200 anos da 1ª Constituição Portuguesa (1822-2022)
Sopros de um ideário liberal
Joaquim Ribeiro, clarinetes
Luís Vieira, trompa
Carolino Carreira, fagote
José Pedro Ribeiro, piano
Rondo: Allegro
Allegro Moderato – Andante – Rond: Allegro
Largo – Allegro Moderato, Scherzando
Se, em 1815, decidira regressar a Portugal, o agravamento da conjuntura política nacional, fruto da permanência da Corte no Brasil e da manutenção da impopular ingerência inglesa, levou-o a deixar o país novamente.
Iniciava-se assim um curto mas especialmente instável período da sua vida, que o levaria a gravitar brevemente entre Londres, Paris e Lisboa. No entanto, a Revolução Liberal de 1820 viria a alterar novamente o quadro conjuntural, animando o regresso do compositor à sua terra natal, desta vez, de forma definitiva.
Os ventos revolucionários e a promulgação da nossa primeira Constituição talvez constituam a base de inspiração de algumas das suas obras com sopros.
Na sua Serenata para Sopros e Piano, por exemplo, embora com uma linguagem ainda próxima de Mozart e Beethoven, encontramos, no último andamento, o Hino Constitucional de D. Pedro ou Hymno Patriótico, como tema do conjunto de variações que se lhe seguem.
A viagem de vida de João Domingos Bomtempo, o seu assumido engajamento com a causa constitucional e, acima de tudo, a convicção, que nunca deixou cair, da urgência de uma mudança do modelo de Estado, inspirou-nos na escolha de um alinhamento de programa que nos aproxima dos cenários musicais daquele tempo, partilhando obras, não apenas de compositores menos conhecidos, como o ucraniano Franz Dopler (que aqui trazemos numa sentida homenagem ao povo da Ucrânia), como também facetas talvez menos divulgadas de génios criativos populares entre nós, como é o caso de Rossini.
Jenny Silvestre
Apresentação: Pedro Ramos
Produção: Anabela Luís, Cristina do Carmo
Jenny Silvestre | Licenciada em Cravo (Escola Superior de Música de Lisboa) e em Direito (Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa). É doutorada em Ciências Musicais Históricas (Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa). Conta com uma pós-graduação em Cravo (Escola Superior de Música da Catalunha, Espanha) e uma pós-graduação em Gestão Empresarial, vertente de Estratégia de Investimentos e Internacionalização (Instituto Superior de Gestão).
É fundadora e presidente da Academia Portuguesa de Artes Musicais.
Assume as funções de diretora dos Congressos Internacionais de Musicologia Histórica organizados pela Academia Portuguesa de Artes Musicais, bem como a direção dos projetos pluridisciplinares da mesma. Tem sido ao longo dos anos diretora e programadora artística de diferentes festivais e ciclos de concerto.
Participou na estreia mundial das obras Magnificat em talha dourada e Horto sereníssimo, do compositor Eurico Carrapatoso, bem como no conto infantil O que aconteceu no Museu da Música, do compositor Sérgio Azevedo.
Estreou ainda a Inventio 2, de Bruno Gabirro e a peça Prelúdio e Festa, de Sérgio Azevedo, especialmente escrita para ela.
Ao longo da sua carreira, Jenny Silvestre realizou um relevante conjunto de concertos em órgãos históricos, quer a solo quer integrada em grupos de câmara.
Em 2009, foi assessora musical do premiado filme do realizador chileno Raúl Ruiz, Mistério de Lisboa.
Em 2011, foi a cravista convidada para o II Concurso Internacional de Composição Fernando Lopes Graça, dedicado ao cravo.
Em 2018 estreou, no Grande Auditório do Centro Cultural de Belém, o seu primeiro filme documental, Momento 1910, acompanhado pela orquestra Melleo Harmonia, orquestra residente da Academia Portuguesa de Artes Musicais que ela mesma criou.
Desenvolve, desde 2017, a programação Música no Termo, projeto que vem consolidando uma oferta de música erudita na zona norte de Lisboa constituindo um corredor de descentralização cultural em relação à tradicional zona ribeirinha da cidade. É fundadora e diretora do Laboratório de Ópera Portuguesa do CCB.
Anabela Malarranha | Iniciou os seus estudos musicais em Évora, licenciou-se na Academia Nacional Superior de Orquestra e obteve o grau de Mestrado no Conservatório Real de Haia na Holanda. Foi laureada com o 1º prémio no Concurso da Juventude Musical Portuguesa.
Joaquim Ribeiro | Foi, em 1988, o 1º Prémio Jovens Músicos na categoria de clarinete da história do certame. Do seu currículo consta o 1º Prémio do Concurso Nacional da Juventude Musical Portuguesa, o 2º Prémio do Concurso de Clarinete de Setúbal, assim como o 1º Prémio Jovens Músicos na categoria Música de Câmara, com o Quarteto de Clarinetes de Lisboa, grupo com o qual obteve ainda o Prémio Cultura e Desenvolvimento e o Prémio Artes e Ideias.
Carolino Carreira | Iniciou a atividade de fagotista no Conservatório Nacional de Lisboa, onde terminou o curso em 1987. Entre 1987 e 1992 integrou a Orquestra Sinfónica do Teatro Nacional de S. Carlos. No ano lectivo 1988/89 concluiu uma pós-graduação no Royal Northern College of Music em Manchester, Inglaterra, como bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian.
Desenvolve atividade como solista de instrumentos históricos e de fagote moderno na qual se incluem as estreias nacionais de obras do repertório fagotístico tais como o Concerto para Fagote e orquestra de sopros de Frigyes Hidas, com Banda Sinfónica da PSP (2009) e o Concerto para Fagote e orquestra Op.2 de F. Berwald com a Orquestra Sinfónica Portuguesa (2010).
Com a Orquestra Sinfónica Portuguesa apresentou-se diversas vezes a solo interpretando obras como a Sinfonia Concertante para Sopros e orquestra (1996) e Concerto para Fagote (2013) de W. A. Mozart.
É licenciado em Fagote pela ESART-IPCB, detém o título de Professor Especialista em Fagote e doutorando em Música-Interpretação na Universidade de Évora. É professor na ESARTIPCB, na Academia de Música de S. Cecília e no Conservatório Regional de Artes do Montijo.
Desde 1993 integra a Orquestra Sinfónica Portuguesa como 1º Fagote solista.
Luís Vieira | Natural de Castelo de Paiva. Iniciou os estudos musicais aos 6 anos na Academia de Música de Castelo de Paiva, em piano, e aos 14 anos em trompa. Licenciado na ESART (Castelo Branco) com Paulo Guerreiro, em 2010 frequentou o curso livre na ESMAE com Abel Pereira, e no CSMA (Saragoça) com Eric Terwilligher e Sarah Willis. Frequentou a Escuela Superior de Musica de Reina Sofia (Madrid) na classe de Radovan Vlatkovic, recebendo das mãos da rainha Sofia de Espanha o prémio de melhor aluno da Cátedra de trompa. É mestrado A ZHdK (Zurique), com Radovan Vlatkovic, no ano de 2015. Foi academista da prestigiada Karajan Akademy da Berliner Philharmoniker entre 2013 e 2015,
apresentando-se com a Orquestra sob a direção de Simon Rattle, entre outros grandes maestros.
José Pedro Ribeiro | Um dos mais requisitados pianistas Portugueses da sua geração.
Alguns pontos altos da temporada 2021/2022 incluíram um concerto radiodifundido, a partir do Grande Auditório da Fundação Calouste Gulbenkian, interpretando o Concerto para Piano e Instrumentos de Sopro de Igor Stravinsky e uma tournée pela República Checa onde tocou em Brno, Blansko e Praga, tendo sido calorosamente recebido. A sua gravação da 3ª Sonata de Fernando Lopes-Graça (em recital ao vivo para a Antena 2) tem sido muitíssimo aclamada em Portugal, no Estrangeiro e por muitos artistas respeitados, tais como Friederich Edelmann, antigo Fagotista principal da Filarmónica de Munique “Belíssimo pianismo com um enorme âmbito dinâmico (..) nunca agressivo” e o solista internacional Stephen Hough: “Performance formidável!”
É uma presença contínua na cena musical portuguesa, sendo alguns dos pontos a salientar, uma performance do Triplo Concerto de Beethoven (com o Trio Adamastor) e a Sinfonietta de Lisboa, sob a batuta de Vasco Azevedo, para uma audiência de mais de 50.000 pessoas. Apesar do número excecional de espectadores, também a crítica recebeu calorosamente a interpretação, evidenciando a “Qualidade” e dizendo que “satisfizeram todas as espetativas”. Para além de Concertos, José Ribeiro fez também recitais de Música de Câmara (primordialmente com o Trio Adamastor) na Fundação Calouste Gulbenkian, Casa da Música, Centro Cultural de Cascais, entre outros, variadíssimos recitais a solo em diversos festivais, tais como o Festival Internacional de Música da Póvoa de Varzim e o Festival do Estoril, assim como muitas transmissões de concertos e recitais pela radiodifusão (Antena 2) e televisão (RTP).
Natural de Vizela, iniciou os seus estudos musicais na sua cidade natal. Mais tarde, de 2012 a 2015, estudou em Guimarães com Ingrid Sotolarova que vem de uma linhagem que ascende ao grande pedagogo russo Heinrich Neuhaus. Mais tarde, no Porto, teve uma breve convivência com Madalena Soveral que fora, por sua vez, aluna da pianista francesa Reine Gianoli (aluna de Cortot). Até 2019, José Pedro Ribeiro, foi aluno do pianista Miguel Henriques, um discípulo de Gleb Axelrod, do Conservatório de Moscovo.
Presentemente, é aconselhado por Artur Pizarro, herdeiro de uma linhagem musical verdadeiramente excecional que ascende a Liszt e Bülow.
A Câmara dos Dignos Pares do Reino foi, então, instalada no espaço da antiga livraria monástica, que foi reformulada, segundo o projeto de Jean-François Colson, e inaugurada pelo Rei D. Luís I, a 3 de janeiro de 1867.
A nova sala de estilo neoclássico marcou o início das grandes remodelações do edifício-sede do Parlamento português, tendo sido a primeira a receber iluminação elétrica, aquecimento e ventilação.
Para melhor se adequar às necessidades operacionais e ao ideário político de cada época, o espaço e a decoração foram sendo pontualmente conformados. No entanto, a configuração da sala permanece a mesma desde o século XIX até hoje:De planta semicircular e disposição em anfiteatro, a sala foi organizada em tribunas simples em cada extremo e dois conjuntos de galerias que se sucedem em grupos de 15 com duas varandas superiores, com gradeamentos de metal fundido (uma dos quais foi, entretanto, adaptada para cabines de tradução simultânea). O pavimento é em parquet de madeira de carvalho com embutidos de pau-cetim e o teto, revestido de estuque, foi pintado a grisaille, em trompe l’oeil (técnicas de pintura francesas), simulando cartelas em baixos-relevos com motivos geométricos e figurativos, da autoria do pintor-decorador Pierre Bordes. As paredes em escaiola imitam mármore de Siena. O cadeirão da mesa da presidência estofado em pele é encimado por duas figuras que seguram livros e flanqueiam um medalhão com as quinas e um castelo do escudo português, apoiado num púlpito com a inscrição latina In legibus salus – “A salvação está na lei”.Esta sala foi utilizada para acolher as reuniões da Câmara Alta, sempre que o nosso país funcionou com um sistema bicameral, com as seguintes designações:· Sala do Pariato – para as reuniões dos Pares do Reino, durante a Monarquia Constitucional (1867-1910). Apesar de a inauguração da sala ter acontecido em 1867 com esta nova designação, o espaço já era utilizado para as reuniões dos Pares;
· Sala do Senado, a partir de 1910, com a implantação da República (1911-1935). Esta é também a designação atual da sala.
Sala do Senado, J. Fernandes, 1914.
Durante o período do Estado Novo (1935-1974), designou-se Sala da Câmara Corporativa, sendo utilizada para as reuniões deste órgão consultivo.
Entre 1897 e 1903, a sala foi partilhada por Pares e Deputados, na sequência do incêndio e da reconstrução da sala da Câmara Alta. Em 2008, acolheu novamente as sessões plenárias dos Deputados, enquanto decorriam as obras de beneficiação do Hemiciclo.
Com a Revolução do 25 de Abril de 1974 e a Constituição democrática de 1976, Portugal passou a ter um sistema monocameral, apenas com a Câmara dos Deputados, pelo que este espaço, que mantém a designação de Sala do Senado, passou a ser a segunda maior sala de reuniões da Assembleia da República. Atualmente esta é a sala onde, por tradição, reúne o Grupo Parlamentar com maior número de deputados. Acolhe também conferências nacionais e internacionais, audições parlamentares, sessões de homenagem e diversos eventos culturais, como concertos musicais e peças de teatro.