Libreto de Pietro Metastasio (1698 – 1782)
Orquestra Divino Sospiro
Direção Musical de Massimo Mazzeo
Solistas:
Francesca Aspromonte
Eduarda Melo
Joana Seara
Bruno Almeida
Conceção e direção de Carlos Pimenta
Figurinos de José António Tenente
Vídeo por João Pedro Fonseca
Desenho de Luz por Rui Monteiro
Espaço cénico de Carlos Pimenta e João Pedro Fonseca
Tradução de Adriana Latino
Edição crítica da partitura de Iskrena Yordanova
Espetáculo com legendagem
Transmissão direta
O libreto de L’Isola Disabitata foi escrito pelo maior poeta para música do séc. XVIII, Pietro Metastasio. Teve a sua primeira apresentação no dia 31 de maio de 1753 em Aranjuez, com música do compositor austríaco de descendência italiana Giuseppe Bonno (1711-1788). Em Portugal, L’Isola Disabitata foi apresentada com música de David Perez em 1767 e teve várias apresentações nos teatros reais portugueses.
Esta breve peça teatral pode ser considerada como uma reformulação do mito de Orfeu e Eurídice. Os motivos principais do conto estão aqui todos reunidos: a viagem, a separação dos jovens esposos, a morte simbólica, o reencontro com a amada, a ressurreição e o triunfo final do bem acima do mal. A dicotomia homem | natureza perpassa, ainda, pela leitura de uma obra que se assume como exemplar na demonstração das contradições e mal-entendidos em que os seus protagonistas se deixam enredar.
Após o sucesso de Antígono (2011) o Divino Sospiro regressa ao mesmo período histórico e à ópera encenada. Se em Antígono “a maravilhosa máquina do barroco” se reconfigurou naquilo que foi apelidado na altura como “barroco digital”, nesta nova produção voltam a aliar-se na cena as tecnologias contemporâneas e o estrito respeito pela tradição barroca e pela música historicamente informada.
David Perez foi um dos compositores mais relevantes no panorama musical europeu da segunda metade do séc. XVIII. “Compositor da Real Câmara e Mestre das Suas Altezas Reais” de 1752 a 1778, dirigiu a vida musical da Corte portuguesa até à sua morte. A sua produção influenciou a maioria dos compositores portugueses. Muitos, como João Cordeiro da Silva, João de Sousa Carvalho e Luciano Xavier dos Santos, foram seus discípulos diretos.
Esta Serenata foi escrita para ser apresentada no Palácio de Queluz, residência do Infante D. Pedro e da futura rainha D. Maria I, alunos privilegiados de David Perez, que estabeleceram com ele uma estreita ligação. A proximidade entre o casal real português e o compositor napolitano está demonstrada pela sua presença na tela pintada no teto da Sala dos Embaixadores, no Palácio Nacional de Queluz.
O libreto para esta Serenata foi escrito, em 1752, pelo maior poeta para música do séc. XVIII, Pietro Metastasio. Vários compositores usaram este texto com grande êxito. Para além da trama quase realista, a narração trata de viagens marítimas longínquas para as Índias Ocidentais, o que terá despertado, na altura, bastante interesse, particularmente, entre o público português.
Desta obra restam atualmente apenas duas partituras manuscritas. Uma encontra-se na Biblioteca do Palácio Nacional da Ajuda e tem a seguinte nota em língua italiana: “… para ser apresentada na Real Vila de Queluz no ano de 1767” que consta igualmente no libreto impresso conservado na Biblioteca Nacional de Portugal; a outra encontra-se na Biblioteca do Conservatorio di Musica San Pietro a Majella, em Nápoles.
A edição crítica desta partitura é responsabilidade de Iskrena Yordanova (Divino Sospiro – Centro de Estudos Musicais Setecentistas de Portugal – DS-CEMSP).
O século XVIII foi um dos períodos mais importantes na História da música portuguesa, registando um forte investimento do poder real ao nível da produção e da interpretação, através de estratégias que incluíram a importação de músicos e de repertório, bem como a formação de intérpretes e compositores. Ao Palácio de Queluz acorria frequentemente a Corte para assistir a serenatas, cavalhadas e espetáculos de fogo-preso. A música ocupou sempre um papel central nestas festividades, sobretudo entre 1752 e 1786. Antes e depois da construção da Casa da Ópera, em 1778, ali se tocaram dezenas de serenatas e óperas.