Poucos compositores negros alcançaram o reconhecimento de Samuel Coleridge-Taylor na história da música clássica.
Nascido em Londres da relação entre uma inglesa e um estudante de medicina da Serra Leoa, recebeu o seu nome em homenagem ao poeta Samuel Taylor Coleridge.
Aprendeu a tocar violino desde a infância, num instrumento oferecido pelo avô. A partir dos 10 anos começou a cantar no coro de uma igreja e aos 15 anos entrou para o Royal College of Music, prosseguindo os estudos de Violino e Piano.
Uma bolsa de estudo permitiu-lhe frequentar as aulas de composição de Charles Villiers Stanford (professor de Vaughan Williams e Gustav Holst), impulso decisivo para seguir a carreira musical.
Coleridge-Taylor é lembrado, antes de mais, pela trilogia de cantatas The song of Hiawatha, baseada num poema épico de Henry Wadsworth Longfellow sobre uma figura lendária do povo Iroquês da América do Norte.
A primeira parte da obra (“Hiawatha’s wedding feast”) foi estreada em 1898 e amplamente divulgada no Reino Unido e nos Estados Unidos.
O fato de nunca ter recebido “royalties” por essas vendas, incentivou a criação de uma das primeiras sociedades britânicas de proteção dos direitos de autor (Performing Rights Society).
Várias digressões pelos Estados Unidos, realizadas na primeira década do século 20, conquistaram a admiração da comunidade afro-americana.
Numa dessas viagens foi recebido na Casa Branca pelo presidente Theodore Roosevelt.
Depois de dirigir a sua obra-prima com a Filarmónica de Nova Iorque, alguns músicos da orquestra de que Mahler era titular, chamaram-lhe “O Mahler africano”.
Consciente das suas origens, o compositor, maestro, professor e ativista político, manifestou, em diversas partituras, a influência da História e da cultura africanas, procurando fazer pela música negra o mesmo que Dvorák tinha feito pela música da Boémia ou Grieg pela norueguesa.
Samuel Coleridge-Taylor. Fotografia de Hulton Getty
Apesar de ter caído no esquecimento depois da 1ª Grande Guerra, o recente revivalismo de um legado onde quase todos os géneros musicais se encontram representados (Ópera, Sinfonia, Concerto, Música de Câmara, Piano, Canções) tem permitido redescobrir a obra deste pioneiro da música negra que desafiou as convenções do seu tempo.
Vítima de pneumonia, Coleridge-Taylor faleceu aos 37 anos, em 1912.
Na lápide do compositor pode ler-se:
Too young to die.
His great simplicity,
his happy courage
in an alien world,
his gentleness,
made all that knew him
love him.
Em Agosto, nas madrugadas de Sábado do programa “Notas Finais”, percorremos a vida e obra de Samuel Coleridge-Taylor.
Programação
Prog. 1 | 7 Agosto
Quinteto para Clarinete e Cordas, op. 10
Interpretação por Stephan Siegenthaler, clarinete, e pelo Quarteto de Cordas de Leipzig
“Lenda” para Violino e Orquestra, op. 14
Interpretação por Lorraine McAslan, violino, e pela Orquestra Filarmónica de Londres, dirigida por Nicholas Braithwaite
“Balada” para Orquestra, op. 33
Interpretação pela Orquestra Filarmónica Real de Liverpool, dirigida por Grant Llewellyn
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Prog. 2 | 14 Agosto
Abertura “Hiawatha”, op. 30 – nº 3
Interpretação pela Orquestra Nacional da BBC do País de Gales, dirigida por Rumon Gamba
Cantata “Hiawatha’s wedding feast” (Primeira parte da trilogia “The song of Hiawatha”)
Interpretação por Arthur Davies, tenor, e pelo Coro e Orquestra da Ópera Nacional do País de Gales dirigidos por Kenneth Alwyn
Espiritual “Sometimes i feel like a motherless child” (arr. para Piano)
Interpretação por Isata Kanneh-Mason, piano
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Prog. 3 | 21 Agosto
Variações Sinfónicas sobre uma Ária Africana, op. 63
Interpretação pela Orquestra Filarmónica Real de Liverpool, dirigida por Grant Llewellyn
Danças Africanas, op. 58
Interpretação por David Juritz, violino, e Michael Dussek, piano
Suite Africana, op. 35
Interpretação pela Orquestra Sinfónica de Londres, dirigida por Paul Freeman
Espiritual “Deep River” (arr. Para Violino e Piano de Maud Powell)
Interpretação por Randall Goosby, violino, e Zhu Wang, piano
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Prog. 4 | 28 Agosto
Concerto para Violino, op. 80
Interpretação por Tasmin Little, violino, pela Orquestra Filarmónica da BBC, dirigida por Andrew Davis
Pequena Suite de Concerto, op. 77
Interpretação pela Chicago Sinfonietta, dirigida por Paul Freeman
Excertos da Suite “Othello”, op. 79:
Interpretação pela Orquestra de Concertos da RTE (Radiotelevisão Irlandesa), dirigida por Adrian Leaper
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