Escola Superior de Teatro e Cinema. Estreou-se em 1983 no Teatro Experimental de Cascais. Esteve no Teatro Nacional D. Maria II e cofundou e dirigiu o grupo Persona. Desenvolve, há muito, um projeto para crianças: Teatro com Livro e Leitura, criando os seus próprios espetáculos, levados em digressão por todo o país e, em dois casos, também a Angola e São Tomé e Príncipe. Convidado pela ESMAE (Porto) a dirigir espetáculos dos cursos de licenciatura e de mestrado. Enquanto intérprete tem participado, com regularidade em espetáculos da companhia Cão Solteiro. Recentemente, tem vindo a colaborar também com a companhia Plataforma 285.
Para mais informações:
Museu do Aljube Resistência e Liberdade
site: www.museudoaljube.pt
Rua de Augusto Rosa, 42
1100-059 Lisboa
Telef. 215 818 535
Fotos Jorge Carmona / Antena 2 RTP