27, 29, 30 maio e 6 junho | 19h00
Concerto Aberto
Realização e Apresentação: Andrea Lupi
Gravação da Antena 2 / RTP
no Grande Auditório da Fundação Gulbenkian
a 12 de março de 2023
Ciclo Canções Ibéricas
Canções Galegas
Recital de voz e piano
Borja Quiza, barítono
Fernando Briones, piano
Programa
[27 maio]
María Domínguez – Viaxeiro que ves de lonxe (Celso Emilio Ferreiro)
Xosé Castro “Chané” – Gaiteiriño pasa (Joaquín Aramburu)
Unha Noite na eira do trigo (Manuel Curros Enríquez)
Juan Durán Alonso – Un repoludo gaiteiro (Rosalía de Castro)
[29 maio]
Xosé Fernández Vide – Cantan os galos (Eduardo Blanco Amor)
Julio Gómez – Tecelana (Manuel Cuña Novás)*
Sabino Ruiz de Jalón – El molino viudo (José Miguel de Azaola)*
Matilde Salvador – Cantiga antiga (Ernesto Guerra da Cal)*
Antonio Iglesias Vilarella – Nosa Señora da Barca (Federico García Lorca)*
[30 maio]
Xavier Montsalvatge – Meus irmáns (Ramón Cabanillas)*
Vicente Asensio – O neno preguntaba (Celso Emilio Ferreiro)*
Miguel Asins Arbó – O gueiteiro (Manuel Curros Enríquez)*
Manuel Parada – Cantar da queimada (Baldomero Isorna)*
[6 junho]
Antón García Abril – Coita (Álvaro de las Casas)*
Eduardo Toldrà – As froliñas dos toxos (Antón Noriega Varela)*
Francisco Calés Otero – Ribeirana (Eladio Rodríguez González)*
* Fundo Antonio Fernández-Cid, Biblioteca da Fundación Juan March
Graças a Antonio Fernández-Cid (1916–1995) e à sua perseverança, a música erudita galega conheceu uma época de esplendor: cronista central da vida musical espanhola do século xx, este crítico encomendou cerca de oitentas canções aos compositores coevos mais relevantes, a serem compostas a partir de poemas galegos. Este corpus, preservado na Biblioteca da Fundação Juan March e praticamente inédito, constitui a base para este último concerto do ciclo dedicado ao repertório lírico para voz e piano nas diversas línguas ibéricas.
Ver Programa de sala
Natural de Ourense, o crítico e musicólogo Antonio Fernández-Cid (1916-1995) encomendou cerca de oitenta canções sobre poemas galegos aos compositores mais relevantes do seu tempo. O corpus inicial, que surgiu no início dos anos cinquenta, reuniu compositores como Jesús Guridi, Eduard Toldrà, Federico Mompou ou Joaquín Rodrigo aos mais jovens Jesús García Leoz ou Miguel Asins Arbó. Doze dessas canções foram publicadas em 1952 e o seu êxito conduziu a uma segunda compilação, de mais vinte e quatro canções, cuja estreia teve lugar durante a inauguração do Conservatório de Ourense, em setembro de 1958. Nesta segunda antologia figuram nomes da nova geração que entravam na cena espanhola de maneira fulgurante, tais como, Antón García Abril ou Xavier Montsalvatge, cuja canção Meus irmáns recorda, no seu ritmo sincopado, a suas célebres Cinco canciones negras. O corpus completo, com muitas peças inéditas, conserva-se na Biblioteca da Fundación Juan March e dá corpo a este este programa.
O recital inicia-se com a canção Viaxeiro que vés de lonxe, da compositora María Domínguez, de Pontevedra. O texto é da autoria do escritor e político Celso Emilio Ferreiro, cuja poesia de profundo conteúdo social se inscreve no movimento das Mocedades Galeguistas, de cuja Federação foi fundador em 1934. O associacionismo galego teve também o seu correspondente universo coral em finais do século XIX, através de compositores como Xosé Castro “Chané”, fundador do Centro Gallego de La Habana. Por último, este percurso pelas canções galegas completa-se com compositores que beberam do regionalismo inspirado pelo legado de Fernández-Cid, como Juan Durán ou Xosé Fernández Vide, cujo compromisso com a sua terra natal os leva a incorporar motivos da música, da lírica e do folclore galegos nas suas criações.
Borja Quiza | Nasceu em Ortigueira (Corunha) em 1982. Estudou canto com Teresa Novoa, Maria Dolores Travesedo e Renata Scotto e aperfeiçoou-se com o tenor argentino Daniel Muñoz. Recebeu o prémio Opera Actual para “Melhor Cantor Lírico Jovem” (2009) e o prémio para “Melhor Cantor de Zarzuela” dos prestigiosos prémios líricos Teatro Campoamor de Oviedo (2010). Em 2009 interpretou Don Giovanni no filme Io, Don Giovanni, de Carlos Saura. Atualmente é professor titular de canto no Centro Superior de Música da Galiza e dos cursos de verão de Tamara Brooks.
Atua regularmente nos principais teatros espanhóis e, a nível internacional, apresentou-se em teatros e festivais como o La Fenice de Veneza, o Carlo Felice de Génova, o Theater An der Wien, o Comunale de Bolonha, o Maggio Musicale Fiorentino, o Reate Festival di Rieti, a Accademia Nazionale di Santa Cecilia de Roma, o Auditorium di Milano, o Comunale Pavarotti de Modena, o Vespasiano di Reggio Emilia, a Zomeropera Alden Biesen (Bélgica), a New Israeli Opera de Telavive, o Festival Bel Canto de Knowlton (Montreal) ou a Ópera da Colômbia. Colaborou com importantes maestros como V. Jurowsky, J. López Cobos, K. Nagano, V. Petrenko, C. Rousset, I. Bolton, J. Pons, A. Zedda ou E. Inbal.
Ao longo de mais de quinze anos de carreira, Borja Quiza acumulou um grande número de representações de um vasto repertorio e converteu-se numa das figuras emergentes do panorama lírico internacional, graças ao seu profundo estudo da técnica e da interpretação, conjugando a sua carreira profissional com o ensino do canto.
Fernando Briones | Iniciou os seus estudos musicais no Conservatório Superior de Música da Corunha, onde concluiu o Curso Superior de Guitarra. Estudou composição com o catedrático sevilhano Jose Ma Benavente, piano com Xavi Barbeta e direção de orquestra na Escola Superior de Música da Catalunha, com Lutz Köhler e Salvador Brotons. Complementou os seus estudos de direção coral e orquestral em vários cursos, nomeadamente com o maestro Alberto Zedda, de quem foi assistente nas suas últimas produções.
É Maestro Titular da Orquestra e Coro Gaos desde a sua criação, em 2009, desenvolvendo uma intensa atividade de concertos e de acompanhamento de artistas como Cristina Gallardo-Dômas, Ainhoa Arteta, Borja Quiza, Celso Albelo, Mariola Cantarero ou Juan Jesús Rodríguez.
À frente do Coro Gaos, recebeu numerosos prémios nacionais e internacionais. Em 2011 gravou para a editora Verso o CD Lela, dedicado a canções galegas orquestradas pelo compositor Juan Durán.
Dirigiu a Orquestra Filarmónica de Taipé e a Orquestra Chinesa de Taipé no Concurso Internacional TCO de 2015 (Taiwan). Em 2016 e 2017, foi convidado pela Orquestra Filarmónica de Pontevedra para dirigir o tradicional concerto de Ano Novo. Desde 2017, é um convidado regular da Orquestra Filarmónica do Kosovo.
Conjuga a sua atividade como maestro com a docência da especialidade de direção de orquestra no Conservatório Superior de Música da Corunha e com a função de pianista acompanhador do barítono Borja Quiza.
Fotos Jorge Carmona / Antena 2