5 Dezembro | 21h00
Realização e Apresentação: Reinaldo Francisco
Produção: Susana Valente
Gravação da RTP / Antena 2
no Teatro da Trindade / Inatel, em Lisboa
a 7 de junho de 2022
Ruy Coelho, a revelação do compositor-pianista
Obras para piano por
Bernardo Santos
Duarte Pereira Martins
Luisa Gonçalves
Philippe Marques
Programa
Obras de Ruy Coelho
– Sonatina [Bernardo Santos]
– Três Prelúdios Peninsulares [Bernardo Santos]
– Prelúdio nº 2 [Duarte Pereira Martins]
– Bouquet [Duarte Pereira Martins]
– A Princeza dos Sapatos de Ferro* [Duarte Martins & Philippe Marques]
– Prelúdio nº 3 [Philippe Marques]
– Promenades Enfantines à Paris [Philippe Marques]
– Improvisação a partir das Promenades Enfantines à Paris [Luisa Gonçalves]
* Obra para orquestra, arranjo para piano a quatro mãos de Luís Salgueiro
Concerto com música do compositor Ruy Coelho (Alcácer do Sal, 1889 – Lisboa, 1986), interpretada pelos pianistas Bernardo Santos, Duarte Pereira Martins, Luísa Gonçalves e Philippe Marques e com palestra pré-concerto do musicólogo Edward Ayres de Abreu
O programa oferece uma panorâmica sobre algumas das mais importantes obras que o compositor escreveu para piano, desde os seus tempos de estudo em Berlim na década de 1910, em que ensaia a lição modernista, até à sua faceta neoclássica, passando pela influência da politonalidade francesa dos anos 1930.
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Ruy Coelho (Alcácer do Sal, 1889 – Lisboa, 1896), filho de um barqueiro, iniciou a sua formação musical numa banda filarmónica e, com o apoio de mecenas, foi estudar para o Conservatório, em Lisboa, onde teve como mentor Alexandre Rey Colaço.
Entre 1909 e 1913 estudou composição com Humperdinck e direção de orquestra com Max Bruch, em Berlim, onde teve também algumas aulas com Schönberg, e em Paris, onde contactou com Paul Vidal, Gabriel Fauré, Vincent d’Indy e Xavier Leroux.
De volta a Lisboa leva ao Teatro de São Carlos, com a colaboração de Teófilo Braga, as suas obras Sinfonia camoniana, para cerca de 500 executantes, e a ópera O Serão da Infanta.
Fez parte da chamada “Geração d’Orpheu”, sendo muito próximo de Almada Negreiros e de Santa-Rita Pintor. Em 1918, são apresentados no S. Carlos os seus bailados A Princesa dos Sapatos de Ferro (com coreografia e figurinos de Almada, que também dançou dois personagens) e Bailado do Encantamento (com coreografia de Almada e cenários e figurinos de Raul Lino), num espetáculo promovido pela Condessa de Castello-Melhor.
Compôs mais de vinte títulos musico-dramáticos (a ópera Belkiss, com libreto de Eugénio de Castro, foi premiada num concurso em Madrid, em 1924), sinfonias, bailados, música de câmara, oratórias, Lieder, dois concertos para piano e orquestra e diversa música para piano solo. A sua música foi tocada em muitos países, sendo o primeiro a levar companhias portuguesas de ópera a Paris (1959) e Madrid (1961). As suas músicas foram utilizadas em vários filmes, destacando-se Alla-Arriba! e Camões, de Leitão de Barros.
Ambicionava dar "expressão musical à alma da nação". Afirmando não seguir correntes artísticas, nem ter ideias pré-concebidas e limitadoras sobre processos, sistemas ou teorias técnicas ou estéticas, quando compunha, interessando- lhe tão só conseguir exprimir o que sentia sobre determinado tema.
Escreveu livros, manifestos, crónicas e crítica musical. Para além de compositor e maestro, viu-se forçado a assumir, muitas vezes, a produção dos espectáculos. Declarou que: “A maior ajuda é a vontade, e não se pense que as dificuldades se vencem de uma só vez. Vencem-se uma a uma.”; “…não basta ter génio para impor um pensamento novo, é preciso que a possibilidade da sua exteriorização se faça, para que esse pensamento exista e persista de facto. Ora, estas “possibilidades” custam muito esforço, muita coragem, muita dificuldade a vencer.”
Este concerto é organizado em conjunto com uma exposição de artes plásticas no Centro Cultural Brotéria (12 de julho a 2 de setembro), em que a vida e obra de Ruy Coelho servirá de inspiração para a criação de novas obras por oito artistas plásticos contemporâneos.
Texto de Rui Ramos-Pinto Coelho
Entre 1909 e 1913 estudou composição com Humperdinck e direção de orquestra com Max Bruch, em Berlim, onde teve também algumas aulas com Schönberg, e em Paris, onde contactou com Paul Vidal, Gabriel Fauré, Vincent d’Indy e Xavier Leroux.
De volta a Lisboa leva ao Teatro de São Carlos, com a colaboração de Teófilo Braga, as suas obras Sinfonia camoniana, para cerca de 500 executantes, e a ópera O Serão da Infanta.
Fez parte da chamada “Geração d’Orpheu”, sendo muito próximo de Almada Negreiros e de Santa-Rita Pintor. Em 1918, são apresentados no S. Carlos os seus bailados A Princesa dos Sapatos de Ferro (com coreografia e figurinos de Almada, que também dançou dois personagens) e Bailado do Encantamento (com coreografia de Almada e cenários e figurinos de Raul Lino), num espetáculo promovido pela Condessa de Castello-Melhor.
Compôs mais de vinte títulos musico-dramáticos (a ópera Belkiss, com libreto de Eugénio de Castro, foi premiada num concurso em Madrid, em 1924), sinfonias, bailados, música de câmara, oratórias, Lieder, dois concertos para piano e orquestra e diversa música para piano solo. A sua música foi tocada em muitos países, sendo o primeiro a levar companhias portuguesas de ópera a Paris (1959) e Madrid (1961). As suas músicas foram utilizadas em vários filmes, destacando-se Alla-Arriba! e Camões, de Leitão de Barros.
Ambicionava dar "expressão musical à alma da nação". Afirmando não seguir correntes artísticas, nem ter ideias pré-concebidas e limitadoras sobre processos, sistemas ou teorias técnicas ou estéticas, quando compunha, interessando- lhe tão só conseguir exprimir o que sentia sobre determinado tema.
Escreveu livros, manifestos, crónicas e crítica musical. Para além de compositor e maestro, viu-se forçado a assumir, muitas vezes, a produção dos espectáculos. Declarou que: “A maior ajuda é a vontade, e não se pense que as dificuldades se vencem de uma só vez. Vencem-se uma a uma.”; “…não basta ter génio para impor um pensamento novo, é preciso que a possibilidade da sua exteriorização se faça, para que esse pensamento exista e persista de facto. Ora, estas “possibilidades” custam muito esforço, muita coragem, muita dificuldade a vencer.”
Este concerto é organizado em conjunto com uma exposição de artes plásticas no Centro Cultural Brotéria (12 de julho a 2 de setembro), em que a vida e obra de Ruy Coelho servirá de inspiração para a criação de novas obras por oito artistas plásticos contemporâneos.
Texto de Rui Ramos-Pinto Coelho
Bernardo Santos | Apresenta-se regularmente em concertos a solo, em música de câmara e com orquestra em salas como a Casa da Música, Teatro Amazonas e Palácio das Artes no Brasil; Fairfield Halls, Royal Albert Hall e St. James Piccadilly Church em Londres, National Concert Hall em Dublin e Tonhalle Düsseldorf, entre outras.
Conta com vários concertos transmitidos pela Antena 2, rádio colombiana Señal Clásica e na Classic FM. No The Guardian, foi descrito como um prodígio virtuoso.
Como solista, tocou com as Orquestras Sinfónica de Minas Gerais, de Câmara do Amazonas, Filarmónica de Cali, Vidin State Philarmonic, do Centro, Filarmonia das Beiras, entre outras.
Em 2020 gravou, com David Lloyd, as três sonatas para violino e piano de Edvard Grieg, sendo elogiado como um pianista cuja “performance animada traz virtuosidade e clareza ao duo, apoiando habilmente quando necessário e brilhando em momentos solísticos” (Piano Journal 2021). No verão de 2021 realizou a gravação dos Quintetos para Piano de Saint-Saëns e Dvorak com o Quarteto Belém.
Formado pelo Trinity Laban Conservatoire of Music and Dance (Londres), Ljubljana Academy of Music, Conservatori del Liceu (Barcelona) e pela Universidade de Aveiro (Prémio Município de Aveiro), estudou com Dubravka Tomsic, Deniz Arman Gelenbe, Josep Colom, Álvaro Teixeira Lopes e Klara Dolynay. Durante os seus estudos, foi bolseiro do Trinity College London Scholar, Fundação GDA, Fundação Dionísio Pinheiro e Alice Cardoso Pinheiro e Fundação para a Ciência e Tecnologia.
Atualmente frequenta o Programa Doutoral em Música (Performance) na Universidade de Aveiro, desenvolvendo um estudo sobre a obra para piano de Ruy Coelho.
É presidente da World Piano Teachers Association (WPTA) Portugal e Diretor Artístico da série de concertos “Ciclos Lua Nova”, a decorrer na Fundação Dionísio Pinheiro e Alice Cardoso Pinheiro.
Duarte Pereira Martins | Licenciado em piano pela Escola Superior de Música de Lisboa, na classe de Jorge Moyano, concluiu o curso do Conservatório Nacional com a classificação máxima, tendo aí estudado com Hélder Entrudo e Carla Seixas.
Premiado em diversos concursos de piano, apresenta-se regularmente em todo o país e no estrangeiro, destacando-se os concertos que apresentou em Paris, Copenhaga, Malmö e numa digressão pelo Brasil em 2014, a solo e com o pianista Philippe Marques. Neste âmbito, gravou um programa para a TV Brasil.
Em 2016, os dois pianistas gravaram para a Antena2, um programa dedicado a compositores portugueses e brasileiros. A sua colaboração continua no projeto Bailados Portugueses, que viu, em 2020, editado o seu primeiro CD, La Fièvre du Temps, com o apoio da Fundação GDA. Também em conjunto, lançaram o CD Melodias Rústicas Portuguesas, com música de Fernando Lopes-Graça, para a colecção melographia portugueza.
É de notar a importância que dá às obras de compositores contemporâneos, tendo já apresentado estreias de Andreia Pinto Correia, João Pedro Oliveira, Sérgio Azevedo, Hugo Ribeiro, Luís Salgueiro, Miguel Resende Bastos ou Amílcar Vasques-Dias.
Em 2016, os dois pianistas gravaram para a Antena2, um programa dedicado a compositores portugueses e brasileiros. A sua colaboração continua no projeto Bailados Portugueses, que viu, em 2020, editado o seu primeiro CD, La Fièvre du Temps, com o apoio da Fundação GDA. Também em conjunto, lançaram o CD Melodias Rústicas Portuguesas, com música de Fernando Lopes-Graça, para a colecção melographia portugueza.
É de notar a importância que dá às obras de compositores contemporâneos, tendo já apresentado estreias de Andreia Pinto Correia, João Pedro Oliveira, Sérgio Azevedo, Hugo Ribeiro, Luís Salgueiro, Miguel Resende Bastos ou Amílcar Vasques-Dias.
A convite da ESML, gravou obras de Debussy e Freitas Branco para a Antena 2.
É membro fundador do MPMP, onde tem sido responsável por diversos concertos e gravações inéditas. Foi director executivo da revista Glosas.
Lecionou no Conservatório Nacional e no Conservatório de Cascais e Oeiras, sendo atualmente professor na Academia de Música de Lisboa e na Universidade de Évora.
Frequentou o curso de Engenharia Física Tecnológica do IST e conclui, actualmente, o mestrado em Empreendedorismo e Estudos da Cultura do ISCTE.
É membro fundador do MPMP, onde tem sido responsável por diversos concertos e gravações inéditas. Foi director executivo da revista Glosas.
Lecionou no Conservatório Nacional e no Conservatório de Cascais e Oeiras, sendo atualmente professor na Academia de Música de Lisboa e na Universidade de Évora.
Frequentou o curso de Engenharia Física Tecnológica do IST e conclui, actualmente, o mestrado em Empreendedorismo e Estudos da Cultura do ISCTE.
Luísa Gonçalves | Nascida numa família de músicos e artistas, iniciou aos quatro anos os estudos musicais na Academia de Música de Santa Cecília e aos dezasseis concluiu o curso geral de música no Conservatório de Lisboa.
Começou a compor igualmente cedo. Ainda durante a infância foi bolseira da Fundação Calouste Gulbenkian, participou nos Encontros Internacionais de Formação Musical (Strasbourg, Genève, Hamburgo) e tocou com a Orquestra Gulbenkian sob a Direção de Maurice Gendron.
Depois de concluir o Conservatório, estudou com uma professora russa durante quatro anos e concluiu o Curso Superior de Piano na ESMAE, no Porto. Seguidamente frequentou o mestrado em Piano Performance com o pianista António Rosado na Universidade de Évora.
Participou numa masterclass (Frase Musical/Corpo) com a pianista Maria João Pires em Belgais; e na área do Jazz com Sir Roland Hanna.
Começou a compor igualmente cedo. Ainda durante a infância foi bolseira da Fundação Calouste Gulbenkian, participou nos Encontros Internacionais de Formação Musical (Strasbourg, Genève, Hamburgo) e tocou com a Orquestra Gulbenkian sob a Direção de Maurice Gendron.
Depois de concluir o Conservatório, estudou com uma professora russa durante quatro anos e concluiu o Curso Superior de Piano na ESMAE, no Porto. Seguidamente frequentou o mestrado em Piano Performance com o pianista António Rosado na Universidade de Évora.
Participou numa masterclass (Frase Musical/Corpo) com a pianista Maria João Pires em Belgais; e na área do Jazz com Sir Roland Hanna.
Optou recentemente por desenvolver o seu próprio percurso musical. Atualmente é música, pianista e compositora tocando com vários músicos e performers.
É também professora credenciada na Associação Europeia do Método Suzuki, leciona piano no seu estúdio privado “Piano Suzuki Estúdio”, depois de ter estudado com a finlandesa Maarit Honkanen em Madrid.
Tem 9 discos editados, 4 como compositora e intérprete e 5 como artista convidada.
Philippe Marques | Iniciou os estudos musicais com Catherine C. Paiva. Posteriormente completou o Curso de Piano, na classe de Hélder Entrudo, no Conservatório Nacional, com a máxima classificação. Desde então, tem atuado regularmente em vários locais, dos quais se destacam o Centro Cultural de Belém, o Teatro Nacional de São Carlos, o S. Luiz e o Teatro da Trindade.
Participa regularmente em recitais transmitidos pela RTP/Antena 2 e, como solista, apresentou o Concerto para piano n.º 1 de F. Liszt, o Concerto para piano n.º 2 de J. Domingos Bomtempo e a Rhapsody in Blue de G. Gershwin.
Já se apresentou em Portugal, França, Estados Unidos da América e Brasil, onde participou numa digressão apoiada pela Direcção Geral das Artes e organizada pelo MPMP, gravando para três rádios brasileiras e para a TV Brasil.
Participou em masterclasses sob orientação de Luiz de Moura Castro, Sequeira Costa, Artur Pizarro e Dmitri Alexeev.
Participou em masterclasses sob orientação de Luiz de Moura Castro, Sequeira Costa, Artur Pizarro e Dmitri Alexeev.
Colaborou com o Grupo de Música Contemporânea de Lisboa e é membro do Ensemble MPMP.
Estreou obras de compositores portugueses e estrangeiros, com destaque para Nuno da Rocha, Luís Salgueiro, Daniel Moreira, Hugo Ribeiro e Ana Seara.
Colabora regularmente com a Orquestra Gulbenkian e a Orquestra Metropolitana de Lisboa.
Finalizou em 2014, com a máxima classificação, o Mestrado em Música na Escola Superior de Música de Lisboa, sob a orientação de Miguel Henriques. Leciona na Escola Artística de Música do Conservatório Nacional e na Escola Profissional Metropolitana.
A sua discografia inclui, entre outros, a gravação da integral das sonatas de J. D. Bomtempo, obras de câmara de Ruy Coelho, e o recente álbum Melodias Rústicas Portugueses, com música de Lopes-Graça.
Colabora regularmente com a Orquestra Gulbenkian e a Orquestra Metropolitana de Lisboa.
Finalizou em 2014, com a máxima classificação, o Mestrado em Música na Escola Superior de Música de Lisboa, sob a orientação de Miguel Henriques. Leciona na Escola Artística de Música do Conservatório Nacional e na Escola Profissional Metropolitana.
A sua discografia inclui, entre outros, a gravação da integral das sonatas de J. D. Bomtempo, obras de câmara de Ruy Coelho, e o recente álbum Melodias Rústicas Portugueses, com música de Lopes-Graça.
Fotos Jorge Carmona / Antena 2