Jonathan Uliel Saldanha & Coral Tab + Coro Be Voice (Pt)
Nos últimos anos começou a compôr, nomeadamente para algumas encomendas institucionais, trabalho coral, pelo que achámos que seria uma óptima ocasião para o ter o TAB, grupo coral dos Trabalhadores da Autarquia do Barreiro, à disposição do Jonathan. Fundado em 1993, conta hoje com mais de 50 membros, e é dirigido desde a sua formação pelo Maestro Manuel Gonçalves, tal como o Coro juvenil B-Voice.
Charlemagne Palestine (Estados Unidos)
Apanhou com John Cage e a sua nova ciência para o conhecimento sobre música e som.
Assombrou com novas ideias o minimalismo novaiorquino dos 60s e 70s. Foi criando trabalho crucial de vídeo, escultura e multidisciplinaridade com bonecos de peluche, viagens loucas de mota, órgãos de igreja e o diabo a sete para provar que todos temos uma chance de entendimento através da anulação da parte desnecessária e supérflua do ego, e o investimento na boa fé e nas boas intenções.
Virtuoso nas suas próprias técnicas em piano, órgão de igreja, cálice de cristal cheio de conhaque ou vocalizações, vai fazer aqui o que lhe apetecer.
Quarteto de Sei Miguel (Pt)
Cruza jazz (linguagem central), a composição de todas as eras que estudou e habitou, a curiosidade e leitura própria sobre as utilizações da métrica, electricidade e electrónica, e gerou o seu personalizadíssimo método de escrita – para si e para os seus músicos -, que oferece a todos os seus trabalhos um tipo de visão e conhecimento aparte de qualquer outro músico e ideólogo que conhecemos.
Apresenta-se aqui com um quarteto que pela primeira vez inclui Bruno Silva (Osso, Ondness, Serpente, etc) na guitarra eléctrica, com o recente colaborador Pedro Castello Lopes na percussão, e a eterna e magnífica Fala Mariam no trombone.
Casa Futuro (Pt/Suécia)
Regressam agora a palco, nesta configuração que mostra o sax tenor do Pedro Sousa mais lírico, melodista e abstracto do que é costume; o contrabaixo de Berthling no seu melhor, num registo contemporâneo vindo dos clássicos trios de jazz; e a bateria do Gabriel, sempre um espanto, à procura de inventar mundos novos dentro de si, e na colaboração com os seus colegas. A ver onde nos leva esta rara banda intracontinental recorrente, num meio que tão pouco nelas realmente investe.
Lolina (Rússia)
Natural da Rússia, a artista vive já há vários anos em Londres, e é da história dessa cidade que conseguimos tentar vislumbrar algumas das referências aqui. O punk mais melancólico da viragem local dos 70s para os 80s, entre os primeiros Television Personalities e o “Ghost Town” dos Specials, que na verdade se serviam, tal como ela de uma maneira contemporânea, de fazer um retrato fantasmático de uma cidade desprovida de uma direcção clara. São canções perdidas numa assimilação só moderadamente sarcástica das funcionalidades da vida pós-AirBnB e demais coisas do capitalismo grotesco em piloto automático, que tenta resgatar nessa distância algum tipo de sanidade no meio de mais uma capital europeia sem qualquer noção de cidadania. Um projecto lateral para manter a cabeça funcionar, de uma das criadoras mais curiosas e bravas deste século na criação independente europeia.
This Is Not This Heat (Reino Unido)
Electricidade, acústica, colagem, electrónica, loops, composição, improvisação, melodia, atonalidade, caos, ordem. Baladas, rock and roll, música concertista, ruído organizado, processos técnicos virados poesia… a forma sempre utilizada como função artística.
Influenciaram milhentos artistas curiosos e curiosas desde então. Todos continuaram, com maior ou menor visibilidade a fazer música, mas até ao ano transacto, não tinham voltado a tocar, até que o farol londrino Cafe Oto os convidou para voltarem ao palco. Esta é uma das poucas aparições que fizeram desde então, onde revisitam com toda a fome um material eterno. São os This Heat, não são os This Heat, mas a música é deles, e deles só.
Jejuno (Pt)
Soa tudo muito caro, mas na verdade o que rola é que ela pega em capacidades fantasmáticas do techno e do house, mas nunca perdendo o seu eixo, que é o do instinto, das visões e das assombrações e sonhos pessoais, muitas delas partilhadas com outras e outros seus concidadãos e concidadãs, e acaba criando novos mundos-momentos a cada viagem, concerto ou trabalho publicado.
Tem editado e actuado com cada vez maior regularidade, mesmo depois da desfeita que Viena nos fez quando a raptou de nós. Primeira actuação desta recém expatriada depois da facada.
Simon Crab (Reino Unido)
Músico aparentemente curioso por todas as formas de música e de expressão sonora, acaba por ficar mais nas franjas da história da electrónica independente europeia nas últimas três décadas, por se ter ligado a um circuito ligado aos squats e à inviabilidade mediática do em igual medida funcional e disfuncional circuito punk. Nada que o pareça perturbar, no seu cruzamento de todas as formas de electrónica, analógica e digital, miscigenação globalista de vocabulários musicais, abolição crassa de ideias de alta e baixa cultura e carácter bravo dos seus trabalhos recentes.
Alex Zhang Hungtai / David Maranha / Gabriel Ferrandini (Canada/Pt)
Na capital portuguesa deparou-se com várias personagens e com o seu próprio momento na busca por todas as coisas. Ao longo do processo, surgiram David Maranha, figura recorrente das músicas experimentais portuguesas ao longo dos últimos 30 anos, e Gabriel Ferrandini, torrente técnica, matérica e inquisitiva nos últimos anos do panorama local e nacional, e cada vez mais do jazz europeu
Como raras vezes ocorre, fizeram deste encontro intercontinental uma coisa regular. Gravaram dois discos, um deles publicados até à data. Fizeram várias datas em Portugal e uma longa digressão pela Europa. O Alex regressa agora por outra temporada a uma cidade que sempre o tem acolhido com entusiasmo para mais um capítulo deste trio de exorcismos, novas descobertas entre os vocabulários do rock, do free jazz, da improvisação, do minimalismo, e absolutamente sempre em busca de alto risco de algo novo.
Nocturnal Emissions (Reino Unido)
No mosaico praticamente impossível de sistematizar da sua carreira, detectamos um apreço enorme pela independência criativa, que perpassa a música concreta/concretista, a afronta dos verdadeiros punks, a electroacústica, uma ideia melodista/harmonista da percussão e dos sons contínuos, os espectros de vários músicas de danças tribais anciãs e contemporâneas, e um espírito de permanente busca pelo avanço pessoal e artístico. Vadios iluminados daqueles bons, como se quer.
GYUR (Pt)
Gyur é, tal como Bleid (que actuou no OUT.FEST 2015), parte da CRATERA, um grupo de jovens criadores de ‘conteúdos digitais’ com epicentro na difusa Grande Lisboa. Através do bandcamp do colectivo editou em Fevereiro último o primeiro disco, “Garble”, produzido, misturado, masterizado e com artwork pelo autor. Temas cascantes, de ataques rítmicos cyber punk levedantes, com um sentido narrativo cognitivamente desafiante.