Após um primeiro momento realizado em Junho, neste ano excecional, a 17ª edição do OUT.FEST regressa e conclui-se no seu período habitual, em Outubro, com mais música nova, música desafiante, irrepetível, inclassificável, original.
OUT.FEST – Festival Internacional de Música Exploratória do Barreiro
4 e 9 Outubro
Desde 2004 que o
OUT.FEST tem trazido ao Barreiro, a mais fundamental música destes tempos.
Entre os dias 4 e 9 voltam a ser abertas portas descentralizadas na cidade do Barreiro: o Anfiteatro do Parque Paz & Amizade, o Auditório Municipal Augusto Cabrita, o Museu Industrial da Baía do Tejo, a Biblioteca Municipal do Barreiro, a SDUB “Os Franceses” e a Igreja de Santa Maria.
Na programação, destaque para a continuidade do programa paralelo
REMAIIN, que promove a música experimental europeia com raízes noutras culturas do mundo, no âmbito do qual o OUT.FEST traz, em dose dupla, a música da histórica compositora francesa Eliane Radigue (com uma das suas obras mais icónicas e pela interpretação de trabalhos recentes, um dos quais em estreia mundial), mas também promove a estreia nacional da francesa residente em Berlim Jessica Ekomane, e, ainda, uma primeira colaboração pública, entre o português João Pais Filipe e Manongo Mujica, compositor e percussionista peruano ligados às primeiras vanguardas daquele país sul-americano na segunda metade do séc. XX.
Programação
4 Outubro | 17h30
Auditório da Biblioteca Municipal do Barreiro
Conversa com João Pais Filipe e Manongo Mujica (Portugal / Perú)
No âmbito do projeto REMAIIN, que explora as influências extra-europeias na música de vanguarda do velho continente, João Pais Filipe conversa com o OUT.FEST a propósito do seu trabalho de percussionista e construtor de instrumentos – e, em particular, gongos – ambos repletos de referências globais e pan-culturais. Manongo Mujica, compositor peruano que se apresenta ao vivo com João Pais FIlipe neste OUT.FEST, dá também o seu contributo para esta troca de ideias e experiências.
4 Outubro | 21h30
Museu Industrial da Baía do Tejo.
Éliane Radigue ‘Kyema’ (Difusão) por Caroline Profanter (França / Itália)
Numa união de esforços entre a OUT.RA e o projeto REMAIIN, o OUT.FEST apresenta duas peças da gigante Éliane Radigue, entregues, na sua impossibilidade de comparecer de corpo presente, a intérpretes da confiança absoluta da Senhora.
Nome histórico e incontornável da composição electrónica com um corpo de trabalho impressionante e verdadeiramente pioneiro que remonta à década de 50 e continua ainda hoje, focado desde a viragem para este século na composição para instrumentos acústicos.
Nesta primeira sessão é iluminado o território vivo de Radigue em torno da eletrónica, aquele que explorou afincadamente durante cinco décadas e que mais imediatamente associamos à compositora francesa.
Capítulo introdutório daquela que é talvez a mais imponente peça da sua obra – a par de ‘Adnos’? -, o tríptico ‘Trilogie De La Mort’ composto entre 1988 e 1993, ‘Kyema’ inspira-se no ‘Bardo-Thodol’ ou ‘O Livro Tibetano da Vida e da Morte’ para daí se afirmar como uma meditação sónica paciente e única sobre o ciclo contínuo da morte e da vida.
No Barreiro, ‘Kyema’ fica entregue à sensibilidade de Caroline Profaner, artista sonora sediada em Bruxelas com larga experiência e saber nos campos da eletro-acústica e da acusmática, tendo já interpretado e espacializado peças de luminárias como Daphne Oram ou Octavian Nemescu.
5 Outubro | 15h30
Auditório da Biblioteca Municipal do Barreiro
Conversa com Julia Eckhardt: Éliane Radigue: Espaços Intermediários (Bélgica)
Julia Eckhardt é música e programadora de artes sónicas. É membro fundador e co-diretora artística do espaço Q-O2 em Bruxelas, e uma colaboradora de longa data da compositora Éliane Radigue. É autora de diversos livros sobre som, género e espaço público, um dos quais “Éliane Radigue – Intermediary Spaces / Espaces intermédiaires”, mote para esta conversa sobre o trabalho da compositora francesa, em amplo destaque neste segundo momento do OUT.FEST 2021.
5 Outubro | 18h00
Anfiteatro Paz & Amizade
João Pais Filipe + Manongo Mujica (Portugal / Perú)
Concerto-culminar de uma residência no Barreiro promovida no âmbito do projeto REMAIIN, que faz neste caso a ponte transatlântica entre o Perú e Portugal por via da percussão.
De um lado, o saber acumulado de décadas de Manongo Mujica, artista pioneiro na criação de uma cena improvisada no seu país de origem nos anos 70, com passagem prévia pelo rock psicadélico com Los Mad’s e investidas fusionistas com os Perujazz, na década seguinte. Espírito batedor que com décadas de pesquisa e trabalho em torno da percussão, da tradição musical peruana, da composição para cinema ou teatro e da eletrónica segue intrépido numa demanda muito sua, quer a solo quer em diversas colaborações bem documentadas em tempos mais recentes pela sempre vital Buh Records.
Alma alinhada com a de João Pais Filipe, que tem sido um dos mais acarinhados músicos do burgo nos últimos tempos. Baterista, percussionista e forjador de gongos lindos cuja labuta tanto a solo, como em duo com Burnt Friedman ou nos CZN tem revelado uma visão pan-global que absorve diversas linhagens rítmicas de várias latitudes e as alinha em mantras de dança e hipnose. Tudo a bater certo.
5 Outubro | 21h30
Igreja de Santa Maria
Éliane Radigue ‘Occam IV for viola / Occam XXVI for percussion / Occam River XXV for percussion and viola (estreia)’. Interpretação por Julia Eckhardt e Enrico Malatesta (França / Bélgica / Itália)
Para esta segunda sessão de Éliane Radigue, o OUT.FEST reserva tempo e espaço à composição para instrumentos acústicos. Aquele em que Radigue se tem embrenhado exclusivamente desde 2001 e que, face à justa veneração em torno do repertório eletrónico, é ainda pouco ouvido e celebrado.
Work in progress desde 2011, ‘Occam Ocean’ é uma série de peças para solistas e ensembles criadas para determinados instrumentistas de acordo com a sua própria sensibilidade, técnica e relação para com o instrumento – “Os cavaleiros de Occam” de acordo com Radigue.
Numa noite em que são apresentadas três peças da série, são convocados Julia Eckhardt e Enrico Malatesta para dar corpo a ‘Occam IV’ (solo de viola por Eckhardt), ‘Occam XXVI’ (solo de percussão por Malatesta) e, em estreia absoluta, ‘Occam River XXV’ para um duo viola e percussão.
Gente alvo de admiração por parte da compositora, tendo Eckhardt estabelecido uma relação bem próxima e regular, em paralelo com o seu trabalho de co-diretora artística do espaço multidisciplinar Q-O2 em Bruxelas e colaborações com Pauline Oliveros ou Taku Sugimoto. M
alatesta tem sondado com bravura e fleuma várias abordagens tímbricas e rítmicas à percussão, como que a descobrir novas vias de expressão no gesto, com obra perene em editoras como a Second Sleep ou Entr’acte.
6 Outubro | 21h30
Sdub “Os Franceses”
LUMP – João Almeida & Mariana Dionísio (Portugal)
Duo composto por João Almeida e Mariana Dionísio, cuja cumplicidade remonta aos anos passados na escola e se apresenta num pouco habitual binómio de trompete e voz. Técnica e poeticamente partilham o ato de respirar como fundação para o seu som e um background de ação afeto ao jazz e à improvisação livre, aqui a operarem num campo pouco visto de exploração minuciosa em torno de uma formação reduzida, mas de inúmeras possibilidades melódicas, tímbricas e texturais.
Gente jovem que tem enriquecido bastante o panorama das músicas mais livres aqui no burgo: Almeida a ser cada vez mais e mais requisitado, desenhando uma rede de colaborações vasta com gente como Gonçalo Almeida, Fred Lonberg-Holm ou Norberto Lobo, e Dionísio num processo fascinante de pesquisa em torno da voz e da palavra, quer em contextos mais jazzísticos quer em processos de transformação eletrónica.
6 Outubro | 22h15
Sdub “Os Franceses”
pä (Portugal)
Casal em rodagem branda desde 2015, com origem em Lisboa mas entretanto alocado para paisagens mais bucólicas, que reaparece in loco após pausa de dois anos desde a sua última performance – via OUT.RA.
Ao longo desse tempo, têm vindo a deixar pelo Bandcamp diversos documentos, longos e pacientes, das suas explorações em torno da síntese analógica.
Partindo de gravações de campo e notação gráfica, a música gerada por Filipa Campos e Paulo Fonseca assenta em premissas da composição espectral e da escuta profunda, para discorrer calma e pausadamente numa sequência de harmónicos reais e imaginários – a meta-música oculta sob a aparente pacatez dos dias lentos – como postulado por iluminados como Pauline Oliveros, James Tenney, Phil Niblock ou Eliane Radigue.
Após o lançamento de ‘La Demeure Phréatique’ pela Combustão Lenta, estreiam aqui nova peça intitulada ‘Le Son Doublé’.
@ Nuno Martins
7 Outubro | 21h30
Auditório da Biblioteca Municipal do Barreiro
Vasco Alves (Portugal)
Gaiteiro de bancada d’Os Belenenses, membro de VA AA LR e investigador heróico da materialidade do som e da natureza dos fenómenos acústicos, Vasco Alves tem tido um percurso discreto mas sempre fascinante recorrendo a várias fontes e metodologias que passam pelo uso de rádios quitados, gravadores de fita, processamento de sinal, técnicas de síntese e – em tempos mais ou menos recentes – a gaita de foles.
Neste último registo lançou no final do ano passado ‘Gaita Contra Computador’ que, como o nome afirma sem medos, põe em confronto benigno o sopro flutuante da gaita com o processamento digital, numa lógica de contrastes e complementaridade droney que não chega a harsh noise mas se revela bem intensa.
É num contexto semelhante que Alves se apresenta no OUT.FEST, mas fica aqui também a recomendação para ‘Estrada Longa’, espécie diário áudio de uma viagem solitária de bicicleta com edição pela Takukoru do mítico Café OTO já este ano.
7 Outubro | 22h15
Auditório da Biblioteca Municipal do Barreiro
Adriana João + Pedro Tavares (Portugal)
Dupla de jovens artistas multifacetados e com trabalho franco em diversas frentes, em particular o vídeo, e cujo work in progress conjunto teve registo já este ano com ‘6 Ensaios’ pela subterrânea mas atenta CD-R de Simão Simões. Nesse disco, sessões improvisadas ao piano e violino são modeladas digitalmente em seis tiras de uma electro-acústica viva, sem grandes necessidades de carga conceptual, numa espécie de música de câmara cibernética, igualmente nervosa e envolvente, entre descidas abismais das cordas e rasgos de luz beatíficos. Aquele tipo de discos que dignificam editoras como a Type ou a Miasmah e num plano imaginário enlaçavam a Another Timbre na City Centre Offices.
Noutras coordenadas, Adriana João tem criado obra principalmente no domínio do vídeo e da instalação, para além de manter um fresco programa de rádio – TEIA – e Pedro Tavares tem pintado telas lindas quando não está a ser Funcionário ou a exultar a dança nos Império Pacífico.
8 Outubro | 18h00
Anfiteatro Paz & Amizade
Dj Nigga Fox (Portugal)
Lançado o repto logo na estreia com ‘O Meu Estilo’, Rogério Brandão tcp DJ Nigga Foz tem feito justiça a esse manifesto de intenções ao longo de quase uma década que parece ter passado a correr.
Figura de proa da Príncipe e, ato contínuo, da música eletrónica – dançável ou não, não interessa – mais entusiasmante e verdadeira nascida neste pedaço, Nigga Fox tem vindo a afirmar-se sempre e cada vez mais como um visionário. Termo muitas vezes atirado ao ar sem grande sustento mas aqui perfeitamente ilibado pela convicção com que tem criado novos mundos a partir da diáspora africana que pulsa tanto na sua Angola de origem, como nos subúrbios lisboetas. Não é kuduro, nem tarraxo, nem batida, mas uma música que até aqui ainda não existia, consciente desses ritmos mas a desbravar terreno.
Após o lançamento do álbum ‘Cartas na Manga’, e com a chegada do Covid a cortar as vazas para dj sets, atira-se à criação de um live set que apenas duas vezes foi apresentado e tem agora terceira vida.
@ Marta Pina
Auditório Municipal Augusto Cabrita
Jessica Ekomane (França)
Artista nascida em França e residente em Berlim com prática assente na instalação e na performance em sistemas de som quadrifónicos, que se apresenta no Barreiro inserida no projeto REMAIIN.
Ao vivo, essas ideias de espacialização do som e da sua perceção tornam-se eminentemente físicas e imersivas, num fenómeno psico-acústico que se eleva a alucinação aural e, fim último, a uma experiência coletiva de escuta enquanto prática de hipnose.
Membro da conceituada SHAPE Platform em 2019, editou nesse mesmo ano o seu álbum de estreia – Multivocal – na sempre relevante Important Records. Retrato possível em stereo de uma instalação quadrifónica apresentada no Ars Electronica em 2018 e que se desdobra num jogo de cognição rítmica e de faseamento que deve algo ao legado do minimalismo – a phase music de Steve Reich podia ser aqui invocada, mas Ekomane habita num espaço sónico bastante mais frugal e de essência – mas abre portais inusitados sobre o que isso implica nos dias de hoje.
@ Silje Nes
8 Outubro | 22h15
Auditório Municipal Augusto Cabrita
Serpente com Pedro Sousa e Margarida Garcia (Portugal)
Já um histórico da música experimental portuguesa neste século, Bruno Silva (que conhecemos pela primeira vez através do bastião dark leiriense Osso, bem nos primórdios do OUT.FEST) tem vindo nestes últimos anos a afirmar-se, a cada ano que passa, como um verdadeiro original à escala global. Primeiro através do seu moniker Ondness e logo logo, e desde então em paralelo, enquanto Serpente, tem vindo a editar álbuns por vários dos mais prestigiados selos europeus, cada um mais apaixonante, mais essencial, mais “como é que esta música ainda não tinha sido feita?” que o anterior.
Serpente, que traz pela primeira vez ao OUT.FEST, é um processo em curso de criação de labirintos percussivos hipnotizantes, narcóticos, vivos mas ancestrais, onde cabem a batida, o free jazz, o minimalismo, a pan-culturalidade, o xamanismo quer de quarto quer dos grandes espaços abertos.
Em vésperas de novo lançamento através da Ecstatic, que conta com colaborações ilustres como Kelly Jayne Jones, Maxwell Sterling ou Gabriel Ferrandini, apresenta-se ao vivo com a colaboração do saxofonista Pedro Sousa e da contrabaixista Margarida Garcia, ambos nomes definidores do jazz e da música improvisada no país – dizer que será especial nem chega a ser eufemismo.
Sdub “Os Franceses”
Sarnadas ‘The Humm’ (Portugal)
Experiência de imersão que se propõe longa e expansiva, no fundo, talhada à suspensão do tempo que daqui advém, ‘The Humm’ é pronunciado no mais do que adequado salão d’Os Franceses ao longo de duas horas.
Pedaço temporal aparentemente grande mas necessário. Tanto quanto as quatro horas do colosso de estreia díptico de João Sarnadas em nome próprio, após as canções de Coelho Radioactivo e em paralelo com a sua actividade de CEO na Favela Discos. Evocação dronesca construída em torno de parcos meios – sintetizador caseiro de três osciladores, mesa de mistura e uma armada de pedais – que extrai destes a maior valência e expressão e institui com parcimónia uma névoa de melodias que se enredam num fluxo de harmonia e textura, presença e sugestão, uma e a mesma coisa.
Hipnose pausada no início da tarde, como quem vê os seus dias de fora, por este verdadeiro agitador da comunidade portuense.
9 Outubro | 18h00
Anfiteatro Paz & Amizade
Space Afrika (Reino Unido)
Entidade oriunda de Manchester, conjurada por Joshua Inyang e Joshua Reid que, apesar do nome espacial de herança afro-futurista, é espelho da vivência nebulosa mas real na urbe. Uma psicogeografia muito britânica, do post-punk ao trip hop ou ao dubstep mas que se reflete no torpor do regresso a casa, no anonimato ou no sonâmbulismo/devaneio da girada citadina.
Após álbuns na Where to Now? E Sferic, e uma mixtape de apoio a diversos projetos vitais de ação social intitulada ‘hybtwibt?’ em plena reclusão covid-esca, lançaram muito, muito recentemente ‘Honest Labor’ pela Dais. Disco que corta com os trejeitos mais identificáveis do dub techno que informavam investidas anteriores e amplifica as estratégias de poética e espacialização do seu som enquanto cartografia aural. Um espaço físico-mental como o foram ‘Multila’ de Vladislav Delay, Nearly God ou o primeiro Burial captado em 19 temas, entre instrumentais turvos e semi-canções narcóticas, feitas de memória, solidão e vida vivida em trânsito circular. Aqui e agora.
@ Chloe Magdelaine / Timon Benson
9 Outubro | 21h30
Auditório Municipal Augusto Cabrita
Gustavo Costa (Portugal)
Baterista, percussionista, criador de instrumentos, professor e pedra basilar no epicentro de várias movimentações valorosas da cena portuense, Gustavo Costa amealha já praticamente três décadas de contínua e incansável procura por entre inúmeros domínios com uma convicção e crença admiráveis.
Dos seus inícios imbuído no metal e no punk, recolheu a vontade e o espírito DIY que tem sido
continuado com igual valentia e visão nos inúmeros interstícios da improvisação, do jazz ou da
eletro-acústica. Mentor da Sonoscopia, que tanto tem feito pelo tecido cultural da cidade, o artista carrega nas costas o peso de um CV vasto em registos, colaborações e bandas com a graciosidade de quem não sente essa carga e tem ainda caminho aberto.
É nesse mesmo contínuo que Costa regressa ao OUT.FEST, desta feita sozinho, para apresentar ‘Entropies and Mimetic Patterns’, álbum de paciente e sempre corajosa investida a solo pela bateria, reflexo de anos de estudo e prática em torno das potencialidades rítmicas e tímbricas do instrumento na sua forma mais honesta e depurada. Os tais padrões miméticos que se vão desdobrando e enredando num pulso rítmico vincado mas em constante mutação.
@ Rui Pinheiro
9 Outubro | 22h30
Auditório Municipal Augusto Cabrita
Still House Plants (Reino Unido)
Banda germinada no seio da activa Glasgow Art School, formada por Jessica Hickie-Kallenbach, Finlay Clark e David Kennedy, Still House Plants são uma das presenças mais intrigantes nas músicas incatalogáveis de terras britânicas.
Assentes num modesto triângulo de voz, guitarra e bateria despido de artimanhas, criam canções que parecem tropeçar mas se atraem para um centro gravitacional intangível mas vigente, sem nunca colapsar perante a sua própria leveza.
Errática de um modo estranhamente preciso, como US Maple ou os Deerhoof iniciais nos seus momentos mais cândidos, sem soar a nenhuma delas ou a algo em particular, a música que ouvimos em ‘Fast Edit’, lançado em 2020, vive numa espécie de vertigem sedutora, por entre acordes igualmente cortantes e hesitantes de guitarra, ritmos de uma falsa insegurança e uma voz que se suspende nessa arquitectura esquelética como mantra casual. Com uma existência nos interstícios de espaços como o Café OTO em Londres, o Green Door Studio em Glasgow e festivais como o Counterflows ou Blank Forms, regressam a Portugal numa altura em que magicam um terceiro álbum.
O OUT.FEST é organizado pela OUT.RA – Associação Cultural, em parceria de programação com a Filho Único, e é financiado pela Direcção-Geral das Artes e Município do Barreiro. A Antena 2 e a Wire são os parceiros media oficiais e os Transportes Colectivos do Barreiro o parceiro mobilidade.