1 maio | 21h00
Grande Auditório
Realização e Apresentação: Reinaldo Francisco
Produção: Susana Valente
Gravação pela RTP / Antena 2
no Grande Auditório da Fundação Gulbenkian, em Lisboa
a 19 de fevereiro de 2024
Sonatas e Partitas de Bach II
Mario Brunello, violoncelo piccolo
Programa
Johann Sebastian Bach
– Sonata nº 2 em Lá menor, BWV 1003
– Partita nº 3 em Mi Maior, BWV 1006
– Sonata nº 3 em Dó maior, BWV 1005
Segundo recital do violoncelista Mario Brunello, na temporada de 2023/24 da Gulbenkian, dedicado às Sonatas e Partitas de J. S. Bach. Após 30 anos de regresso regular às inevitáveis Suites para Violoncelo solo, Brunello adotou o violoncelo piccolo para poder interpretar as Partitas e Sonatas que o compositor germânico criou para o violino.
Em entrevista, explicaria que estas peças “são todo um outro mundo, desconhecido para um violoncelista”, com uma “linguagem e arquitetura musicais que não existem no reportório para violoncelo solo”.
Essa original abordagem tem expandido de forma admirável o alcance técnico e expressivo de Brunello.
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O presente recital consiste em obras de Johann Sebastian Bach escritas para violino solo e transcritas para violoncelo piccolo, instrumento muito usado no Barroco. Com quatro ou cinco cordas e variadas afinações, pensa-se que algumas obras destacadas para violoncelo foram destinadas a essa versão do instrumento. As passagens que Johann Sebastian Bach incluiu nas cantatas de Leipzig podem ter sido concebidas para os instrumentos construídos pelo seu colega Johann Christian Hoffmann, ativo nessa cidade. O violoncelo piccolo de Mario Brunello é uma réplica de um Amati de 1600, tem quatro cordas e partilha a afinação do violino, uma oitava abaixo. Assim, o timbre e o registo tornam-no ideal para interpretar transcrições do repertório violinístico.
O manuscrito das sonatas e partitas, obras ímpares da literatura para o instrumento, data de 1720, altura em que Bach trabalhava em Cöthen. Na cidade, o compositor dedicou-se à escrita de música profana e de peças didáticas e é provável que as obras deste programa tenham sido apresentadas na corte.
Após um período de relativo esquecimento, as sonatas e partitas foram recuperadas na segunda metade do século XIX, integrando programas de recital e de ensino do violino. Bach inspirou-se nos estilos contrastantes da sua época: as sonatas remetem para Itália, nos andamentos livres e de caráter improvisado, e as partitas evocam o estilo francês, com regularidade das suas danças de corte. Contudo, o compositor não emulou acriticamente os modelos; misturou-os e transformou-os numa síntese criativa do Barroco Tardio. A recriação de percursos harmónicos e texturas contrapontísticas em instrumentos monofónicos e a abordagem livre às texturas de dança são alguns desafios colocados por estas obras.
Mario Brunello | Um dos mais fascinantes, completos e solicitados artistas da sua geração. É solista, maestro e músico de câmara e recente pioneiro de uma nova sonoridade, com o seu violoncelo piccolo. Venceu o Concurso Tchaikovsky, em Moscovo, em 1986 e o seu estilo autêntico e apaixonado levou-o a colaborar com importantes maestros como Antonio Pappano, Myung-whung Chung, Yuri Temirkanov, Zubin Mehta, Ton Koopman, Manfred Honeck, Riccardo Muti, Daniele Gatti, Seiji Ozawa, Riccardo Chailly e Claudio Abbado.
Ao longo de uma longa carreira, Mario Brunello tocou com as mais prestigiadas orquestras do mundo, incluindo a Sinfónica de Londres, a Filarmónica de Londres, a Orquestra de Filadélfia, a Sinfónica de São Francisco, a Sinfónica NHK de Tóquio, a Filarmónica da Radio France, a Filarmónica do Teatro alla Scala ou a Filarmónica de Munique, para citar apenas algumas.
Brunello toca um precioso violoncelo Maggini do início do século XVII, ao qual acrescentou, nos últimos anos, o violoncelo piccolo de quatro cordas. Este instrumento, muito utilizado na época barroca, é construído com a afinação típica do violino (Mi, Lá, Ré, Sol), mas uma oitava abaixo, mantendo assim a profundidade e os matizes mais escuros típicos do violoncelo. Foram precisamente essas peculiaridades que levaram Brunello a explorar as obras-primas musicais do repertório para violino de Bach, Vivaldi, Tartini e contemporâneos.
A gravação integral das Sonatas e Partitas de J. S. Bach no violoncelo piccolo (Arcana, 2019) recebeu os elogios da crítica nacional e internacional. Um segundo álbum, intitulado Sonar in Ottava (2020), foi recebido com entusiasmo unânime pelo público e pela crítica (“Melhor Gravação de Concerto de 2020”, pela BBC Music Magazine). Nesta gravação, Mario Brunello e Giuliano Carmignola revisitam os Concertos Duplos de Bach e Vivaldi, com uma nova sonoridade para violino e violoncelo piccolo. O potencial deste instrumento é plenamente explorado no terceiro álbum dedicado a Giuseppe Tartini, nos 250 anos da sua morte; premiado com o Diapason d’Or, inclui Sonatas e Concertos de Vandini, Meneghini e Tartini, com a Accademia dell’Annunciata. O álbum Sei Suonate à cembalo certato è violoncello piccolo solo (BWV 1014-1019) veio enriquecer a trilogia Brunello Bach Series para a Arcana/Outhere, concluída em janeiro de 2023 com o CD intitulado Bach Transcriptions; um engenhoso programa dedicado a transcrições de Concertos de Bach para vários instrumentos, com Brunello no violoncelo piccolo, novamente acompanhado pela Accademia dell’Annunciata.
Da estreita colaboração com a Kremerata Baltica e Gidon Kremer nasceram duas gravações excecionais: The Protecting Veil de Tavener, no Festival Lockenhaus, e Searching for Ludwig (novembro de 2020) – tributo a Beethoven, na qual dois quartetos de Beethoven, em versão para orquestra de cordas, dividem o palco com peças contemporâneas, de Léo Ferré e Giovanni Sollima, inspiradas em Beethoven.
Mario Brunello é o Diretor Artístico do Festival Arte Sella e dei Suoni delle Dolomiti. Desde outubro de 2020 é também Diretor Artístico do Festival di Stresa, sucedendo a Gianandrea Noseda.
Bach I | Mario Brunello | 19 fevereiro | 21h00
SABER MAISFotos Jorge Carmona / Antena 2