Libreto: Richard Wagner baseado em "Rienzi, o último Tribuno Romano" de Bulwer-Lytton
Estreia: (Dresden) Teatro Real, 20 de Outubro de 1842
PersonagensCola Rienzi
Irene, sua irmã
Stefanno Colonna
Adriano, filho de Colonna
Paolo Orsini
Rainondo, o Cardeal
Mensageira da Paz
Baroncelli
Cecco del Vecchio
AntecedentesFoi com apenas 14 anos que Wagner escreveu a sua primeira obra teatral
– uma tragédia violentíssima onde, segundo o próprio Wagner, se podiam contar nada menos do que 42 mortes. Isto acontecia em 1827 precedendo o início do interesse do jovem dramaturgo pela Arte Musical – um interesse que iria, no entanto, ficar sempre marcado, de forma bem visível, pela sua paixão pelo Teatro.
Aos 20 anos Wagner ocupa o cargo de Ensaiador de Canto do Teatro de Wurzburg, altura em que escreve a sua primeira ópera, "As Fadas", que só será levada a cena depois da sua morte.
Aos 21 anos, de Ensaiador de Canto do Teatro de Wurzburg, Wagner passa a Director do Teatro de Ópera de Magdeburg, altura em que escreve a sua 2ª ópera, "O Amor Proibido", cuja estreia ele próprio dirige… e que se revela um fiasco. Como consequência desse fiasco, dessa vergonha pública, Wagner apresenta a sua demissão.
Wurzburg, Magdeburg… Riga.
É em Riga que Wagner consegue um novo emprego, e é aí que inicia o trabalho numa 3ª ópera, baseada num Romance de Lord Lytton e numa Peça de Teatro de Mary Russell Mitford.
Wagner escreve esta sua nova ópera a pensar em Paris – e é para Paris que acaba por partir, um pouco à aventura, em 1839. Aí, apesar da intervenção de Meyerbeer, Wagner não consegue fazer representar a sua obra. Para sobreviver vê-se forçado e escrever artigos para a Gazette Musical, e a fazer arranjos de árias de compositores famosos da época.
Em Paris termina essa 3ª ópera, escreve uma abertura inspirada no "Fausto" de Goethe, e inicia mesmo a escrita duma 4ª ópera.
Dois anos se passaram… e Wagner continua na capital francesa.
É então que chegam boas-novas da Alemanha: devido, em grande parte, à influência de Meyerbeer, Dresden e Berlim mostram-se dispostas a levar a cena óperas suas.
A estreia de Dresden, dirigida por Reissiger, teve lugar a 20 de Outubro de 1842. Apesar do espectáculo ter durado 6 horas (contando com os intervalos), o sucesso foi extraordinário e iria marcar, de forma definitiva, a vida de Richard Wagner.
Estamos a falar de "Rienzi", a terceira ópera escrita por Wagner.
De notar que o manuscrito original se perdeu, sendo dado, como seu último paradeiro, a biblioteca particular de Adolph Hitler.
O libreto é do compositor, baseado, como dissemos, num Romance de Lord Lytton e numa Peça de Teatro de Mary Russell Mitford, e a acção situa-se em Roma em meados do século XIV.
1.ºActoA ópera inicia-se depois da fuga do Papa, quando as Famílias Orsini e Colonna entraram em conflito aberto. Paolo Orsini tenta raptar Irene, irmã de Rienzi, que é salva pela chegada de Adriano Colonna.
O Cardeal Rainondo tenta em vão aplacar o confronto, até que chega Rienzi, o Tribuno, na companhia dos seus partidários Baroncelli e Cecco del Vecchio, que o ajudam a restabelecer a ordem. Os Nobres deixam Roma para continuar a luta fora dos seus limites, e Rienzi ordena que fechem as portas da cidade para os impedir de regressar. O Cardeal promete então que a Igreja apoiará qualquer tentativa de acabar com a tirania dos Nobres, e Rienzi convoca o Povo avisando-o de que deve estar preparado para lutar ao seu lado mal oiça o toque das trombetas. Entretanto Irene explica a Rienzi que Adriano Colonna salvou a sua honra. Porém, quando o procuram para os apoiar, Adriano hesita em usar a força contra a própria Família, acabando por ceder ao recordar que foi um Colonna quem assassinou o irmão de Rienzi. As trombetas soam finalmente e Rienzi e o Cardeal invocam a velha tradição democrática de Roma proclamando, em seu nome, a Paz na cidade e a morte para os seus inimigos. O discurso de Rienzi leva a multidão ao rubro, ocasião que Cecco del Vecchio aproveita para incitar o povo a proclamar Rienzi Rei – o que o Tribuno recusa com veemência.
2.ºActoO 2º acto inicia-se no Capitólio onde se discute a Paz. Grupos de jovens de grandes Famílias Romanas desfilam diante de Rienzi para manifestar a convicção de que os confrontos cessaram fora da cidade. Entre esses jovens vêm os chefes das Famílias Colonna e Orsini que declaram publicamente aceitar a liderança de Rienzi – quando, de facto, continuam a conspirar contra ele. A conversa dos conspiradores é escutada pelo Cardeal, que se insurge contra os planos, claramente urdidos, para assassinar o Tribuno. Quando Rienzi regressa, cumprimenta os embaixadores que vieram visitá-lo, pretençamente em missão de Paz, e ordena o início dos espectáculos públicos, recusando-se a dar ouvidos às advertências do Cardeal quanto à conspiração que se trama.
Rienzi já proclamou que Roma se recusa a reconhecer o Imperador e que exigiu que os poderes lhe sejam atribuídos a ele e ao Povo – proclamação que não faz senão reforçar as intenções dos Nobres para o assassinarem.
Mas a tentativa de assassinato acaba por falhar, e o Povo exige agora que os conspiradores sejam exemplarmente punidos. A Pena Capital é então decretada pelo Senado. Adriano implora o perdão para o seu pai, súplicas sustentadas também por Irene. Rienzi comove-se e aceita poupar a vida aos condenados, na condição, porém, de que prestem novo juramento de lealdade. Os condenados aceitam e são perdoados, isto apesar da oposição de Baroncelli e de Cecco del Vecchio.
3.ºActoO 3º acto inicia-se diante do Forum onde o Povo protesta contra a traição dos Nobres que quebraram o seu juramento de lealdade, e exortam Rienzi a esmagar a nova rebelião, sem que, desta vez, volte a cair no erro de perdoar àqueles que o traíram. Com o seu especial dom para empolgar as multidões, Rienzi reúne o Povo em armas para, ao seu lado, combater os inimigos. Fiel a Rienzi, até àquele momento, Adriano Colonna agora hesita em continuar a seguir o Tribuno, por amor de Irene, ou colocar-se ao lado do seu pai, por lealdade familiar. Acaba por recorrer à oração implorando aos céus que os dois se conciliem. É assim que, quando Rienzi parte com as tropas para enfrentar os rebeldes, Adriano se recusa a seguí-lo, preferindo ficar na cidade com as mulheres e os velhos. Rienzi regressa vitorioso da batalha onde foram mortos os Chefes Colonna e Orsini. Adriano chora a morte do pai, mas Baroncelli faz-lhe notar que muitas outras mortes há para lastimar. O acto termina quando todos se preparam para marchar em triunfo sobre o Capitólio.
4.ºActoNo 4º acto vamos encontrar a cidade abalada pelas baixas sofridas e hesitante quanto à lealdade devida a Rienzi. A traição surge dos seus próprios amigos, Baroncelli e Cecco del Vecchio, que, junto da Igreja de São João de Latrão, começam a conspirar contra ele, ao mesmo tempo que corre um boato que diz que o Papa e o Imperador se uniram contra o novo regime. É então que Adriano decide matar Rienzi.
Junto da Igreja chega a procissão liderada por Rienzi e Irene, mas a entrada no Templo é-lhes negada: o Cardeal aparece e anuncia a Rienzi a sua excomunhão. Confusa, a multidão dispersa-se, e Adriano tenta convencer Irene a abandonar também o irmão – o que Irene recusa.
O acto termina com os dois irmãos sozinhos enquanto se ouve, vindo do interior da igreja, um cântico de maldição.
5.ºActoNo último acto encontramos Rienzi a orar no interior do Capitólio. Irene chega e recusa-se a abandoná-lo, mesmo correndo o risco de ser também excomungada. Rienzi pretende voltar a dirigir-se à multidão, acreditando que, com os seus dons oratórios, a poderá voltar a conquistar. Adriano aparece e implora a Irene que fuja com ele, dizendo que a multidão se aproxima disposta a incendiar o Capitólio. Mas Irene recusa de novo, e Adriano parte sozinho. A multidão chega, liderada por Baroncelli e Cecco del Vecchio, que conseguiram finalmente os seus objectivos. Rienzi não tem sequer a oportunidade de falar uma vez mais ao Povo que, havia tão pouco tempo o seguia. É esse mesmo Povo que agora incendeia o Capitólio, feito sepultura de Rienzi e da sua irmã, ao mesmo tempo que os Nobres ocupam e devastam a cidade.
RDP – Transmissões em "Noite de Ópera" desde 1996
1998 – 29 de Outubro
1999 – 21 de Outubro
Enredo resumido da autoria de Margarida Lisboa.