10 e 12 Abril | 00h00
Um programa de Inês Almeida
Gravação pela Antena 2/RTP
no Grande Auditório da Fundação Gulbenkian,
em Lisboa, a 24 de Janeiro de 2019Mahsa e Marjan Vahdat
Programa
Música Persa
[Dia 10 Abril]
Para escutar a 1ª parte do Concerto, clicar aqui.
O Sol vai nascer | poema de Forough Farrokhzad
Grou | poema de Mohammad Ebrahim Jafari
Noite colorida | poema de Forough Farrokhzad
Diálogo com o meu amado | poema de Hafez
Contemplando o crepúsculo | poema de Mohammad Ebrahim Jafari
[Dia 12 Abril]
Para escutar a 2ª parte do Concerto, clicar aqui.
O voto | poema de Hafez
Rei do amor | poema de Rumi
A minha bela amada | poema de Hafez
Ey Amman | poema de Aref Ghazvini
Mahsa e Marjan Vahdat são duas irmãs iranianas, nascidas nos anos 1970 e criadas na tradição da música persa. É a esse reportório que se têm dedicado nos últimos 20 anos, insuflando-lhe nova vida e conquistando um leque de admiradores cada vez mais alargado. Desde o início, as suas vozes encantatórias são colocadas ao serviço dos nomes maiores da poesia persa, em especial Rumi e Hafez. Intérpretes de uma música de notório fervor espiritual, as irmãs dedicam-se também à luta pelo reconhecimento do lugar capital que as mulheres ocupam na música e na sociedade iranianas.
Num artigo publicado pelo site Qantara, em
2015, era descrita de forma sucinta e perfeita
a postura com que as duas irmãs iranianas
Mahsa e Marjan Vahdat fazem coincidir
ações musicais e políticas: Mahsa surgia num
curto vídeo a cantar, debaixo das belíssimas
arcadas de uma ponte, para os transeuntes
que por ali se encontravam àquela hora da
noite. Acontece que a interpretação de canções
tradicionais persas naquele local (a Ponte Khaju,
na cidade de Esfahan), a que acorrem grandes
ajuntamentos todas as noites, está proibida
há alguns anos – continua a acontecer, mas é
sempre interrompida pelas autoridades.
2015, era descrita de forma sucinta e perfeita
a postura com que as duas irmãs iranianas
Mahsa e Marjan Vahdat fazem coincidir
ações musicais e políticas: Mahsa surgia num
curto vídeo a cantar, debaixo das belíssimas
arcadas de uma ponte, para os transeuntes
que por ali se encontravam àquela hora da
noite. Acontece que a interpretação de canções
tradicionais persas naquele local (a Ponte Khaju,
na cidade de Esfahan), a que acorrem grandes
ajuntamentos todas as noites, está proibida
há alguns anos – continua a acontecer, mas é
sempre interrompida pelas autoridades.
Mais
ainda tratando-se de uma mulher, uma vez que
às mulheres não é autorizado cantar em público,
a menos que o façam para uma assistência
exclusivamente feminina.
A imagem é perfeita porque o percurso das duas
irmãs assenta exatamente nestes dois vetores
fundamentais: a recuperação do riquíssimo
património musical e poético da Pérsia, com
destaque para as palavras de Hafez (que Mahsa
cantava nessa ocasião, na Ponte Kahju) e de Rumi,
e a luta constante pela conquista de direitos
plenos para as mulheres na sociedade iraniana.
ainda tratando-se de uma mulher, uma vez que
às mulheres não é autorizado cantar em público,
a menos que o façam para uma assistência
exclusivamente feminina.
A imagem é perfeita porque o percurso das duas
irmãs assenta exatamente nestes dois vetores
fundamentais: a recuperação do riquíssimo
património musical e poético da Pérsia, com
destaque para as palavras de Hafez (que Mahsa
cantava nessa ocasião, na Ponte Kahju) e de Rumi,
e a luta constante pela conquista de direitos
plenos para as mulheres na sociedade iraniana.
Mas para que essas duas valências da obra de
Mahsa e Marjan possa ser explorada de forma
livre e consequente, a carreira de ambas tem sido
construída a partir do exterior. E tem-lhes valido
o mais entusiasta aplauso de publicações como
o jornal The Guardian ou a revista Songlines –
onde Simon Broughton escreveu que o “espantoso
acerca das irmãs é não apenas a sua resiliência
tranquila, mas igualmente o facto de trazerem
consigo um sentido de libertação, transcendência
e beleza a um público completamente diferente”.
Mahsa e Marjan possa ser explorada de forma
livre e consequente, a carreira de ambas tem sido
construída a partir do exterior. E tem-lhes valido
o mais entusiasta aplauso de publicações como
o jornal The Guardian ou a revista Songlines –
onde Simon Broughton escreveu que o “espantoso
acerca das irmãs é não apenas a sua resiliência
tranquila, mas igualmente o facto de trazerem
consigo um sentido de libertação, transcendência
e beleza a um público completamente diferente”.
Dentro das fronteiras do Irão, têm-se dedicado
sobretudo à transmissão do canto feminino a
outras mulheres que, por enquanto, se encontram
também interditadas de cantar em público. Mas
é essa força e essa delicadeza que se ouve nas suas
vozes, como se em cada concerto escutássemos
não apenas os poetas longínquos, mas também
as vozes silenciosas, num deslumbramento que
é uma contínua revelação.
sobretudo à transmissão do canto feminino a
outras mulheres que, por enquanto, se encontram
também interditadas de cantar em público. Mas
é essa força e essa delicadeza que se ouve nas suas
vozes, como se em cada concerto escutássemos
não apenas os poetas longínquos, mas também
as vozes silenciosas, num deslumbramento que
é uma contínua revelação.
Fotos Jorge Carmona / Antena 2