Temporada Gulbenkian
17 Novembro 19h00
Grande Auditório
da Fundação Gulbenkian
O Pássaro de Fogo
Matthias Pintscher, Maestro
Renaud Capuçon, Violino
Paulo Lourenço, Maestro do Coro Gulbenkian
Paulo Lourenço, Maestro do Coro Gulbenkian
Programa
Claude Debussy(1862-1918) – Noturnos
Matthias Pintscher (1971) – Mar’eh, para violino e orquestra (Estreia em Portugal)
Igor Stravinsky (1882-1971) – O pássaro de fogo (versão integral do bailado)
Transmissão em direto
Realização e apresentação: João Almeida
Produção: Alexandra Louro de AlmeidaEste concerto integra os “Concertos Premium” da UER.
Realização e apresentação: João Almeida
Produção: Alexandra Louro de AlmeidaEste concerto integra os “Concertos Premium” da UER.
Notas ao Programa
por João Silva / FCG
Claude Debussy (Saint-Germain-en-Laye, 22 de agosto de 1862 – Paris, 25 de março de 1918)
Noturnos
Composição: 1897-1899
Estreia: Paris, 27 de outubro de 1901
Duração: c. 25 min.
A influência de elementos extramusicais, sobretudo da poesia e da pintura, é uma constante na obra de Claude Debussy. No caso de Noturnos, a inspiração surgiu dos quadros pintados na década de 1870 pelo americano James McNeill Whistler, os quais retratam paisagens noturnas. Assim, a ligação de Debussy a movimentos pictóricos como o Impressionismo parece óbvia. Contudo, as coisas não são assim tão simples. A associação do compositor a poetas simbolistas e parnasianos, o interesse pela mitologia clássica e uma relação complexa com o Realismo ajudam a matizar essa associação.
Composição: 1897-1899
Estreia: Paris, 27 de outubro de 1901
Duração: c. 25 min.
A influência de elementos extramusicais, sobretudo da poesia e da pintura, é uma constante na obra de Claude Debussy. No caso de Noturnos, a inspiração surgiu dos quadros pintados na década de 1870 pelo americano James McNeill Whistler, os quais retratam paisagens noturnas. Assim, a ligação de Debussy a movimentos pictóricos como o Impressionismo parece óbvia. Contudo, as coisas não são assim tão simples. A associação do compositor a poetas simbolistas e parnasianos, o interesse pela mitologia clássica e uma relação complexa com o Realismo ajudam a matizar essa associação.
Os Noturnos foram escritos entre 1897 e 1899, tendo os dois primeiros sido estreados em Paris a 9 de dezembro de 1900. A primeira apresentação da obra na íntegra teve lugar a 27 de outubro do ano seguinte. Contudo, foi recebida de forma relativamente indiferente, o que motivou a sua revisão por parte de Debussy. O primeiro Noturno, intitulado Nuages, reflete o interesse do compositor pela água nos seus variados estados. A sobreposição e sucessão de elementos sinuosos e estáticos sobre uma orquestração que valoriza o timbre é um dos elementos mais proeminentes da obra. A essa textura móvel e estática em simultâneo são adicionados alguns solos do corne inglês, interpretando sempre a mesma melodia. Assim, o estatismo dos céus contrasta com o lento movimento das nuvens. Fêtes contrasta com a primeira peça pela animação e pelo movimento. A vivacidade das linhas melódicas ascendentes é interrompida por uma marcha na qual pontificam as fanfarras longínquas. A obra retoma os ostinati da primeira secção, esboroando-se até desaparecer do espectro auditivo. O andamento final adiciona um coro feminino à orquestra, de forma a emular o canto das sereias em que se inspira. Esses arabescos sem texto evocam o épico grego A Odisseia. Paralelamente, o recurso a tremolos nas cordas contribuiu para a criação de uma atmosfera que remete para o fantástico. O recurso ao maravilhoso da Antiguidade aponta para uma rejeição dos cânones românticos e realistas por parte de Debussy, situando a sua obra num contexto atemporal. Os ritmos circulares, a recusa do desenvolvimento temático e as melodias curvilíneas dos vários elementos, que adensam a textura até ao final, fixam os Noturnos no universo do Modernismo francês.
Matthias Pintscher (Marl, 29 de janeiro de 1971)
Mar’eh, para violino e orquestra
Composição: 2010-2011
Estreia: Lucerna 11 de setembro de 2011
Duração: c. 23 min.
Uma estratégia de comunicação recorrentemente usada pelos compositores contemporâneos é a escrita de peças para intérpretes reconhecidos. Assim, um músico de carreira internacional dá visibilidade a novas obras e novos compositores, normalmente associados a nichos de público. O formato concertante envolvendo violino e orquestra tem apresentado algumas das peças mais interessantes do final do século XX e início do XXI. Compositores como Schnittke ou Pintscher escreveram obras para violino e dedicaram-nas a intérpretes específicos. Mar’eh foi dedicada à destacada violinista Julia Fischer, que estreou a obra no Festival de Lucerna a 11 de setembro de 2011. A peça resultou de uma encomenda conjunta do festival, da Alte Oper Frankfurt e da London Philharmonic Orchestra.
Composição: 2010-2011
Estreia: Lucerna 11 de setembro de 2011
Duração: c. 23 min.
Uma estratégia de comunicação recorrentemente usada pelos compositores contemporâneos é a escrita de peças para intérpretes reconhecidos. Assim, um músico de carreira internacional dá visibilidade a novas obras e novos compositores, normalmente associados a nichos de público. O formato concertante envolvendo violino e orquestra tem apresentado algumas das peças mais interessantes do final do século XX e início do XXI. Compositores como Schnittke ou Pintscher escreveram obras para violino e dedicaram-nas a intérpretes específicos. Mar’eh foi dedicada à destacada violinista Julia Fischer, que estreou a obra no Festival de Lucerna a 11 de setembro de 2011. A peça resultou de uma encomenda conjunta do festival, da Alte Oper Frankfurt e da London Philharmonic Orchestra.
Matthias Pintscher é o atual diretor artístico do Ensemble Intercontemporain, fundado em 1976 por Pierre Boulez, e um dos mais compositores alemães mais destacados da atualidade. Estudou com Hans Werner Henze e Helmut Lachenmann. É também um prolífico e aclamado compositor e o seu segundo concerto para violino e orquestra, Mar’eh, é apresentado pela primeira vez em Portugal na interpretação do reputado violinista Renaud Capuçon, que o tem tocado em várias ocasiões. Escrito originalmente para Julia Fischer, Mar’eh vai buscar o título à palavra hebraica que significa “rosto”, mas também “aura” ou “uma visão bela surgida subitamente”, algo que Pintscher tentou transpor para a partitura.
Essa polissemia é explorada pelo compositor ao longo da obra. O virtuosismo do solista é pontuado por uma grande orquestra, à qual é adicionada uma secção alargada de percussão, cujos papéis têm indicações muito específicas de técnicas de execução. A face do solista emerge e submerge numa intrincada orquestração, na qual se destaca a variedade tímbrica. O violino é explorado em todo o registo e pequenas células são responsáveis pelo desenrolar de uma trama sonora direcional. Dessa forma, Pintscher criou uma obra ininterrupta em que o acompanhamento ao solista é realizado por uma orquestra dividida num conjunto de agrupamentos de câmara contrastantes. Ao contrário do estilo concertante, que alterna passagens solistas com momentos orquestrais, Mar’eh aproxima-se de uma cadência virtuosística acompanhada pelas massas sonoras da orquestra, que variam de densidade e de timbre, remetendo para o estilo de Luigi Nono, a cuja memória a peça foi dedicada.
Igor Stravinsky (Oranienbaum, 17 de junho de 1882 – Nova Iorque, 6 de abril de 1971)
O Pássaro de Fogo
Composição: 1910
Estreia: Paris, 25 de Junho de 1910
Duração: c. 45 min.
O empresário russo Sergei Diaghilev (1872-1929) foi uma das pessoas mais importantes da primeira fase do Modernismo. Sob a sua direção, o bailado, a música, a cenografia e os figurinos foram integrados num espetáculo inovador. Antes de criar a companhia de bailado Ballets russes, Diaghilev destacou-se como divulgador musical em Paris, organizando concertos de música russa a partir de 1907. Em 1909, fundou os Ballets russes que, na fase inicial, incluía importantes bailarinos, coreógrafos, artistas plásticos e compositores russos. Assim, contribuiu para o lançamento da carreira internacional de personalidades como Mikhail Fokine, Vaslav Nijisnky, Leon Bakst ou Igor Stravinsky, que se fixaram em Paris, centro do Modernismo cosmopolita. Nesse contexto, os Ballets russes apresentavam música considerada exótica, vinda de uma tradição periférica, conjugando-a com o sólido métier do bailado imperial russo. Em simultâneo, serviram de espaço de experimentação modernista nas diversas artes, cujos traços foram rapidamente incorporados na vida quotidiana. Por exemplo, os figurinos de Bakst inspiraram a moda da época, em especial através do costureiro Paul Poiret. Posteriormente, a companhia contou com a colaboração de músicos como Debussy, Falla, Satie ou Ravel. Um aspeto central na primeira fase dos Ballets russes foi a colaboração assídua com Stravinsky. O jovem Stravinsky foi descoberto num concerto em São Petersburgo por Diaghilev, que lhe encomendou um bailado. Essa ligação foi de tal forma importante que as primeiras obras do compositor a obter notoriedade internacional foram encomendas dos bailados O Pássaro de Fogo (1910), Petrushka (1911), e A Sagração da Primavera (1913).
O Pássaro de Fogo foi o primeiro bailado de Stravinsky e a sua estreia teve lugar na Ópera de Paris a 25 de junho de 1910. A coreografia é da autoria de Fokine, que protagonizou a estreia, contracenando com Tamara Karsavina. O argumento é inspirado em contos tradicionais russos, com referências ao maravilhoso eslavo. O Príncipe Ivan Tsarevich perde-se enquanto caçava e penetra no jardim mágico de Katschei, o Imortal. Katschei é um vilão do imaginário eslavo associado ao rapto e à captura de diversas criaturas. Essa atmosfera sobrenatural é sublinhada por um ostinato angular nas cordas graves. No jardim de Katschei, o príncipe encontra o Pássaro de Fogo, um animal mágico, papel desempenhado pela protagonista feminina. Ivan apanha o pássaro e recebe uma pena deste após tê-lo libertado. Essa pena permitia ao príncipe invocar a criatura mágica se precisasse de auxílio. A perseguição é sublinhada pela vivacidade e leveza da escrita, que recorre a melodias ondeante e a trilos. Na madrugada seguinte, Ivan encontra um castelo do qual saíram treze princesas que dançam e brincam com maçãs douradas vindas de uma árvore do jardim. Nessa passagem pontifica uma atmosfera bucólica, traduzida no melodismo evocativo da canção tradicional. As princesas revelam que o castelo pertence a Katschei, que as tem presas com um encantamento, e que os cavaleiros que as tentaram salvar foram transformados em pedra e a sua alma guardada por Katschei. Durante uma dança de roda, Ivan e a princesa Vasilisa apaixonam-se. Entrado o príncipe no castelo, soa um carrilhão mágico e Katschei aparece. O príncipe invoca o Pássaro de Fogo com a pluma, e este lança um feitiço sobre Katschei e os seus servos, fazendo-os dançar até à exaustão. A complexidade rítmica e a intensidade da cena são contrapostas à simplicidade de uma canção de embalar para Katschei. O Pássaro conduz o príncipe até ao local onde a alma de Katschei está guardada. Ivan destrói o ovo, matando a criatura. O bailado termina com uma visão do mundo após a destruição de Katschei, com as princesas e os cavaleiros livres, numa apoteose de cor orquestral que mistura diversos elementos previamente expostos.
Composição: 1910
Estreia: Paris, 25 de Junho de 1910
Duração: c. 45 min.
O empresário russo Sergei Diaghilev (1872-1929) foi uma das pessoas mais importantes da primeira fase do Modernismo. Sob a sua direção, o bailado, a música, a cenografia e os figurinos foram integrados num espetáculo inovador. Antes de criar a companhia de bailado Ballets russes, Diaghilev destacou-se como divulgador musical em Paris, organizando concertos de música russa a partir de 1907. Em 1909, fundou os Ballets russes que, na fase inicial, incluía importantes bailarinos, coreógrafos, artistas plásticos e compositores russos. Assim, contribuiu para o lançamento da carreira internacional de personalidades como Mikhail Fokine, Vaslav Nijisnky, Leon Bakst ou Igor Stravinsky, que se fixaram em Paris, centro do Modernismo cosmopolita. Nesse contexto, os Ballets russes apresentavam música considerada exótica, vinda de uma tradição periférica, conjugando-a com o sólido métier do bailado imperial russo. Em simultâneo, serviram de espaço de experimentação modernista nas diversas artes, cujos traços foram rapidamente incorporados na vida quotidiana. Por exemplo, os figurinos de Bakst inspiraram a moda da época, em especial através do costureiro Paul Poiret. Posteriormente, a companhia contou com a colaboração de músicos como Debussy, Falla, Satie ou Ravel. Um aspeto central na primeira fase dos Ballets russes foi a colaboração assídua com Stravinsky. O jovem Stravinsky foi descoberto num concerto em São Petersburgo por Diaghilev, que lhe encomendou um bailado. Essa ligação foi de tal forma importante que as primeiras obras do compositor a obter notoriedade internacional foram encomendas dos bailados O Pássaro de Fogo (1910), Petrushka (1911), e A Sagração da Primavera (1913).
O Pássaro de Fogo foi o primeiro bailado de Stravinsky e a sua estreia teve lugar na Ópera de Paris a 25 de junho de 1910. A coreografia é da autoria de Fokine, que protagonizou a estreia, contracenando com Tamara Karsavina. O argumento é inspirado em contos tradicionais russos, com referências ao maravilhoso eslavo. O Príncipe Ivan Tsarevich perde-se enquanto caçava e penetra no jardim mágico de Katschei, o Imortal. Katschei é um vilão do imaginário eslavo associado ao rapto e à captura de diversas criaturas. Essa atmosfera sobrenatural é sublinhada por um ostinato angular nas cordas graves. No jardim de Katschei, o príncipe encontra o Pássaro de Fogo, um animal mágico, papel desempenhado pela protagonista feminina. Ivan apanha o pássaro e recebe uma pena deste após tê-lo libertado. Essa pena permitia ao príncipe invocar a criatura mágica se precisasse de auxílio. A perseguição é sublinhada pela vivacidade e leveza da escrita, que recorre a melodias ondeante e a trilos. Na madrugada seguinte, Ivan encontra um castelo do qual saíram treze princesas que dançam e brincam com maçãs douradas vindas de uma árvore do jardim. Nessa passagem pontifica uma atmosfera bucólica, traduzida no melodismo evocativo da canção tradicional. As princesas revelam que o castelo pertence a Katschei, que as tem presas com um encantamento, e que os cavaleiros que as tentaram salvar foram transformados em pedra e a sua alma guardada por Katschei. Durante uma dança de roda, Ivan e a princesa Vasilisa apaixonam-se. Entrado o príncipe no castelo, soa um carrilhão mágico e Katschei aparece. O príncipe invoca o Pássaro de Fogo com a pluma, e este lança um feitiço sobre Katschei e os seus servos, fazendo-os dançar até à exaustão. A complexidade rítmica e a intensidade da cena são contrapostas à simplicidade de uma canção de embalar para Katschei. O Pássaro conduz o príncipe até ao local onde a alma de Katschei está guardada. Ivan destrói o ovo, matando a criatura. O bailado termina com uma visão do mundo após a destruição de Katschei, com as princesas e os cavaleiros livres, numa apoteose de cor orquestral que mistura diversos elementos previamente expostos.
Em O Pássaro de Fogo o jovem Stravinsky misturou técnicas de compositores como Rimsky Korsakov, Debussy e Scriabin. O recurso a um conto tradicional, a uma orquestração colorida que contribui para a caracterização dos personagens e a melodias diatónicas que remetem para o universo da música tradicional russa poderiam situar o bailado no tardo-Romantismo. Contudo, a utilização de ostinati, o cromatismo associado a personagens do fantástico e a fragmentação dos motivos apontam para uma expansão da retórica musical da época. Com o sucesso do bailado, Stravinsky extrairia alguns dos seus momentos, proporcionando à obra uma maior circulação. Assim, compôs suites orquestrais baseadas no bailado O Pássaro de Fogo em 1911, em 1919, e em 1945.
Biografias
Matthias Pintscher é o Diretor Musical do Ensemble Intercontemporain e o Maestro Principal da Orquestra da Academia do Festival de Lucerna. Cumpre o sétimo ano como Artista Associado da Sinfónica Escocesa da BBC e foi o primeiro Artista em Residência na nova sala de concertos Elbphilharmonie, em Hamburgo.
Quando iniciou a sua formação como diretor de orquestra, com o compositor e maestro húngaro Peter Eötvös, a composição era ainda o domínio principal da atividade artística de Matthias Pintscher. Mais tarde, o seu tempo passou a ser dividido igualmente entre a composição e a direção de orquestra, sobretudo ao longo do período em que trabalhou com Pierre Boulez. Cedo ascendeu a uma posição de destaque junto da crítica, tendo então assumido a direção de orquestra como a sua atividade principal.
A temporada 16/17 incluiu projetos com a Filarmónica de Berlim, a Filarmónica de Los Angeles, a Orquestra de Cleveland, a Sinfónica de Dallas, a Sinfónica de Cincinnati, a Sinfónica da Rádio da Baviera, a Orquestra do Teatro Mariinsky, a Sinfónica da Rádio de Viena e a Deutsche Kammerphilharmonie Bremen, bem como uma digressão na Ásia com o Ensemble Intercontemporain para assinalar o 40.º aniversário do agrupamento. Como maestro convidado, dirigiu a Sinfónica da Rádio Dinamarquesa, a Sinfónica de Sydney, a Filarmónica de Nova Ioque, a Sinfónica de Chicago, a Orquestra de Câmara Mahler e a Filarmónica e Helsínquia, entre outras orquestras. Na presente temporada dirige pela primeira vez a Orquestra Gulbenkian.
Matthias Pintscher é um prolífico compositor, sendo as suas obras interpretadas pelas principais orquestras e músicos em todo o mundo. Em 2016, Alisa Weilerstein e a Sinfónica de Boston estrearam o seu concerto para violoncelo Un Despertar. Em abril de 2017, teve lugar a estreia da obra Shirim, para barítono e orquestra, com Bo Skovhus e a NDR Elbphilharmonie Orchester, em Hamburgo. Matthias Pintscher é também professor na Julliard School desde 2014. A sua música é publicada pela Bärenreiter-Verlag.
Quando iniciou a sua formação como diretor de orquestra, com o compositor e maestro húngaro Peter Eötvös, a composição era ainda o domínio principal da atividade artística de Matthias Pintscher. Mais tarde, o seu tempo passou a ser dividido igualmente entre a composição e a direção de orquestra, sobretudo ao longo do período em que trabalhou com Pierre Boulez. Cedo ascendeu a uma posição de destaque junto da crítica, tendo então assumido a direção de orquestra como a sua atividade principal.
A temporada 16/17 incluiu projetos com a Filarmónica de Berlim, a Filarmónica de Los Angeles, a Orquestra de Cleveland, a Sinfónica de Dallas, a Sinfónica de Cincinnati, a Sinfónica da Rádio da Baviera, a Orquestra do Teatro Mariinsky, a Sinfónica da Rádio de Viena e a Deutsche Kammerphilharmonie Bremen, bem como uma digressão na Ásia com o Ensemble Intercontemporain para assinalar o 40.º aniversário do agrupamento. Como maestro convidado, dirigiu a Sinfónica da Rádio Dinamarquesa, a Sinfónica de Sydney, a Filarmónica de Nova Ioque, a Sinfónica de Chicago, a Orquestra de Câmara Mahler e a Filarmónica e Helsínquia, entre outras orquestras. Na presente temporada dirige pela primeira vez a Orquestra Gulbenkian.
Matthias Pintscher é um prolífico compositor, sendo as suas obras interpretadas pelas principais orquestras e músicos em todo o mundo. Em 2016, Alisa Weilerstein e a Sinfónica de Boston estrearam o seu concerto para violoncelo Un Despertar. Em abril de 2017, teve lugar a estreia da obra Shirim, para barítono e orquestra, com Bo Skovhus e a NDR Elbphilharmonie Orchester, em Hamburgo. Matthias Pintscher é também professor na Julliard School desde 2014. A sua música é publicada pela Bärenreiter-Verlag.
O violinista francês Renaud Capuçon estudou com Gérard Poulet e Veda Reynolds no Conservatório Nacional Superior de Música de Paris, com Thomas Brandis em Berlim e posteriormente com Isaac Stern. Em 1988 foi convidado por Claudio Abbado para exercer as funções de concertino principal da Gustav Mahler Jugendorchester. Em 2000, foi nomeado “Novo Talento do Ano” e em 2005 “Solista Instrumental do Ano” nos Victoires de la Musique. Em 2006 recebeu o Prémio Georges Enesco (Sacem). Tendo-se afirmado a nível internacional, apresenta-se com as principais orquestras e maestros, mais recentemente com a Sinfónica de Chicago e B. Haitink, a Filarmónica de Los Angeles e D. Harding, a Filarmónica de Nova Iorque e C. Dutoit, a Philharmonia Orchestra e J. Valculha, a Orquestra de Câmara da Europa e Y. Nézet-Séguin, a Orquestra Nacional de França e D. Gatti, a Orquestra de Toulouse e T. Sokhiev, a Sinfónica NHK (Tóquio) e S. Denève, ou a Sinfónica de Viena e Ph. Jordan.
Em abril de 2007, estreou-se no Grande Auditório Gulbenkian, com o seu irmão Gautier, a Gustav Mahler Jugendorchester e o maestro Myung-Whun Chung. Em 2013 tocou, em Colónia, em estreia mundial, o concerto para violino Aufgang, de Pascal Dusapin, que lhe foi dedicado.
No domínio da música de câmara colaborou, entre outros, com Martha Argerich, Hélène Grimaud, Nicholas Angelich, Yefim Bronfman, Yuri Bashmet, Katia e Marielle Labèque, Mischa Maisky, Truls Mørk, Maria João Pires, Mikhail Pletnev, Gérard Caussé, ou Jean-Yves Thibaudet, nomeadamente em prestigiados festivais como os de Gstaad, Tanglewood, La Roque d’Anthéron, Lucerna, Lugano, Menton, Salzburgo, SaintDenis, Rheinghau, ou Verbier.
Em 2011, Reanud Capuçon foi nomeado Chevalier dans l’Ordre National du Mérite pelo Governo Francês. É diretor musical do Festival de Páscoa de Aix-en-Provence, que fundou em 2013, e diretor do festival Les Sommets Musicaux, em Gstaad. É também professor de violino na Escola Superior de Música de Lausanne. Toca o violino Guarneri del Gesu “Panette”, de 1737, que pertenceu a Isaac Stern.
Em 2011, Reanud Capuçon foi nomeado Chevalier dans l’Ordre National du Mérite pelo Governo Francês. É diretor musical do Festival de Páscoa de Aix-en-Provence, que fundou em 2013, e diretor do festival Les Sommets Musicaux, em Gstaad. É também professor de violino na Escola Superior de Música de Lausanne. Toca o violino Guarneri del Gesu “Panette”, de 1737, que pertenceu a Isaac Stern.
Fotos Jorge Carmona / Antena 2 RTP