Raul Brandão (1867-1930)
150 anos do nascimento
de Raul Brandão
Raúl Brandão, O Rei Imaginário
São duas peças impossíveis, curtas demais, intensas demais, aparentemente menores. De Raul Brandão, escritor maior que nos deu a mais bela obra do teatro em português (de longe, de longe), O Gebo e a Sombra. Publicados nos anos 20 na Seara Nova, estas duas peças brevíssimas afloram “alguns dos aspectos mais salientes de uma problemática já largamente debatida na sua obra anterior” diz o seu biógrafo, Guilherme de Castilho. Mas Luiz Francisco Rebello olhou – e bem – para os dois monodramas e viu que “as suas personagens aparentemente tão distintas, e mesmo opostas, são, ao fim e ao cabo, uma só e a mesma, ou melhor, a dupla face, o verso e o reverso da mesma criatura, o homem e o seu fantasma, a sua sombra.” (Raul Brandão, Teatro, Editorial Comunicação)
Raul Brandão nasceu a 12 de Março de 1867 nasceu na Foz do Douro e faleceu em Lisboa em 1930. Matriculou-se no Curso Superior de Letras, tendo criado, com António Nobre e Justino de Montalvão, o grupo iconoclasta Os Insubmissos, que coordenou a publicação de uma revista com o mesmo título. Dirige nos finais do século XIX, com Júlio Brandão e D. João de Castro, a Revista de Hoje e colabora no jornal Correio da Manhã. Com 24 anos de idade, decide deixar o curso de letras e muda-se para a Escola do Exército. Após o curso de oficiais tirado em Mafra, muda-se para Guimarães onde é colocado como alferes. Do seu percurso destacam-se várias obras: Impressões e Paisagens (1890), História de um Palhaço (1896), O Padre (1901), A Farsa (1903), Os Pobres (1906), El-Rei Junot (1912), A Conspiração de 1817 (1914), Húmus (1917), Memórias (vol. I, 1919), Teatro (1923), Os Pescadores (1923), Memórias (vol. II, 1925), As Ilhas Desconhecidas (1926), A Morte do Palhaço e o Mistério das Árvores (1926), Jesus Cristo em Lisboa (em colaboração com Teixeira de Pascoaes, 1927), O Avejão (1929), Portugal Pequenino (em colaboração com Maria Angelina Brandão, 1930), O Pobre de Pedir (1931), Vale de Josafat (vol. III das Memórias, 1933).