Ciclo de Música MIMA
Música escrita por mulheres, tocada por todos
4 junho | 19h00
Auditório Carlos Paredes,
Benfica, Lisboa
Da Sombra para a Luz
A criação musical de mulheres
Incognitus Ensemble
Margarida Prates, piano
Direção de Alberto Oliveira
Programa
Parte 1
Entre paredes – Aleotti, composições sacras e profanas
obras publicadas em 1593
Vittoria ou Raffaella Aleotti – Audivi vocem
Vittoria ou Raffaella Aleotti – Baciai per aver vita
Vittoria ou Raffaella Aleotti – Io v’amo vita mia
Parte 2
Na sombra – Schumann e Mendelssohn
Clara Schumann – 3 Romances Op. 21 Agitato
Clara Schumann – Abendfeier in Venedig
Fanny Mendelssohn Hensel Op. 3 – Gartenlieder II. Schöne Fremde
Fanny Mendelssohn Hensel Op. 3 – Gartenlieder V. Abendlich schon rauscht der Wald
Parte 3
Na luz
Undine Smith Moore – We shall walk through the valley (arr.) – coro e piano
Sandra Milliken – Missa Piccola
Mel Bonis – Femmes de Légende II. Desdemona
Mel Bonis – Femmes de Légende I. Melisande
Parte 4
Um adeus demasiado cedo
Lili Boulanger – Hymne au soleil
Notas ao programa
Entre paredes – Aleotti, composições sacras e profanas
Vittoria Aleotti e Raffaella Aleotti podem ser duas irmãs, ou a mesma pessoa, nascida Vittoria e assumindo o nome Raffaella ao entrar para o convento de San Vito, em Ferrara. Apresentamos madrigais e peças sacras desta notável compositora, que desenvolveu o seu trabalho entre as suas pares, dentro das paredes do convento. As obras que escolhemos foram publicadas em 1593. Aleotti foi a primeira mulher a ter a sua obra impressa em vida, publicando em simultâneo um livro de música sacra (Sacrae cantiones quinque, septem, octo e decem vocibus decantande) e outro de música profana (Ghirlanda de madrigali a quatro voci). Nesta parte apresentamos obras a cappella.
Na sombra – Schumann e Mendelssohn
Já no século XIX, duas compositoras viveram na sombra de homens na sua vida, sendo apenas nestas últimas décadas reconhecidas pelo seu trabalho criativo, e não apenas como pianistas: Clara Schumann, responsável pela estreia de várias peças do seu marido Robert e seu amigo Johannes Brahms, e Fanny Hensel (nascida Mendelssohn), ofuscada pelo seu irmão mais novo Felix. Frequentemente, o trabalho de composição destas mulheres era restrito aos salões e encontros entre amigos, não chegando às mesmas salas de concerto onde se apresentavam como pianistas, interpretando peças de colegas compositores já reconhecidos. Nesta parte apresentamos obras, a cappella.
Na luz
Mais recentemente, mulheres compositoras têm-se afirmado no panorama global e feito a sua música acontecer, saindo da sombra muitas vezes à custa do seu próprio trabalho como intérpretes e de redes de apoio entre mulheres. O mundo anglófono tem uma histórica tradição coral, mas as igrejas e salas de concerto de tradição clássica começam também a ter vozes criativas não só femininas, mas também extra-europeias: cantamos um arranjo de Undine Smith Moore (E.U.A.) de um espiritual negro, uma peça para coro feminino de Eleanor Daley (Canadá), e uma curta missa de Sandra Milliken (Austrália) que tem sido acarinhada pelo público do Incognitus Ensemble já em vários concertos.
Um adeus demasiado cedo
No início do século XX, em Paris, um meio mais liberal acolhia um talento precoce e promissor: Lili Boulanger, irmã mais nova de Nadia, que ensinou dezenas de grandes nomes da composição do século XX. Lili falece cedo, vítima de doença prolongada, e as poucas obras que deixou permitem adivinhar o brilhante percurso artístico que prometia; terminamos o nosso concerto com o seu Hino ao Sol, para coro e piano.
Transmissão direta
Apresentação: Paula Castelar
Produção: Anabela Luís, Zulmira Holstein
Alberto Oliveira | Dedica-se à composição, direção musical e ensino. Leciona Coro, Orquestra e Estudo de Repertório na Academia de Amadores de Música, e Composição a título particular; artisticamente, dirige o Incognitus Ensemble e o Coro de Câmara da Academia de Amadores de Música, e é frequentemente convidado para trabalhar como compositor e maestro com outros grupos, focando-se em particular na música do Modernismo, em reorquestração, e em projetos mistos com as artes cénicas. Estudou no Instituto Gregoriano de Lisboa (Violino, Canto, Canto Gregoriano), Universidade de Évora (Composição), Conservatoire Royal de Bruxelles (Composição) e Escola Superior de Música de Lisboa (Direção Coral, Formação Musical, Composição). Pelo seu interesse nos espaços liminares e intersticiais entre áreas do conhecimento, é atualmente estudante de Matemática na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa.
Margarida Prates | Nasceu em Lisboa, cidade onde vive e trabalha. Após obter a licenciatura em piano na Escola Superior de Música de Lisboa seguiu para Itália para trabalhar com o pianista Fausto Zadra, frequentando durante 5 anos as suas masterclasses na Scuola Internazionale di Pianoforte, em Roma. Mais tarde ingressou na Academia de Música Aquiles Delle Vigne onde teve a oportunidade de estudar com o Mestre Aquiles Delle Vigne e onde obteve o diploma de performance “Diploma de Artista”.
Como concertista gosta de tocar a solo, mas também de explorar a música de conjunto, apresentando-se regularmente em concertos de música de câmara, com instrumentistas variados, de cordas e de sopros. Já pisou os palcos nacionais e estrangeiros, tendo tocado em Espanha, França, Luxemburgo, Alemanha e Guatemala. Paralelamente à sua actividade concertística, Margarida Prates interessa-se pela área da investigação musicológica, o que a levou a ser convidada pela RTP/Antena2, a realizar programas radiofónicos dedicados a diferentes temas.
Incognitus Ensemble | Agrupamento de formação variável, composto por coro e instrumentistas convidados, que se propõe explorar repertório pouco divulgado. Tem-se apresentado, com assinalável sucesso, em diversos concertos, seja a cappella, seja acompanho por pequeno ensemble instrumental. Fazem parte do seu repertório de concerto os motetos In Exitu Israel e Dominus Regnavit de Mondonville (estreia em 2019) os Te Deum de Marcos Portugal e de Mozart (2020 e 2021), as Lamentações de Jeremias de Lassus, bem como a sua Missa Super Pilons l’Orge, que apresentou na Páscoa de 2023 em conjunto com as Canções Sacras de Josef Rheinberger.
Os seus mais recentes projectos foram: No tempo de Luísa Todi – Nos 270 anos do seu nascimento (Novembro de 2023) evocando peças contemporâneas da mais famosa cantora lírica portuguesa e que foram por ela interpretadas e, em março de 2024, Natureza Eterna – Mar, Ninfas, Aves e outros seres… um concerto encenado para coro e instrumentos de corda, em que se interpretam madrigais dos séc. XV e XVI, nomeadamente no tempo em que viveu Josquin Desprez, antecipando a comemoração dos 585 anos do seu nascimento.
Apresenta em junho de 2024 Da Sombra para a Luz, dedicado à criação musical de mulheres de vários períodos históricos, algumas renomadas, mas particularmente outras imerecidamente mantidas na sombra do esquecimento, sendo interpretadas peças corais a cappella e peças para coro e piano.
O Ciclo de Música MIMA (Museu Internacional da Mulher, Associação), estreia na Antena 2, dia 2 de Janeiro de 2024.
O Ciclo MIMA acontece todas as primeiras terças-feiras de cada mês do primeiro semestre de 2024, sempre com música assinada no feminino.
O Ciclo MIMA é uma parceria entre o MIMA, o Teatro Turim, a Junta de Freguesia de Benfica e a Antena 2.