Libreto: Richard Wagner
Estreia: (Bayreuth) 26 de Julho de 1882
Personagens
Amfortas
Kundry
Gurnemanz, o velho Cavaleiro
Parsifal
Titurel
Klingsor
Antecedentes"Parsifal" foi a última ópera escrita por Wagner quando atravessava um período de profunda evolução espiritual, e foi também a última ópera que o compositor dirigiu, quando da sua estreia em Bayreuth no dia 26 de Julho de 1882. No dia 13 de Fevereiro de 1883 Wagner morria em Veneza.
Para escrever o texto daquela que seria a sua última ópera, à qual designou representação teatral sacro-festiva, Wagner recorreu a três diferentes fontes que narram a mesma Lenda: "Pecival, o Galês, ou O Conde do Graal" de Chrétien de Troyes, "Parsifal" de Wolfram von Eschenbach, e um manuscrito apócrifo do século XIV denominado "Mabinogion".
Esta Lenda conta que o Santo Graal foi confiado à guarda de Titurel e do seu grupo de Cavaleiros Cristãos. Para o defender, contam com a Lança Sagrada, aquela lança com que o Soldado Romano feriu Cristo na Cruz. Para melhor preservar essas relíquias, Titurel ergueu o Castelo de Montsalvat numa montanha selvagem da Espanha Árabe que se ergue como um baluarte cristão contra o mundo pagão, e especialmente contra Klingsor, um Feiticeiro e inimigo do Bem. Klingsor mora numa fortaleza próxima de Montsalvat, à qual tem atraído numerosos defensores do Graal através dos encantos das Donzelas das Flores e da perigosa e sedutora Kundry, reduzindo esses Cavaleiros a seus servos, inimigos dos antigos irmãos de armas. Nem mesmo Amfortas, filho e herdeiro de Titurel, conseguiu escapar à magia de Klingsor: ao querer marcar o início do seu reinado com a destruição dos poderes do Feiticeiro, acabou por ceder aos encantos de Kundry, e deixou cair a sua Lança. E é com essa Lança Sagrada que Klingsor o fere – uma ferida que só poderá ser curada com a própria Lança que a provocou. Ao verem o Rei mortalmente ferido, os Cavaleiros sentem-se perdidos. É então que se ouve uma voz vinda do Santuário do Graal – voz que revela a Amfortas que apenas um jovem inocente e ignorante do pecado será capaz de resgatar a Lança. Apenas ele saberá resistir às tentações do Jardim Mágico.
A realização dessa profecia é o tema central da ópera.
Parsifal é esse herói, um jovem inocente e ignorante do pecado.
Quanto a Kundry é uma espécie de Assueros feminina, uma Judia errante. No manuscrito do século XIV, ela não é outra senão Herodías, condenada a vaguear eternamente por ter rido da cabeça de João Baptista. Para Wagner, no entanto, ela foi condenada por ter rido de Cristo ao vê-lo passar com a Cruz a caminho do Calvário. Agora, em busca de perdão, ela serve de mensageira aos Cavaleiros do Graal, mas sucumbe periodicamente à maldição que carrega, refugiando-se no jardim de Klingsor, onde se transforma numa mulher duma beleza deslumbrante, perdição dos Cavaleiros que a encontram. Kundry só será libertada quando um deles resistir à tentação. Tal como Amfortas, que se esvai em sangue, também o destino de Kundry está ligado ao aparecimento de Parsifal.
1.ºActoA ópera inicia-se numa clareira da Floresta de Montsalvat onde um velho Cavaleiro narra a dois jovens a desgraça que se abatera sobre o Reino do Graal, enquanto Amfortas toma banho no Lago na esperança de sarar as feridas, ajudado por Kundry que lhe oferece os seus bálsamos. Aparecem outros Cavaleiros que trazem Parsifal a quem acusam de ter cometido o sacrilégio de matar um Cisne selvagem perturbando assim a paz daquele lugar sagrado. O velho Cavaleiro interroga Parsifal e verifica que o jovem não apenas cometera inocentemente aquele delito como ignora as suas próprias origens: pais ou mesmo o local onde nasceu. Mas, mais importante que tudo isso, é o que o velho pressente: Parsifal é o Salvador por que tanto esperavam.
O 2º Quadro passa-se no interior do Templo do Graal onde o velho Rei Titurel, que se mantém escondido dos olhares de todos, ordena a Amfortas que celebre o Ofício Divino. No meio de grande sofrimento, Amfortas obedece. Durante toda a Cerimónia Parsifal conserva-se impassível, como que alheado de tudo, e quando o velho Cavaleiro lhe pergunta se compreendeu o significado da Cerimónia a que assistira, Parsifal responde que não. Desapontado, o velho expulsa-o do Templo.
2.ºActoO 2º acto inicia-se no interior da Torre do Castelo Encantado de Klingsor onde Kundry cai, de novo, nos sortilégios do Feiticeiro que lhe ordena que seduza Parsifal no qual acabou de reconhecer o anunciado Salvador dos Cavaleiros. A Torre transforma-se no Jardim Mágico onde Parsifal permanece insensível aos encantos das Donzelas das Flores. Quando Kundry tenta beijá-lo, Parsifal tem uma visão do papel que lhe é destinado. Então Kundry pede auxílio a Klingsor que atira contra Parsifal a própria Lança Sagrada. Mas a Lança imobiliza-se sobre a cabeça do jovem que a agarra e que com ela traça o sinal da Cruz. Nesse instante o Jardim desaparece e Parsifal vê-se no meio dum deserto terrível.
3.ºActoA acção do 3º acto passa-se 20 anos depois do confronto entre Klingsor e Parsifal. É Sexta-feira Santa e a Montsalvat chega um Cavaleiro todo vestido de negro empunhando a Lança Sagrada. O velho Gurnemanz, ao vê-lo, compreende estar na presença do Salvador prometido. Esse Cavaleiro Negro é Parsifal a quem o velho narra o estado de desespero a que o Reino chegou: Amfortas, vítima da ferida aberta há 20 anos, não suporta mais a dor e recusa-se a desempenhar as suas sagradas funções. Mas não pode morrer sem voltar a ver o Graal, pelo que o velho Cavaleiro pede a Parsifal que aceite ser sagrado Rei do Graal. Parsifal aceita. Como aceita também que Kundry lhe lave os pés e os enxugue com os seus cabelos. É então que Parsifal a baptiza e absolve dos pecados.
O último quadro passa-se, de novo, no Templo do Graal onde os Cavaleiros pedem a Amfortas para celebrar o Ofício Divino. Mas Amfortas recusa, imobilizado pela dor. Chegam Gurnemanz e Kundry na companhia de Parsifal que se aproxima de Amfortas e lhe toca a ferida com a Lança. A ferida sara de imediato. A ópera termina com Parsifal descobrindo e erguendo o Cálice Santo.
RDP – Transmissões em "Noite de Ópera" desde 1996
1997 – 27 de Março
1998 – 9 de Abril
1999 – 1 de Abril
1999 – 30 de Dezembro
Enredo resumido da autoria de Margarida Lisboa.