Temporada Concertos Antena 2
AiDuo
Artur Mendes, Saxofone
Iryna Brazhnik, Piano
Iryna Brazhnik, Piano
Concerto do Pré-lançamento do disco Meeting Point
Programa
Iryna Brazhnik – Separate WaysAntónio Victorino D’Almeida – Prelúdio, Nocturno e Stepdance
Nelson Jesus – Suite
Mischa Zupko – From the Skyline
Obras Portuguesas e Americanas para Saxofone Tenor e Piano escritas para o grupo AiDuo ou criadas através de consórcios nos quais o grupo participou.
Notas ao programa pelos compositores
António Victorino D’Almeida – Prelúdio, Nocturno e Stepdance
Estreia Mundial simultânea em cooperação entre AiDuo e AvA Musical Editions.
Prelúdio, Nocturno e Stepdance é uma das minhas mais recentes obras de música de câmara, encomendada por dois magníficos músicos e instrumentistas: o saxofonista Artur Mendes e a pianista Iryna Brazhnik. Nestas situações privilegiadas, o compositor sabe que o resultado final do seu trabalho acabará sempre por ultrapassar as suas melhores perspectivas, como é o caso desta peça, na qual também existe – mais obviamente no terceiro número – uma dedicatória subjacente a um dos símbolos máximos do talento musical e do virtuosismo artístico, como foi o caso de algum modo incomparável do bailarino Fred Astaire… Na realidade, o sapateado finalmente assumido no andamento, já vem sendo de certa maneira anunciado ao longo dos dois andamentos iniciais, incluindo até nas curtas passagens mais sombrias do Nocturno. E assim, a opção de basear, de algum modo, toda a música desta peça em sugestões do step dance tem muito que ver com a minha sólida e permanente admiração pelo grande virtuosismo, em tudo aquilo que ele implica de autêntica genialidade – o contrário, portanto, das simples ( mesmo que, de algum modo, espectaculares ) habilidades… E assim, tratando-se de uma obra concebida para ser dedicada a dois virtuosos (no mais nobre sentido do termo), a associação de base de toda a linguagem musical da peça aos movimentos de Fred Astaire – muito mais do que um grande bailarino, um génio do movimento – pareceu-me ser a mais adequada para exprimir a minha muito sincera admiração por estes dois grandes artistas.
Estreia Mundial simultânea em cooperação entre AiDuo e AvA Musical Editions.
Prelúdio, Nocturno e Stepdance é uma das minhas mais recentes obras de música de câmara, encomendada por dois magníficos músicos e instrumentistas: o saxofonista Artur Mendes e a pianista Iryna Brazhnik. Nestas situações privilegiadas, o compositor sabe que o resultado final do seu trabalho acabará sempre por ultrapassar as suas melhores perspectivas, como é o caso desta peça, na qual também existe – mais obviamente no terceiro número – uma dedicatória subjacente a um dos símbolos máximos do talento musical e do virtuosismo artístico, como foi o caso de algum modo incomparável do bailarino Fred Astaire… Na realidade, o sapateado finalmente assumido no andamento, já vem sendo de certa maneira anunciado ao longo dos dois andamentos iniciais, incluindo até nas curtas passagens mais sombrias do Nocturno. E assim, a opção de basear, de algum modo, toda a música desta peça em sugestões do step dance tem muito que ver com a minha sólida e permanente admiração pelo grande virtuosismo, em tudo aquilo que ele implica de autêntica genialidade – o contrário, portanto, das simples ( mesmo que, de algum modo, espectaculares ) habilidades… E assim, tratando-se de uma obra concebida para ser dedicada a dois virtuosos (no mais nobre sentido do termo), a associação de base de toda a linguagem musical da peça aos movimentos de Fred Astaire – muito mais do que um grande bailarino, um génio do movimento – pareceu-me ser a mais adequada para exprimir a minha muito sincera admiração por estes dois grandes artistas.
António Victorino D’Almeida
Iryna Brazhnik – Separate Ways *Estreia absoluta
A Separate Ways é uma obra que procura observar e compreender vários prismas de duas individualidades, representadas pelo piano e saxofone, que tendem interagir e coexistir no mesmo espaço. A composição da obra não tem uma forma e estrutura propriamente ditas, ao invés disso, há constantes metamorfoses entre monólogos, escutas, diálogos, provocações e tentativas de caminharem no mesmo sentido, embora com pontos de vista diferentes. Ao contrário do conceito de igualdade, que actualmente é uma tendência mundial, a Separate Ways vai em busca de aceitação de diferenças de cada um, e tenta dar espaço para que essas diferenças coexistam de certa forma em harmonia.
Iryna Brazhnik
Nelson Jesus – Suite *Estreia absoluta
Esta é a minha peça que mais nomes e formas teve durante o seu processo de composição. Alguns dos andamentos foram escritos em horas e outros ficaram a marinar durante imenso tempo e nem por isso vinham com melhor sabor. Penso que é a minha sina ao escrever para saxofone, possivelmente o instrumento que melhor conheço. Mas faz parte do ofício e tenho que lidar com isso. Infelizmente, houve um acontecimento que desencadeou e desbloqueou o processo criativo da mesma. A notícia da morte do estimado João-Heitor Rigaud, professor de composição no Conservatório de Música do Porto. Relembrei os seus conselhos, fui aos cadernos de apontamentos dessa época, recordei o seu modo de tocar ao piano, os risos súbitos…e o primeiro andamento que nasceu foi a Ária, em sua homenagem. A partir daí, a construção tornou-se mais clara para mim. Esta suite vai beber a forma à sua homónima barroca, com seis andamentos e todos eles são inspirados em maior ou menor grau (com algumas citações bem rebuscadas) a essas danças nas quais o saxofone não fez parte, mas que certamente iria fazer furor nas cortes da Europa. A obra resulta de uma encomenda do grupo de música de câmara AiDuo do qual fazem parte fantásticos músicos com os quais já partilhei palco. Não sei bem se era isto que queriam, mas é sempre um risco quando se encomenda uma nova peça. Um risco que se deve enaltecer pois a música não nasce do céu. Vamos lá pôr o saxofone e o piano bem temperado a dançar um pouco (não, a música não dá para dançar, mas ficava bem para terminar).
Esta é a minha peça que mais nomes e formas teve durante o seu processo de composição. Alguns dos andamentos foram escritos em horas e outros ficaram a marinar durante imenso tempo e nem por isso vinham com melhor sabor. Penso que é a minha sina ao escrever para saxofone, possivelmente o instrumento que melhor conheço. Mas faz parte do ofício e tenho que lidar com isso. Infelizmente, houve um acontecimento que desencadeou e desbloqueou o processo criativo da mesma. A notícia da morte do estimado João-Heitor Rigaud, professor de composição no Conservatório de Música do Porto. Relembrei os seus conselhos, fui aos cadernos de apontamentos dessa época, recordei o seu modo de tocar ao piano, os risos súbitos…e o primeiro andamento que nasceu foi a Ária, em sua homenagem. A partir daí, a construção tornou-se mais clara para mim. Esta suite vai beber a forma à sua homónima barroca, com seis andamentos e todos eles são inspirados em maior ou menor grau (com algumas citações bem rebuscadas) a essas danças nas quais o saxofone não fez parte, mas que certamente iria fazer furor nas cortes da Europa. A obra resulta de uma encomenda do grupo de música de câmara AiDuo do qual fazem parte fantásticos músicos com os quais já partilhei palco. Não sei bem se era isto que queriam, mas é sempre um risco quando se encomenda uma nova peça. Um risco que se deve enaltecer pois a música não nasce do céu. Vamos lá pôr o saxofone e o piano bem temperado a dançar um pouco (não, a música não dá para dançar, mas ficava bem para terminar).
Nelson Jesus
Mischa Zupko – From the Skyline
From the Skyline, para Saxofone Tenor e Piano, é uma obra em três andamentos inspirada nas vistas fascinantes de um apartamento de 15 andares em Chicago. O primeiro andamento, Crystal, é obcecado pelas infinitas formações de gelo que evoluem diariamente durante os dias mais frios dos meses de inverno ao longo da costa do Lago Michigan. Congeladas e fluidas, essas esculturas intrincadas imbuem uma sensação de mistério capturada nos arabescos sempre variados e nas harmonias em camadas da música. Chasing Moonlight fixa-se nos raios de lua refletidos dançando na água e na sala de estar. O ar de quietude, semelhante à experiência de testemunhar uma raridade cósmica, satura esse movimento em meio a uma onda suave que brinca com luz e sombra, intensidade e resignação, realização e desejo. O terceiro andamento, Brick and Steel, é uma ode à grande cidade de Chicago, cujo horizonte, visível pelas janelas do sul, é um testemunho da engenhosidade de algumas das maiores mentes criativas da era moderna; uma verdadeira obra de arte que não empalidece diante do seu ambiente natural intocado, mas intensifica a sua beleza. Esta música celebra a vibração desta cidade com uma abordagem dura que faz uso de instrumentos de percussão “adaptados” tocados pelo pianista em vários momentos. Angular e rápido, sempre em movimento, este ensaio compacto submete uma ideia rítmica curta, enunciada no início, a uma vasta gama de tratamentos apresentando o Saxofone Tenor no meio do andamento em um solo diabólico à la Coltrane, acompanhado apenas por um marcador de tempo de metal e vários preenchimentos de “tambor”. From the Skyline foi encomendado por um coletivo de 30 saxofonistas organizados através do Contemporary Tenor Repertoire Initiative pelo saxofonista Jeffrey Vickers. O compositor agradece aos membros do consórcio pelo apoio e pela vida que darão a esta obra.
From the Skyline, para Saxofone Tenor e Piano, é uma obra em três andamentos inspirada nas vistas fascinantes de um apartamento de 15 andares em Chicago. O primeiro andamento, Crystal, é obcecado pelas infinitas formações de gelo que evoluem diariamente durante os dias mais frios dos meses de inverno ao longo da costa do Lago Michigan. Congeladas e fluidas, essas esculturas intrincadas imbuem uma sensação de mistério capturada nos arabescos sempre variados e nas harmonias em camadas da música. Chasing Moonlight fixa-se nos raios de lua refletidos dançando na água e na sala de estar. O ar de quietude, semelhante à experiência de testemunhar uma raridade cósmica, satura esse movimento em meio a uma onda suave que brinca com luz e sombra, intensidade e resignação, realização e desejo. O terceiro andamento, Brick and Steel, é uma ode à grande cidade de Chicago, cujo horizonte, visível pelas janelas do sul, é um testemunho da engenhosidade de algumas das maiores mentes criativas da era moderna; uma verdadeira obra de arte que não empalidece diante do seu ambiente natural intocado, mas intensifica a sua beleza. Esta música celebra a vibração desta cidade com uma abordagem dura que faz uso de instrumentos de percussão “adaptados” tocados pelo pianista em vários momentos. Angular e rápido, sempre em movimento, este ensaio compacto submete uma ideia rítmica curta, enunciada no início, a uma vasta gama de tratamentos apresentando o Saxofone Tenor no meio do andamento em um solo diabólico à la Coltrane, acompanhado apenas por um marcador de tempo de metal e vários preenchimentos de “tambor”. From the Skyline foi encomendado por um coletivo de 30 saxofonistas organizados através do Contemporary Tenor Repertoire Initiative pelo saxofonista Jeffrey Vickers. O compositor agradece aos membros do consórcio pelo apoio e pela vida que darão a esta obra.
Mischa Zupko
Transmissão direta
Apresentação: Pedro Ramos
Produção: Anabela Luís, Cristina do Carmo
AiDuo | Fundado em 2011 pela vontade de dois jovens músicos diplomados pela Escola Superior de Música de Lisboa, surgiu acima de tudo pela grande amizade e vontade de tocar em conjunto. Pretende dinamizar o repertório tradicional para Saxofone e Piano e acima de tudo participar na criação, desenvolvimento e divulgação de repertório português e contemporâneo, colaborando diretamente com compositores.
Dos vários concertos desde a sua formação, destacam-se as apresentações no Festival Internacional de Saxofones de Palmela (2014, 2016, 2019 e 2021), no Congresso Europeu de Saxofone “EurSax17” (Porto, 2017) e em Salas de Espectáculo como Teatro São Luiz (Lisboa), Grande Auditório do Centro de Artes e Espectáculos (Figueira da Foz) e Auditório Fernando Lopes Graça (Almada).
Em Maio de 2017, orientou um Masterclasse de Saxofone no Conservatório Regional de Palmela.
O grupo AiDuo conta com várias estreias e dedicatórias de obras de compositores como Tiago Cabrita (Portugal), Ida Gotkovsky (França), Daniel Yiau (Singapura), Baljinder Sekhon II (EUA), Mischa Zupko (EUA), Iryna Brazhnik (Ucrânia/Portugal) e Tomás Borralho (Portugal), algumas destas incluídas no seu primeiro álbum – On the way… – lançado em Maio de 2016.
Em 2021, para assinalar o seu 10º aniversário, o grupo organizou um Consórcio que juntou cerca de 30 artistas de 18 países para uma encomenda conjunta ao compositor português António Victorino D’Almeida.
Neste momento prepara-se para lançar o seu novo álbum – Meeting Point – assim como diversas atividades relacionadas com a comemoração do seu 10º aniversário.
Artur Mendes | Nasceu na Figueira da Foz em 1986 e obteve a Licenciatura, o Mestrado em Saxofone Performance e o Mestrado em Ensino da Música na Escola Superior de Música de Lisboa.
Foi premiado em vários Concursos de Saxofone e apresentou-se em concertos em Portugal, Espanha, Alemanha, República Checa, Brasil e Taiwan.
Apresentou-se como solista com a Orquestra de Câmara de Cascais e Oeiras, com a Banda do Exército do Porto, com a Orquestra de Câmara da Guarda Nacional Republicana (GNR) e com a Banda Sinfónica da GNR (da qual é membro desde 2008). Colaborou ainda com a Banda Sinfónica Portuguesa, com a Orquestra Sinfónica de Cascais, com a Orquestra Gulbenkian, entre outras.
Tem colaborado com vários compositores na criação e divulgação de novo repertório com Saxofone, contando já com várias estreias e dedicatórias de compositores como Nelson Jesus, Christian Lauba, Ida Gotkovsky, Baljinder Sekhon II, Mischa Zupko, António Victorino D’Almeida, Iryna Brazhnik, Alexandre Almeida, etc.
Interessado desde sempre pela Música de Câmara, integra o grupo AiDuo com a pianista Iryna Brazhnik (com o qual gravou em 2006 o álbum On the way…) e o Tejo Quartet (Quarteto de Saxofones).
Foi professor de Saxofone na Escola de Música do Conservatório Nacional, no Conservatório de Música Jaime Chavinha em Minde, no Conservatório de Música Canto Firme em Tomar e orientou Masterclasses e Workshops um pouco por todo o país, República Checa e Brasil.
Para além da sua atividade na Música Erudita, Artur Mendes tem colaborado com os mais diversos projetos nas áreas do Fado, do Teatro Musical, entre outros.
Iryna Brazhnik | Nasceu em Kiev (Ucrânia) em 1990. Começou a estudar piano aos 4 anos na Escola de Música de Kamenec-Podolsky (Ucrânia), com Tatiana Yakovinich. Em 1999 entrou na escola especial de música M. Lysenko em Kiev, onde estudou piano com Iryna Lipatova, continuando posteriormente os estudos na classe de Tatiana Abaeva e de Boris Fedorov. Em 2008 ingressou na Escola Superior de Música de Lisboa na classe de Miguel Henriques.
Foram-lhe atribuídos vários prémios em diversos concursos e festivais, tais como: 3º Prémio no Concurso Internacional “A. Zatin” (Uzhgorod, Ucrânia, 2003); 1º Prémio no V Concurso Internacional “Cidade do Fundão” (Portugal, 2004); Diploma do mérito no XXVII Concurso Internacional de Piano “Smetana” (Pilsen, República Checa, 2006); Vencedora do IX Festival Internacional de Música Ucraniana e Polaca “F. Chopin” (Dnipropetrovsk, Ucrânia, 2006); Diploma do III Concurso Internacional dos Jovens Pianistas em Tbilisi (Geórgia, 2007).
Em 2006 tocou com a Orquestra Câmara da Cidade de Harkiv. Em 2009 gravou para Antena 2. Participou, na modalidade de Executante, na masterclasse de música de câmara orientada por Diemut Poppen, promovida pelo Serviço de Música da Fundação Calouste Gulbenkian em 2009.
Foi Professora Adjunta Convidada na Escola Superior de Música de Lisboa
Fotos Jorge Carmona / Antena 2