Prémio Nobel da Literatura 2023 

Jon Fosse na Antena 2

 

Ontem, 5 de Outubro, foi conhecido o nobelizado deste ano em Literatura: o dramaturgo, romancista e poeta norueguês, Jon Fosse.

Com os Artistas Unidos e Jorge Silva Melo, a Antena 2 transmitiu, desde 2017, três peças de um dos mais importantes e celebrados autores vivos, e que estão disponíveis para escuta;

Calor, de Jon Fosse

Uma casa. Um cais. Um oceano.
Dois homens à beira do mar.
Esperam a mulher que nunca esqueceram, mas de quem se lembram mal.
À medida que as memórias e os desejos vêm ao de cima, também surge uma história de amor.

 

Vento Forte, de Jon Fosse

Um homem que esteve na estrada por um longo período de tempo, olha pela janela do apartamento que partilha com a sua mulher. Mas é ainda a mesma janela, apartamento, mundo? Quanto tempo esteve ele ausente? Terá ele um lugar, tempo e presença aqui? Ou pertence ao passado e é um mero espectador do seu desaparecimento…

Em Vento Forte, Fosse conta a história não só da tentativa de regresso à vida, mas também ao mundo do teatro, cujos parâmetros se alteraram e cujas antigas certezas se perderam.

 

Foi Assim, de Jon Fosse

Um homem no fim da sua vida, um artista, faz um balanço da sua existência, dos seus afetos, da sua condição.
Um exercício individualista ao estilo de Jon Fosse, de escrita rarefeita e com muitas repetições, um ruminar de sentidos e de emoções.

 

No dia do anúncio do Prémio Nobel da Literatura, também Luís Caetano trouxe para A Ronda da Noite, a sua homenagem ao escritor norueguês. Das palavras de Jorge Silva Melo, seu amigo e encenador, a um excerto de uma das peças pelos Artistas Unidos. Nesta emissão, ainda se pode ouvir o editor Diogo Madredeus que tem publicado nos últimos 3 anos, na Cavalo de Ferro, o mais recente nobelizado da Literatura.

 

Jon Fosse | Um dos mais importantes e celebrados autores vivos. Nasceu em 1959 em Haugesund, no Oeste da Noruega. Fixou-se em Bergen nos anos 80. Escreve em novo Norueguês, língua obrigatória nas escolas mas que só é falada nessa região.
Estreou-se na literatura em 1983, tendo publicado cerca de quinze livros antes de chegar ao teatro: romances, poesia, ensaios, novelas e livros para crianças. O seu primeiro texto para o teatro foi escrito em 1994. As suas peças começaram a circular no final dos anos 90, tendo sido representadas na Noruega e no estrangeiro, dirigidas por encenadores como Gunnel Lindblom, Claude Régy, Jacques Lassale, Thomas Ostermeier, Barbara Frey, Katie Mitchell ou Patrice Chéreau que, em 2011, dirigiu Sonho de Outono e Sou O Vento.
É, atualmente, um dos contemporâneos mais representados na Noruega e no estrangeiro. Foi vencedor dos prémios: Nynorsk (1988 e de novo em 2003); Aschehoug (1997); Dobloug (1999); Norsk Kulturads (2003); Nynorsk Litearture Prize (2003); Breage (2005); Academia Sueca (2007); em 2010, foi-lhe concedido o prestigiado Prémio Ibsen e, em 2011, o Estado Norueguês concedeu-lhe uma residência honorária, Grotto, em Slottsparken em Oslo, perto do Palácio Real.
É autor de E Nunca nos Separarão (1994), O Nome (1995), Vai Vir Alguém (1996), A Criança (1997), Mãe e Criança (1997), O Filho (1997), A Noite Canta os Seus Cantos (1998), Um Dia de Verão (1998), Sonho de Outono (1999), Quando a Luz Baixa e Fica Escuro (1999), Dorme, Meu Menino (1999), Visitas (2000), Inverno (2000), Variações Sobre a Morte (2001), A Rapariga no Sofá (2002), Lilás (2002), Os Cães Mortos (2003), Suzannah (2004)), Sa ka la (2004), Calor (2005), Sono (2005), Rambuku (2006), Sombras (2006), Sou o Vento (2007), Morte em Tebas (2008).
Fosse escreveu vários romances, como Melancolia I e Melancolia II, sobre o pintor norueguês Lars Hertervig; Manhã e Noite, sobre o nascimento de uma criança e o dia da sua morte décadas depois; e Trilogia, em três partes: Vigília, Os Sonhos de Olav, e Fadiga. É a bela e perturbadora história do violinista Asle e sua namorada Alida, pela qual Fosse ganhou o Prémio Literário do Conselho Nórdico, em 2015.
Tem revisto e traduzido para novo norueguês e criado versões de várias peças. O seu trabalho mais longo é Septologia. Sete partes publicadas em três volumes: The Other NameI Is Another, and A New Name. É uma magnífica narrativa sobre a natureza da arte e de Deus, alcoolismo, amizade, amor e a passagem do tempo, que recebeu excelentes críticas na Noruega e no estrangeiro, sendo considerado para vários prémios, como o International Booker Prize em 2020 (The Other Name), The Booker International em 2022, The National Book Award 2022 e o Editors’ Choice do New York Times (A New Name).
Jon Fosse esteve em Portugal em Março de 2000, aquando da estreia de Vai Vir Alguém n’A Capital, com encenação de Solveig Norlung e interpretação de Diogo Dória, Isabel Muñoz Cardoso e Paulo Claro. Voltou a 11 de Março de 2001 para assistir a Sonho de Outono, com encenação de Solveig Norlung e interpretação de Gracinda Nave, Marco Delgado, Camacho Costa, Lucinda Loureiro e Sylvie Rocha.
A Noite Canta os Seus Cantos estreou em Portugal a 26 de Fevereiro de 2004, no Teatro Taborda, com encenação de João Fiadeiro e interpretação de Américo Silva, António Simão, Isabel Muñoz Cardoso, Joana Bárcia e António Évora numa produção Artistas Unidos / Re.Al.
A 17 de Fevereiro de 2005, os Artistas Unidos estrearam Inverno no Teatro Taborda, com encenação de Jorge Silva Melo e interpretação de Pedro Lima e Sylvie Rocha.
Um inédito seu integrou o espetáculo Conferência de Imprensa e Outras Aldrabices em homenagem a Harold Pinter (TNDM II, em 2005). E em 2007, os Artistas Unidos estrearam no CCB, Lilás, uma peça para público adolescente. Voltou em 2009, por ocasião da visita oficial dos Reis da Noruega, para assistir à leitura de Sou O Vento.