Reposição da Encenação em Lisboa: Otelo Lapa
Coro Gulbenkian: Claire Santos, Maria José Conceição, Sara Afonso, sopranos
Programa
João Guilherme Ripper – Cartas Portuguesas *
Ludwig van Beethoven – Sinfonia nº 2, em Ré maior, op. 36
* Estreia em Portugal.
Encomenda no âmbito SP-LX – Música contemporânea do Brasil e de Portugal
Depois de ter partido das cartas trocadas entre D. Pedro I e a Marquesa de Santos para compor Domitila, o compositor brasileiro João Guilherme Ripper volta a basear-se em relações epistolares para criar uma ópera curta, desta vez inspirada na correspondência amorosa de Sóror Mariana Alcoforado. Sob a direção do maestro finlandês Hannu Lintu – que dirigirá também o seu tributo a Beethoven com a Sinfonia n.º 2 –, a soprano Carla Caramujo canta na estreia nacional de Cartas Portuguesas, obra encomendada no âmbito da parceria estabelecida entre a Gulbenkian Música e a Orquestra Sinfónica do Estado de São Paulo.
Transmissão direta
Apresentação: Pedro Ramos
Produção: Alexandra Louro de Almeida, Reinaldo Francisco
Entrevista a João Guilherme Ripper à Antena 2, a propósito da sua obra Cartas Portuguesas, em estreia neste concerto.
O compositor João Guilherme Ripper formou-se pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), cursou Doutorado na The Catholic University of America, em Washington, D.C., "Économie et Finacement de la Culture", na Université Paris-Dauphine, na França, e especializou-se em regência orquestral no Teatro Colón, na Argentina. É professor da Escola de Música da UFRJ, instituição que dirigiu entre 1999 e 2003.
Criou e dirigiu a Orquestra de Câmara do Pantanal, em Mato Grosso do Sul, e atuou como regente convidado de diversas orquestras brasileiras. Recebeu o prémio Associação Paulista dos Críticos de Arte em 2000 por sua ópera Domitila e em 2007 pelo conjunto de sua obra. Dirigiu a Sala Cecília Meireles, no Rio de Janeiro, entre 2004 e 2015. Foi Presidente da Fundação Teatro Municipal do Rio de Janeiro até 2017. Actualmente é presidente da Academia Brasileira de Música.
A ópera tem importância central em seu catálogo. Recentes produções incluem a ópera Piedade que integrou as temporadas 2017 e 2018 do Teatro Colón, em Buenos Aires, e será apresentada em dezembro na Sala Cecília Meireles, Rio de Janeiro. Onheama subiu ao palco do mítico Teatro Amazonas, em Manaus, em 2014 e 2015 e foi produzida em 2016 na cidade alentejana de Serpa, no Festival Terras Sem Sombra. Em maio de 2018, estreou Kawah Ijen no Teatro Amazonas, a primeira ópera a utilizar o Gamelão javanês em conjunto com a orquestra. Em novembro de 2019, sua ópera cómica O Diletante subiu ao palco do Teatro Carlos Gomes, em Vitória.
A sua produção da mini-ópera Domitila teve a direção cénica de Carlos Antunes, a soprano Carla Caramujo no papel da Marquesa de Santos e o acompanhamento instrumental a cargo do grupo Toy Ensemble. Foi apresentada no Festival Internacional de Música do Pará em junho de 2018 e estreou em Portugal no Festival CisterMúsica de Alcobaça, em julho do mesmo ano.
Entrevista à soprano Carla Caramujo pela Antena 2, a propósito da sua interpretação como solista na obra de João Guilherme Ripper, Cartas Portuguesas.
Carla Caramujo é diplomada pela Guildhall School of Music and Drama e Royal Conservatoire of Scotland. Venceu o Concurso Nacional de Canto Luísa Todi em Portugal, o Musikförderpreis der Hans-Sachs-Loge na Alemanha, e os Chevron Excellence, Ye Cronies e Dewar Awards no Reino Unido. Estreou-se no papel de Gilda, em Rigoletto, no Teatro Nacional de São Carlos. Seguidamente, no mesmo teatro, interpretou Contessa Folleville (Il viaggio a Reims), Clorinda (La Cenerentola), Donna Anna (Don Giovanni), Adele (O Morcego), Lisette (La Rondine) e Princesse (L’enfant et les Sortilèges).
Outros papéis e repertório de concerto incluem: Violetta (La Traviata), Adina (L’elisir d’amore), Armida (Rinaldo), Rainha da Noite (Die Zauberflöte), Madame Herz (Der Schauspieldirektor), Fiordiligi (Così fan tutte), Valetto (L’Incoronazione di Poppea), Nena (Lo frate ‘nnamorato), Nona Sinfonia de Beethoven, Missa em Dó menor de Mozart, Carmina Burana de Orff, A Criação de J. Haydn, Messias de Händel, Paixão segundo São João e Paixão segundo São Mateus de J. S. Bach, Requiem de Brahms e Lieder der Ophelie de R. Strauss. Estas atuações tiveram lugar no Reino Unido (Barbican, New Sage Gateshead Music Center e Edinburgh Festival Theatre), no Uruguai (SODRE), na Colômbia (Teatro Mayor), no México (Teatro Peón Contreras), na Argentina (Usina del Arte), em Portugal (Fundação Gulbenkian, Centro Cultural de Belém, Casa da Música) e em Espanha (Festival Música Are More).
O seu interesse pelo repertório contemporâneo levou-a a criar o papel de Salomé na estreia absoluta de O Sonho, de Pedro Amaral, com a London Sinfonietta, em Londres (The Place) e em Lisboa (Fundação Gulbenkian). Interpretou La Princesse na estreia latino-americana de Orphée de Philip Glass, no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, Flight Controller, em Flight de Jonathon Dove, em Glasgow, Soprano em Lady Sarashina de Peter Eötvös, com a Orquestra Metropolitana de Lisboa, no Teatro Municipal de São Luiz, e a estreia mundial de Vida e Milagres de Dona Isabel, de Alexandre Delgado, com a Orquestra Clássica do Centro, no Convento de São Francisco, em Coimbra. De João Guilherme Ripper, interpretou Iara, em Onheama, no Festival Terras sem Sombra, Cinco poemas de Vinicius de Moraes, Domitila e a estreia mundial da cantata Icamiabas, no Festival Internacional de Música do Pará (Brasil). Em 2021 será o Anjo na Trilogia das Barcas de Joly Braga Santos, no Teatro Nacional de São Carlos.
Gravou Requiem Inês de Castro de Pedro Camacho, finalista das nomeações aos Grammy 2019; Integral das canções de António Fragoso, com o pianista João Paulo Santos (Framart 2018); Il Mondo della Luna de Pedro António Avondano, com Os Músicos do Tejo (Naxos 2020); e Domitila de João Guilherme Ripper, com o Toy Ensemble (MPMP 2020).
Hannu Lintu | O maestro finlandês estudou violoncelo e piano na Academia Sibelius, em Helsínquia, instituição onde mais tarde se formou em direção de orquestra com Jorma Panula. Estudou também com Myung-Whun Chung na Accademia Musicale Chigiana, em Siena. Em 1994 venceu o Concurso Nórdico de Direção, em Bergen.
Presentemente, Hannu Lintu cumpre o sétimo ano como Maestro Principal da Orquestra Sinfónica da Rádio Finlandesa (FRSO), destacando-se a interpretação de Cenas do “Fausto” de Goethe de Schumann, A Danação de Fausto de Berlioz, a segunda edição do FRSO Festival e uma digressão com o percussionista Martin Grubinger, com apresentações em Viena (Konzerthaus), Bratislava, Ascona e Verona. Em maio de 2019, foi nomeado Maestro Principal da Ópera e Ballet Nacionais da Finlândia, lugar que ocupará a partir de janeiro de 2022. Esta nomeação surge na sequência de uma série de colaborações de grande sucesso, incluindo Tristão e Isolda de Wagner (2016), Kullervo de Sibelius (2017) e Wozzeck de Berg (2019). Para o início de 2020 está programada a direção de Ariadne auf Naxos de R. Strauss.
Lintu também colabora regularmente com o Festival de Savonlinna, tendo dirigido produções de Otello de Verdi (2018) e de Kullervo de A. Sallinen – em 2017, integrado nas celebrações do centenário da Declaração de Independência da Finlândia. Como maestro convidado, a presente temporada inclui regressos ao convívio com a Orquestra Gulbenkian, as Sinfónicas de Boston e Detroit, a Orquestra de Paris, a Filarmónica da Rádio Holandesa e a Sinfónica da Islândia. Estreia-se à frente das Sinfónicas de Chicago e de Montreal, da Filarmónica de Estrasburgo e da Tonkünstler-Orchester Niederösterreich.
Hannu Lintu realizou gravações para as editoras Ondine, Bis, Naxos, Avie e Hyperion, tendo recebido vários prémios. Em 2019, a gravação dos Concertos para Violino de Bartók, com Christian Tetzlaff, recebeu dois prémios ICMA. Em 2011, foi nomeado para um Grammy na categoria de “Melhor CD de Ópera”. As gravações da Sinfonia nº 2 de Enescu, com a Filarmónica de Tampere, e dos Concertos para Violino de Sibelius e de T. Adès, com Augustin Hadelich e a Royal Liverpool Philharmonic Orchestra, foram nomeadas para os prémios Gramophone.
@ DR
Jorge Takla | Estudou Arquitetura e Teatro em Paris, na École des Beaux-Arts e no Conservatoire d´Art Dramatique. Iniciou a sua carreira em 1973 como ator e assistente de Robrt Wilson. Atuou e dirigiu no teatro La MaMa, em Nova Iorque, de 1974 a 1977. No Brasil, dirigiu e produziu mais de 120 espetáculos de teatro, musicais e óperas.
No domínio do teatro destacam-se: My Fair Lady (Lerner e Loewe), Vanya e Sonia e Masha e Spike (Ch. Durang), Vermelho (J. Logan), Hulda (Ballet do Cisne Negro), Jesus Christ Superstar e Evita (A. L. Webber), O Rei e Eu (Rodgers e Hammerstein), West Side Story (Bernstein/Sondheim), Mademoiselle Chanel (M. Adelaide Amaral), Victor/Victória (H. Mancini), Ultimas Luas (F. Bordon), Medeia (Euripides), Electra (Sofocles), A Gaivota e O Jardim das Cerejeiras (A. Tchekhov), Seis Graus de Separação (J. Guare), Cabaret (Kander e Ebb), Pequenos Burgueses (Gorki), Madame Blavatsky (Plinio Marcos), Lembranças da China (Alcides Nogueira), Fedra 1980 (Ballet) e dezenas de outras peças.
No domínio da ópera, dirigiu Rigoletto e La Traviata (Verdi), Sonho de uma Noite de Verão (Britten), Tosca, La bohème, Il Tabarro e Madama Butterfly (Puccini), Don Quixote (Massenet), The Rake’s Progress (Stravinsky), Candide (Bernstein), A Viúva Alegre (Lehár), As bodas de Figaro (Mozart), Cavalleria Rusticana (Mascagni), I Pagliacci (Leoncavallo) e Os Contos de Hoffmann (Offenbach), entre outras obras.
De 2002 a 2004, Jorge Takla foi Diretor da Divisão de Teatro da CIE-Brasil, onde produziu A Bela e o Monstro, Chicago e outras obras. Entre 1983 e 1992, dirigiu o Teatro Procópio Ferreira, em São Paulo. Foi-lhe atribuído o Titulo de Cidadão Paulistano e é Grande Oficial da Ordem do Ipiranga.
Orquestra Gulbenkian | Em 1962 a Fundação Calouste Gulbenkian decidiu estabelecer um agrupamento orquestral permanente. No início constituído apenas por doze elementos, foi originalmente designado por Orquestra de Câmara Gulbenkian. Ao longo de mais de cinquenta anos de atividade, a Orquestra Gulbenkian (denominação adotada desde 1971) foi sendo progressivamente alargada, contando hoje com um efetivo de sessenta instrumentistas que pode ser pontualmente expandido de acordo com as exigências de cada programa de concerto.
Esta constituição permite à Orquestra Gulbenkian interpretar um amplo repertório que se estende do Barroco até à música contemporânea. Obras pertencentes ao repertório corrente das grandes formações sinfónicas tradicionais, nomeadamente a produção orquestral de Haydn, Mozart, Beethoven, Schubert, Mendelssohn ou Schumann, podem ser dadas pela Orquestra Gulbenkian em versões mais próximas dos efetivos orquestrais para que foram originalmente concebidas, no que respeita ao equilíbrio da respetiva arquitetura sonora.
Em cada temporada, a Orquestra Gulbenkian realiza uma série regular de concertos no Grande Auditório Gulbenkian, em Lisboa, em cujo âmbito tem tido ocasião de colaborar com alguns dos maiores nomes do mundo da música, nomeadamente maestros e solistas. Atua também com regularidade noutros palcos em diversas localidades do país, cumprindo desta forma uma significativa função descentralizadora. No plano internacional, por sua vez, a Orquestra Gulbenkian foi ampliando gradualmente a sua atividade, tendo até agora efetuado digressões na Europa, na Ásia, em África e nas Américas.
No plano discográfico, o nome da Orquestra Gulbenkian encontra-se associado às editoras Philips, Deutsche Grammophon, Hyperion, Teldec, Erato, Adès, Nimbus, Lyrinx, Naïve e Pentatone, entre outras, tendo esta sua atividade sido distinguida, desde muito cedo, com diversos prémios internacionais de grande prestígio. Lorenzo Viotti é o Maestro Titular e Diretor Artístico da Orquestra Gulbenkian. Giancarlo Guerrero é Maestro Convidado Principal.