Banda Filarmónica Simão da Veiga da Casa do Povo de Lavre
Prémio de Mérito Coreto
O programa Coreto da Antena 2, realizado pelo maestro Jorge Costa Pinto e dedicado à música para bandas, numa iniciativa conjunta com a Sociedade Portuguesa de Autores, atribuiu na sua 3ª edição o Prémio de Mérito Coreto à Banda Filarmónica Simão da Veiga da Casa do Povo de Lavre.
A Banda de Lavre receberá o diploma, o troféu e um prémio pecuniário relativos a este Prémio de Mérito, no decurso deste concerto em Montemor-o-Novo.
8 dezembro | 17h00
Gravação do concerto pela RTP / Antena 2
no Cineteatro Curvo Semedo,
em Montemor-o-Novo
Banda Filarmónica Simão da Veiga da Casa do Povo de Lavre
Direção de Rui Ferreira
Solistas: Paulo Gaspar, clarinete; Júnior Maceió, saxofone
Programa
Johan de Meij – Summer
Yosuke Fukuda – “Tango”, from Symphonic Dances
Nelson Jesus – Feira de Maio
Sammy Nestico [arr.] – Salute to American Jazz
Luís Cunha [arr.] – Benny Goodman’s Suite
[clarinetista Paulo Gaspar]
Lino Guerreiro – Balkan Dances – Baven Oro e Sandansko Oro
[clarinetista Paulo Gaspar]
Sivuca [arr. Jonas Muel] – Frevo Sanfonado
[saxofonista Júnior Maceió]
Um concerto pleno de diversidade!
Summer é um poema sinfónico baseado em canções do folk escandinavo, obra da autoria de um dos mais consagrados compositores para banda, o neerlandês Johan de Meij.
Com Feira de Maio, apresenta-se o estilo do pasodoble, uma estética que continua a ser bastante popular junto do público e, ao mesmo tempo, toco aquele que é, na nossa opinião, o mais sagaz compositor português em atividade, no que refere à escrita para esta formação, o Nelson Jesus. Este pasodoble de concerto é um dos ex-líbris do compositor ribatejano.
Tango integra uma coletânea de danças sinfónicas do japonês Yosuke Fukuda. A qualidade melódica desta dança oferece-lhe uma fluência e energia muito particulares. A inclusão desta obra procura também realçar a grande relevância da escola de composição nipónica no panorama atual, a um nível global.
Salute to American Jazz é uma compilação da autoria de Sammy Nestico, de standards do jazz americano que procura sinalizar as várias épocas deste estilo. Vale a pena mencionar a grande relevância de Nestico como compositor e arranjador de algumas das mais reconhecidas big bands mundiais, bem como de alguns dos mais notáveis artistas do século XX, muito embora sejam os arranjos para a lendária Count Basie Orchestra, o seu legado mais lembrado.
Benny Goodman’s Suite, é também uma compilação de standards do jazz americano, da autoria de um dos mais notáveis músicos jazz portugueses, o Luís Cunha. Neste arranjo, o destaque vai todo para o solista em clarinete Paulo Gaspar. O Paulo fará também duas danças balcânicas, do compositor Lino Guerreiro, onde as idiossincrasias melódicas e a irregularidade rítmica são os grandes cartões de visita deste estilo do leste europeu.
O programa fecha com algo festivo: o Frevo, uma dança enérgica da região brasileira do Pernambuco. Frevo Sanfonado vai contar com a prestação a solo de um dos mais conceituados saxofonistas brasileiros, Júnior Maceió.

A Banda de Lavre, inicialmente constituída como Sociedade Fraternidade Simão da Veiga, nasceu a 1 de dezembro de 1889 pela mão de Simão Luís da Veiga, ilustre pintor animalista e cavaleiro lavrense. Um século mais tarde, em março de 1995, uma reorganização profunda integraria a Banda na Casa do Povo de Lavre, condição que ainda hoje mantém.
Tem sido intensa, diversificada e profícua a atividade da Banda de Lavre, sobretudo nas últimas décadas. Para além da participação em dezenas de Encontros de Bandas, cerimónias oficiais, concertos didáticos, corridas de touros, programas de intercâmbio e festividades religiosas e profanas e da organização de atividades formativas diversas, a Banda de Lavre deslocou-se, em agosto de 1998, à região italiana da Toscana, no âmbito do programa de geminação entre as cidades de Montemor-o-Novo e Pontedera e do Festival luso-italiano de cultura: Sete Sóis, Sete Luas. Mas essa foi apenas a primeira de uma série de deslocações ao estrangeiro. Em 2002, 2004 e 2009, o grupo marcou presença no Parlamento Europeu (em Estrasburgo, na primeira deslocação, e em Bruxelas nas duas outras) e, em 2005, deslocou-se à Suíça, no âmbito de um programa de intercâmbio com a Brass Band La Marcelline de Grône. Em 2009 e 2010, teve lugar um outro projeto de parceria – com a Banda da Sociedade Filarmónica Lira Madalense (Pico – Açores), tendo a deslocação àquele arquipélago ocorrido em agosto de 2010. Sete anos mais tarde, no âmbito de um novo intercâmbio, a Banda de Lavre acolheu a Filarmónica Aliança dos Prazeres (Ribeira Grande, S. Miguel – Açores), tendo retribuído essa visita em agosto do ano seguinte.
Em dezembro de 2004, no âmbito das comemorações dos 700 anos do primeiro foral de Lavre e do seu 115º aniversário, a Banda de Lavre lançou o seu primeiro CD: Sons e Memórias – 700 Anos de Júbilo. Novo trabalho neste âmbito viria a surgir, no ano seguinte, com a participação no projeto: As Melhores Bandas Filarmónicas do Alentejo, promovido pela editora Public-art.
Em abril de 2006, a Banda de Lavre participou, em primeira categoria, no Concurso de Bandas Ateneu Artístico Vilafranquense, em Vila Franca de Xira, tendo apresentado uma excelente prestação. Em junho do mesmo ano, alcançou o primeiro lugar no concurso nacional promovido pelo Inatel – Encontrão 2006, na componente musical – Festimúsica, com a apresentação do projeto Sons do Exótico. O Grande Livro da Fantasia foi o título escolhido para igual participação, em junho de 2007, tendo a Banda de Lavre alcançado, uma vez mais, o primeiro lugar.
Muito relevante tem sido a aposta, em parceria com a Câmara Municipal de Montemor-o-Novo, na realização, nesta cidade, de espetáculos de nível superior, integrados na programação do Ciclo de Outono. Neste âmbito, merecem referência o concerto, realizado em outubro de 2007, com o Maestro António Victorino d’Almeida, o concerto levado a efeito, em dezembro do ano seguinte, com o tenor Carlos Guilherme, o espetáculo Sons e Vozes de Outono, realizado em dezembro de 2009 com a participação de Carlos Guilherme e de Anabela e o tributo ao compositor norte-americano George Gershwin (Gershwin, a Utopia da Vanguarda e Outras Formas de Ouvir), que juntou em palco, em dezembro de 2010, a Banda de Lavre, o pianista Mário Laginha e a cantora Maria João. Em outubro de 2012, a Banda de Lavre acompanhou o cantor Paulo de Carvalho, a comemorar 50 anos de cantigas, num concerto memorável que designou por Memórias, Sons e Influências. Em dezembro de 2013, o artista convidado foi Jorge Palma e o cineteatro Curvo Semedo esgotou para ouvir esta simbiose que viria a revelar-se apaixonante. O sucesso deste espetáculo viria a repetir-se, em julho do ano seguinte, com uma inesquecível presença no palco do Festival de Lavre. 2014 foi ainda o ano em que, também no âmbito do Ciclo de Outono, partilhámos o palco montemorense com os cantores Vitorino e Janita Salomé e com um sublime representante do cante alentejano, o Grupo de Cantares do Redondo. As duas edições seguintes, em dezembro de 2016 e de 2017, contaram com as inesquecíveis participações de Herman José e Fernando Tordo, respetivamente. No Festival de Lavre 2018, foi a vez de Sérgio Godinho se juntar à Banda de Lavre, numa simbiose que granjeou os maiores elogios por parte da numerosa assistência. No mesmo ano, em dezembro, o cineteatro Curvo Semedo voltou a vibrar ao som da Banda de Lavre e do grupo Ala dos Namorados e, em dezembro de 2019, o mesmo espaço serviu de cenário a uma nova apresentação da Banda de Lavre e, num formato inovador, à apresentação da Big Band de Lavre, que acompanhou a voz de Nuno Guerreiro num belíssimo concerto de Natal. Novos espetáculos ocorreram, nesse espaço, nos anos de 2022 a 2024, tendo a Banda de Lavre acompanhado, respetivamente, o clarinetista Paulo Gaspar, a cantora montemorense, com raízes em Lavre, Mafalda Veiga, e o pianista portuense Vasco Dantas.
Em 2025, a Banda de Lavre foi galardoada com o Prémio Coreto (terceira edição), uma iniciativa da Antena 2 da RTP e da Sociedade Portuguesa de Autores.
Atualmente, alimentada pela sua pujante Academia de Música, que engloba, para além de Lavre, os polos de Vendas Novas, Canha e Landeira, a Banda de Lavre integra cerca de 50 instrumentistas. É dirigida, desde setembro de 2015, pelo maestro Rui Ferreira.

Rui Ferreira | Natural de Lavre, iniciou os seus estudos musicais em 1992 na Banda Filarmónica Simão da Veiga da Casa do Povo de Lavre, estudando trombone com o professor Manuel Gaspar. Frequentou a Academia de Amadores de Música Eborense, integrado na classe de António Santos. Participou em cursos e estágios no âmbito da formação específica do seu instrumento, dos quais se destacam os lecionados pelos professores Fernando Palacino, José Raposo e Paulo Cordeiro e estágios para Orquestra de Sopros sob a orientação dos maestros Ferreira de Brito, Alberto Roque e Carlos Marques. Frequentou o Curso Livre de Jazz do Hot Club de Portugal, durante dois anos, sob orientação de Luís Cunha.
É licenciado em Música – Trombone, Variante de Jazz, pela Escola Superior de Música de Lisboa, e é membro da Orquestra Jazz do Hot Clube de Portugal.
É músico da Banda da Força Aérea Portuguesa desde novembro de 2005.
Desempenha, desde setembro de 2015, as funções de diretor artístico da Banda Filarmónica Simão da Veiga da Casa do Povo de Lavre.

Paulo Gaspar | Formou-se em Clarinete na Escola Superior de Música de Lisboa, concluiu o Mestrado em Artes Musicais na Universidade Nova de Lisboa e o Doutoramento em Música e Musicologia na Universidade de Évora.
A sua atividade vai da música erudita ao jazz, passando pelo fado, bailado, teatro e cinema. Tem participado em inúmeras gravações e colaborado com diversos músicos nacionais e estrangeiros. Já colaborou com as Orquestras: Sinfonietta de Lisboa, Sinfónica Portuguesa, Metropolitana de Lisboa e Fundação Calouste Gulbenkian.
Tem desenvolvido uma intensa atividade com a Musicamera Produções. Foi solista da Banda da Armada, atualmente é o clarinetista dos Dixie Gang, Swing na Mouche, Lisbon Underground Music Ensemble e integra a Orquestra de Jazz de Setúbal e Orquestra de Jazz do Hot Clube de Portugal.
Tem integrado júris de diversos concursos e é frequentemente convidado a realizar masterclasses de clarinete, improvisação e criatividade musical. Já lecionou em diversos conservatórios e academias, Escola de Jazz Luiz Villas-Boas (Hot Clube de Portugal), na Universidade Lusíada e Escola Superior de Música de Lisboa. Atualmente é professor na Academia Nacional Superior de Orquestra.

@ Margot Rident
Júnior Maceió | Saxofonista e compositor brasileiro com uma carreira sólida que se estende por mais de 30 anos. Começou a sua trajetória musical em 1988, aos 11 anos, na Filarmónica “Associação Musical Independente” de Santa Luzia do Norte, cidade no interior de Alagoas, sob a orientação do maestro Euclides Moreira. Ao longo dos anos, Júnior Maceió destacou-se como instrumentista e compositor, ganhando destaque no cenário musical nacional e internacional.
Com um estilo musical eclético, é influenciado por ritmos brasileiros e outros géneros internacionais, como samba, funk, soul e groove. Em 2015, lançou o seu primeiro álbum solo, onde incorporou a sua experiência no saxofone e a fusão de ritmos tradicionais brasileiros com instrumentos típicos como pandeiro, triângulo e surdo virado. Esse trabalho representou o culminar da sua carreira até então, misturando a sua técnica apurada no saxofone com a riqueza da música popular brasileira.
Desde 2018, Júnior Maceió reside em Lisboa, onde vem aprofundando cada vez mais o universo do jazz. Em 2023, concluiu o curso de Licenciatura em Música, com especialização em Jazz, pela Escola Superior de Música de Lisboa. Atualmente, está no Mestrado em Música com foco em Jazz Performance na mesma instituição. A sua jornada académica em Portugal demonstra o seu compromisso contínuo com a evolução musical.
Além da sua carreira solo, integra a Orquestra de Jazz do Hot Club de Lisboa e apresenta-se regularmente com o seu quarteto, participando em diversos clubes e festivais de jazz. Prepara-se para lançar o seu segundo álbum autoral em 2026, prometendo explorar novas sonoridades e seguir a sua trajetória de fusão de estilos.
Júnior Maceió é, sem dúvida, uma figura de destaque no cenário musical brasileiro e internacional, com uma carreira marcada pela inovação e pela busca constante pela perfeição técnica e expressiva no saxofone.