13 Setembro | 18h00
(gravado pela RTP / Antena 2
a 23 de Agosto de 2023)
Teatro Municipal Constantino Nery em Matosinhos
Poetas na Praça | Centenário de Natália Correia
Recital com poemas e outros textos de Natália Correia
ditos por 4 vozes acompanhadas ao piano
Ouvir aqui:
Textos de Natália Correia
Improvisação ao piano de Pedro Almeida
Vozes de Flora Miranda, Micaela Soares, Romi Soares e Sara Barros Leitão
Guião de Diogo Figueira
Direção de Jorge Louraço Figueira
Assistência de direção de Belmiro Ribeiro
Captação Sonora de Cláudio Calado e Edgar Barbosa
Produção Antena 2 e Teatro Municipal de Matosinhos Constantino Nery
Excertos de
Descobri que Era Europeia (1951)
Entrevista a Natália Correia (2004)
Intervenção na Assembleia da República (1990)
Poemas de Natália Correia
A demiurgia do riso
A defesa do poeta
Auto-retrato
A arte de ser amada
Mãe Ilha
O coito do Morgado
Cosmocópula
Cântico do país emerso
Queixa das almas jovens censuradas
Ode à paz
Poetas na Praça é um ciclo de programas produzido pela Antena 2 em parceria com o Teatro Municipal de Matosinhos Constantino Nery, destinado a assinalar efemérides associadas a autores portugueses. O programa procura revelar a face pública dos autores, através de uma seleção de vários tipos de textos, desde poemas a crónicas, passando por entrevistas ou depoimentos. O recital é gravado ao vivo no palco do Teatro Municipal de Matosinhos Constantino Nery, sempre com acompanhamento musical.
Diogo Figueira licenciou-se em Argumento na Escola Superior de Teatro e Cinema em 2013. Foi um dos argumentistas das duas temporadas da série da RTP1 Três Mulheres, nomeada para o PRIX Europa, para os Prémios Sophia e para o Prémio Autores da SPA. Realizou Sagrada Família (2023), selecionado para o Indie Lisboa e o Fest New Directors.
Flora Miranda é atriz, cantora e dramaturga. Estudou no Hot Club na Escola de jazz do Porto e na ESMAE. Fez a Pós-graduação em Dramaturgia e Argumento da ESMAE e tem colaborado com a Antena 2 escrevendo peças de teatro sonoro.
Micaela Soares concluiu interpretação no Balleteatro Escola Profissional em 2012 e tem vindo a trabalhar com diferentes companhias e criadores, entre os quais o Teatro de Marionetas do Porto, onde se mantém até à data.
Romi Soares é atriz, mas na área teatral trabalhou ainda com desenho, pintura, cenografia e execução de marionetas, maquilhagem, caraterização e efeitos especiais para teatro e cinema, e dirigiu oficinas de interpretação. Participou em várias séries televisivas, telenovelas, cinema, publicidade, performances, stand-up comedy, etc.
Sara Barros Leitão formou-se em Interpretação pela Academia Contemporânea do Espetáculo, e trabalha como actriz, encenadora e dramaturga. Em 2020, fundou a estrutura artística Cassandra, para desenvolver os seus projectos. A sua mais recente criação é Monólogo de uma mulher chamada Maria com a sua patroa, que estreou em 2021.
Pedro Almeida é compositor. Estudou piano com Francisco Seabra e Eduardo Resende e, mais tarde, composição com Evgueni Zoudilkine. É licenciado em Composição pela Universidade de Aveiro. Pianista, compositor e arranjador, tem feito um percurso multifacetado. “Canções do Primeiro Andar” é o seu projecto em torno de canções originais, compostas individualmente ou em parceria com letristas e poetas de língua portuguesa.
Fotos de Belmiro Ribeiro
Natália Correia | Poetisa, ficcionista, contista, dramaturga, ensaísta, editora.
Nasceu na Fajã de Baixo, na ilha de São Miguel, nos Açores, a 13 de setembro de 1923. Aos 11 anos vai viver para Lisboa, com a mãe e irmãs.
Foi jornalista do Rádio Clube Português e colaborou no jornal Sol. No final da Segunda Guerra Mundial, apoiou o Movimento de Unidade Democrática (MUD) e em 1958 apoiou a candidatura de Humberto Delgado; assumiu publicamente divergências com o Estado Novo e foi condenada a prisão com pena suspensa em 1966, pela Antologia da Poesia Portuguesa Erótica e Satírica.
Depois da Revolução de 25 de Abril de 1974 esteve primeiro ligada ao Partido Socialista (PS), depois ao Partido Popular Democrático (PPD) e, por fim, ao Partido Renovador Democrático (PRD). Foi eleita deputada à Assembleia da República, pelas listas do PPD, de 1979 a 1980 e de 1980 a 1983, e pelo PRD, como independente, de 1987 a 1991.
Natália Correia defendeu que a intervenção política era uma «obrigação dos poetas», ficando o seu nome associado a várias intervenções parlamentares nos campos da cultura, da defesa da Mulher e dos Direitos Humanos.
Após o 25 de Abril, fez programas de televisão destacando-se o Mátria que apresentava o lado matriarcal da sociedade portuguesa.
Fundou o bar Botequim, na Graça, onde declamou durante muitos anos, transformando-o no ponto de reunião da elite intelectual e política nas décadas de 1970 e 80.
Organizou várias antologias de poesia portuguesa como Cantares dos Trovadores Galego-Portugueses ou Antologia da Poesia do Período Barroco.
Ecuménica e eclética, filantropa e idealista, anteviu um novo tempo, que garantisse a paz, a dignidade humana, a justiça social e o direito à diferença como raízes indeléveis da democracia. Morreu em Lisboa, a 16 de março de 1993.
Natália Correia foi uma mulher carismática com uma vida social intensa, não fazendo concessões à mediania, e notabilizando-se por uma vasta obra intelectual.
Foi uma das vozes mais proeminentes da literatura e da cultura portuguesas na segunda metade do século XX.