A violetista Teresa Macedo Ferreira venceu o Prémio Maestro Silva Pereira / Jovem Músico do Ano 2025 e o prémio do Círculo Richard Wagner. Teresa iniciou a sua formação musical no Conservatório de Música Calouste Gulbenkian de Braga (onde foi aluna de Dírio Alves), licenciou-se com First Class no Royal Conservatoire of Scotland, sob a orientação de Duncan Ferguson, e em 2024 concluiu o Guildhall Artist Masters, com distinção, na Guildhall School of Music & Drama, onde estudou com German Clavijo e Matthew Jones. Atualmente, estuda com Razvan Popovici no Royal Conservatory of Antwerp (Bélgica). Este ano tinha já recebido o primeiro prémio em Viola – Nível Superior, do Prémio Jovens Músicos e com o Auer-von-Welsbach-Preises durante a masterclass internacional Althofen 2025, na Áustria. Este ano integrou a 32ª digressão da Orquestra XXI e está, atualmente, em trial para a posição de chefe de naipe da Ulster Orchestra.
A violinista Beatriz Li Rosão foi outra das vencedoras da noite, tendo sido escolhida para representar Portugal no Eurovision Young Musicians, a realizar em 2026 na Arménia. Beatriz, nascida em 2006, iniciou os estudos com cinco anos de idade com Filipa Poêjo na Academia de Música de Lisboa. Aos 13 anos começou a estudar com Vítor Vieira, completando o ensino secundário com José Pereira. Frequentou masterclasses com Mihaela Martin, Henning Kraggerud, Alf Richard, Stephan Picard, Álvaro Pereira, Francisco Lima, Kirill Troussouv, entre outros. Em 2023 recebeu o primeiro prémio no Concurso Nacional de Cordas “Vasco Barbosa”, apresentando-se consequentemente com a Camerata Atlântica. Em 2023 e 2025 recebeu, respetivamente, o segundo e o primeiro prémio em Violino – Nível Médio do Prémio Jovens Músicos. Atualmente estuda com Vera Beths no Conservatorium van Amsterdam e integra a Nationaal Jeugdorkest.
Um terceiro prémio foi ainda entregue esta noite. Telmo Rocha venceu o prémio da União Europeia de Concursos Musicais Para Jovens. O jovem trompista, natural da Ilha Terceira, iniciou os estudos musicais na Sociedade Filarmónica Rainha Santa Isabel das Doze Ribeiras e, mais tarde, ingressou no Conservatório Regional de Angra do Heroísmo, na classe de Edgar Marques. É licenciado pela Escola Superior de Música de Lisboa, onde integrou a classe dos professores Paulo Guerreiro e Luís Vieira. Telmo foi selecionado para integrar Gustav Mahler Jugendorchester e a European Union Youth Orchestra, e toca regularmente em diversas orquestras e ensembles profissionais nacionais.
Os solistas laureados em concerto
SABER MAISSolistas laureados com a Orquestra Gulbenkian
A Orquestra Gulbenkian, dirigida por Pedro Neves, abriu o Concerto dos Solistas Laureados de 2025 com a Abertura Para Orquestra de Grażyna Bacewicz. Depois, um a um, os solistas laureados foram entrando em palco.
Duarte Maia (clarinete) apresentou um excerto do Concerto para clarinete e orquestra de Aaron Copland. Depois foi a vez do saxofonista Guilherme Sousa, com um excerto do Concerto para saxofone e orquestra de Alexandre Glazunov. Os dois primeiros andamentos do Concerto para trompa e orquestra nº 2 de Richard Strauss serviram a apresentação de Telmo Rocha (trompa). Por sua vez, Teresa Macedo Ferreira (viola) trouxe ao palco o segundo e terceiro andamentos do Concerto para viola e orquestra de William Walton. E, a fechar o grupo dos cinco solistas laureados, Beatriz Li Rosão (violino) tocou o primeiro andamento do Concerto para Violino e Orquestra em ré maior op. 35 de Pyotr Ilyitch Tchaikovski.
A fechar o concerto a orquestra fez a estreia mundial de Rasgos de Luz, de Carlos Lopes, obra vencedora do Prémio de Composição SPA/Antena 2 (2025).
Música de Câmara em três frentes
O primeiro dos dois concertos do dia no Grande Auditório apresentou os Laureados de Música de Câmara de 2025, com os grupos TakitEPME (nível médio), Kodu Percussion Group (nível superior), aos quais se juntou depois o Ensemble Instrumental da Beira Interior – BEYRA – Laboratório Artístico (grupo convidado).
Os TakitEPME, constituídos por Alexandre Barbosa, Gaspar Costa e Miguel Coelho, nascidos no âmbito de um projeto da disciplina de música de câmara do Curso de Percussão da Escola Profissional de Música de Espinho. apresentaram Relative Riffs (The Riff Within) de Alejandro Viñao e Estudios e Interlúdios (Estudo Cromático) de António Pinho Vargas. O Kodu Percussion Group, ou seja, Ismael Gouveia, Jaime Pereira e Miguel Pires, no seio da disciplina de música de câmara da ESART, por sua vez, interpretaram Okho de Iannis Xenakis.
A fechar o programa o Ensemble Instrumental da Beira Interior – BEYRA – Laboratório Artístico levou ao palco do Grande Auditório da Fundação Calouste Gulbenkian o primeiro andamento do Trio com piano nº 1 em dó menor, op. 8 de Dmitri Chostakovitch e Como se Fosse um Filho, de Pedro Lima.
Laureados de Música de Câmara
SABER MAISMúsica e inclusão numa conversa ao início da tarde
Música, inclusão e desenvolvimento estiveram no centro das atenções na mesa redonda que, depois de um momento musical com Zabya Abo Aljadayel (voz), abriu este segundo dia, numa mesa redonda moderada por Ana Teles.
Helena Lima abordou o caso da Orquestra Geração, que trabalha um espaço de envolvimento com a música em comunidades. “Tem na sua matriz abrir oportunidades, abrir caminhos, explorar contextos culturais e educativos em comunidades que não tinham acesso a estas práticas”, explicou. A orquestra nasceu em 2007, inicialmente “por desafio da Câmara da Amadora ao Conservatório e no qual a Fundação Gulbenkian também teve um papel importante”. Alargou-se depois a outros municípios e desenvolveu uma metodologia de trabalho tendo como referência o El Sistema venezuelano, que tem como expressão maior a Orquestra Simon Bolívar. Ensinar a trabalhar em conjunto e a valorização da música são princípios basilares a este projeto que, como lembrou Helena Lima, não tem como objetivo “em primeiro lugar o de formar músicos mas trazer para estas comunidades uma vivência musical que não estava nas suas práticas”. A Orquestra Geração tem atualmente o seu trabalho alargado a cinco municípios da área de Lisboa, Coimbra, Castanheira de Pêra e também em Évora.
Pedro Carneiro, que ainda ontem dirigiu na Gulbenkian o concerto no qual a Jovem Orquestra Portuguesa (JOP) acompanhou o oboísta Pedro Moreira, Jovem Músico do Ano 2024, falou sobre este projeto de que é co-fundador e diretor artístico e que nasceu em em 2007 nos arredores de Lisboa. Pedro Carneiro contou que procuraram em primeiro lugar “algo ligado à comunidade”. E assim ele e os demais fundadores da JOP deram por si a “imaginar uma orquestra diferente, ligada ao pensamento, à dança, à consciência corporal, a uma certa rotatividade dos músicos, poder tocar de memória, em pé, fazer com que os ensaios fossem menos ditados pelo maestro e mais pela força do intelecto dos intérpretes”, descreveu. Ao longo desta “viagem de 18 anos surgiram planos B extraordinários” e, acrescentou, o mote “nascemos para ajudarmos inspirar músicos e artistas a transformar o mundo” foi-se “cimentando”.
Também nesta mesa redonda Marco Martin, da Fundação Aga Khan, falou sobre o trabalho da fundação com crianças e jovens, referindo que muitas vezes são convidados a intervir em territórios com demografias que refletem “pirâmides etárias invertidas”, referindo o seu caso particular com trabalhos na zona de Sintra. “Os jovens facilmente em territórios em territórios considerados em situações de vulnerabilidade habitualmente são percepcionados por algo que podem não ser. Este medo dos desconhecidos”, referiu. E a Fundação, sublinhou, tem criado oportunidades que eles possam construir: “E quando constroem encontram outras pessoas que querem também construir e as pessoas passam a ter nome, passam a ter os mesmos motivos. E com isso surgem inclusive recuperações de património, estúdios comunitários… Vão construindo os seus sons, muitas vezes mais ligados ao hip hop, ao rap, mas que transmitem narrativas que precisam de ter veículo”. E aqui, sublinha, encontra eco com as outras duas experiências levadas a esta mesa redonda.
Música, inclusão e desenvolvimento, em mesa redonda | Festival Jovens Músicos 2025
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O epicentro será uma vez mais o edifício da sede da Fundação Calouste Gulbenkian, com programação de entrada livre, que terá cobertura a par e passo numaa emissão da Antena 2 que começa pelas 16h30, e será igualmente acompanhada nas redes sociais da rádio (Instagram e Facebook) e no site, que estará em permanente atualização.
A jornada começa à tarde, no Auditório 2, com uma mesa redonda sobre tradições musicais árabes e portuguesas, que será precedida, pelas 16h30, por um momento musical com Zabya Abo Aljadayel (voz). Depois a conversa, moderada por Ana Telles, ficará entregue a Helena Lima, Marco Martin e Pedro Carneiro.
Às 18h00 teremos o primeiro dos dois concertos do dia no Grande Auditório. Será o Concerto dos Laureados de Música de Câmara de 2025, com os grupos TakitEPME (nível médio), Kodu Percussion Group (nível superior) e ainda o Ensemble Instrumental da Beira Interior – BEYRA – Laboratório Artístico (grupo convidado). O programa aqui incluirá obras de Alejandro Viñao, António Pinho Vargas, Iannis Xenakis, Dmitri Chostakovitch e Pedro Lima.
À noite, às 21h00, teremos o Concerto dos Solistas Laureados de 2025, que serão acompanhados pela Orquestra Gulbenkian, dirigida por Pedro Neves. Pelo palco vão passar Duarte Maia (clarinete), Guilherme Sousa (saxofone), Telmo Rocha (trompa), Teresa Macedo Ferreira (viola) e Beatriz Li Rosão (violino). O programa inclui a estreia mundial de Carlos Lopes “Rasgos de Luz”, obra vencedora este ano do Prémio de Composição SPA/Antena 2. O programa incluirá ainda obras de Grażyna Bacewicz, Aaron Copland, Alexandre Glazunov, Richard Strauss, William Walton e Pyotr Ilyitch Tchaikovsky.
Depois deste concerto ficaremos a saber quem é o Jovem Músico do Ano e ainda quem irá representar Portugal no Eurovision Young Musicians, em 2026.
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