29 Junho | 18h00
Programa Mezza-Voce
Apresentação e Realização: André Cunha Leal
Produção: Susana Valente
no Grande Auditório da Fundação Gulbenkian,
em Lisboa,
a 15 de Maio de 2018
Duas Óperas para a Paz
Jean Baptiste Lully – Idylle sur la Paix | Marc-Antoine Charpentier – Les arts florissants
Espetáculo semi-encenado
Ana Quintans, Soprano
Eduarda Melo, Soprano
Joana Seara, Soprano
Iris Oja, Meio-Soprano
André Lacerda, Tenor
Fernando Guimarães, Tenor
Hugo Oliveira, Barítono
Tiago Mota, Baixo
Ludovice Ensemble
Direção e Cravo, Fernando Miguel Jalôto
Durante o período Barroco as vitórias militares eram saudadas com fanfarras, celebradas com liturgias solenes e festejadas em bailes e óperas. Mas, num século manchado pelo sangue de tantas batalhas, os compositores e poetas pressentiam que, mais importante do que festejar a Vitória, era construir a Paz. Em 1685, Lully (1639-1699) e Charpentier (1643-1704) escreveram duas pequenas obras-primas (Idílios em Música) que, para além de celebrarem os sucessos de Luís XIV, cantam sobretudo a Paz como dom indispensável ao florescimento das Artes e à construção da Civilização. Passados 333 anos, esta é uma mensagem que permanece atual e indispensável.
Para este espetáculo o Ludovice Ensemble recupera a componente dramática original das obras tal como foram apresentadas. O encenador Jean-Denis Monory, um especialista em teatro barroco, explora o poder expresso da géstica, entoação e pronúncia da época, numa abordagem muito contemporânea e que nos ajuda a estabelecer pontes com o nosso tempo.
Ana Quintans @DR
Para saber mais, consultar a
Folha de Sala,
aqui.
Mais de 300 anos depois, as obras de Charpentier e Lully conservam uma vitalidade e um poder expressivo inabaláveis e muito atuais. Ambos exerceram considerável influência sobre os seus contemporâneos e as gerações posteriores, mas em Portugal permanecem quase desconhecidos.
A glória de Charpentier reside nos famosos oito compassos do seu Te Deum, usados como indicativo da Eurovisão, mas de Lully ninguém consegue sequer assobiar a melodia de um minueto… A sua memória depende exclusivamente da famosa pilhéria sobre o dedo do pé esmagado pelo pesado batton que usava para dirigir e que lhe provocou a morte. As obras de ambos os compositores continuam escandalosamente ausentes do repertório, com exceção do já estafado Te Deum.
O Ludovice Ensemble tem pois muito orgulho no seu solitário esforço de divulgação da música barroca francesa em Portugal. A escolha deste programa, resposta a uma desafiante, mas aliciante, proposta de Risto Nieminen, constitui ainda uma discreta homenagem a Michel Corboz, maestro titular do Coro Gulbenkian e um dos primeiros grandes músicos a reconhecer e a defender o valor de Charpentier, interpretando e gravando com regularidade várias das suas obras, frequentemente em estreia mundial.
O
Ludovice Ensemble é um grupo especializado na interpretação de música antiga. Foi criado em 2004 por Fernando Miguel Jalôto e Joana Amorim com o objetivo de divulgar o repertório de câmara vocal e instrumental dos séculos XVII e XVIII, através de interpretações historicamente informadas e usando instrumentos antigos.
O seu nome homenageia o arquiteto e ourives alemão Johann Friedrich Ludwig (1673-1752), conhecido em Portugal como Ludovice. O grupo trabalha regularmente com os melhores intérpretes especializados, portugueses e estrangeiros. Apresentou-se nos principais festivais em Portugal e é uma presença regular no Centro Cultural de Belém (CCB) e na Fundação Gulbenkian. Em 2011 representou Portugal no encontro do Réseau Européen de Musique Ancienne, na Casa da Música. No estrangeiro, atuou no festival Laus Polyphoniae do AMUZ de Antuérpia, no festival Oude Muziek (Utrecht), nos festivais de La Chaise-Dieu, Musiques en Vivarais-Lignon e Festes Baroques (França), no festival de Música Barroca de Praga, no Festival Felicja Blumental (Telavive) e na Universidade Mórmon de Jerusalém. É uma presença regular em Espanha, nos Festivais de Música Antiga de Aranjuez, de Daroca e de Peñíscola, no festival Camiños de Santiago de Jaca, no Ciclo das Artes de Lugo, no Febrero Lirico do Real Coliseo Carlos III – San Lorenzo del Escorial, na Semana de Musica Antigua de Vitoria-Gasteiz e no Festival de Badajoz.
Gravou ao vivo para a Antena 2, a Rádio Nacional Checa e o canal Mezzo. O seu primeiro CD (Ramée/Outhere) foi nomeado em 2013 para os prestigiados prémios ICMA, na categoria de Barroco Vocal. Colaborou com o Huelgas Ensemble de Paul Van Nevel e com o violinista italiano Enrico Onofri. No CCB, apresentou recentemente Le Bourgeois Gentilhomme, de Molière/Lully, e as Vésperas de Monteverdi. Em outubro de 2017 trouxe ao Grande Auditório Gulbenkian um programa único de música barroca judaica sefardita. Os projetos para 2018 incluem: a oratória Cain overo il primo omicídio, de A. Scarlatti (CCB); três concertos no Festival de Música Antiga dos Pirenéus (cantatas barrocas portuguesas); o Cancioneiro de Elvas, no Festival Ibérico de Badajoz; um concerto com música do Barroco húngaro no Festival Terras sem Sombra; e dois concertos com as Leçons de Ténèbres de Couperin.