LibretoMichel Carré, a partir do poema de Frédéric Mistral Mireio
EstreiaTeatro Lírico, em Paris, no dia 19 de Março de 1864
Antecedentes
Mistral tinha-se tornado bastante conhecido em Paris com a publicação da tradução do poema provençal Mireio em 1859. No ano de 1861 Gounod ficava bastante encantado com a originalidade deste história bastante mais natural do que os grandes enredos operáticos daquele tempo. A adaptação de Michel Carré é assim muito fiel ao poema de Mistral, apesar de uma ou outra troca na sequencia dos acontecimentos da história.
Durante o processo de composição de Mireille, Gounod passou bastante tempo na Provença precisamente para visitar os locais onde decorria a acção da história, tendo mesmo chegado a conhecer Mistral e a trocar impressões com ele. Quando terminou a sua ópera foi dito que se tratava de um poema lírico que muito para além de contar uma história, conseguia apresentar toda a paleta de tradições, crenças e costumes da Provença.
Segundo se consta grande parte do processo de preparação desta ópera aconteceu em casa de Charles Gounod num ambiente fervilhante de troca de ideias que incluía como protagonistas Georges Bizet que acompanhava ao piano, Camille Saint-Säens que tocava harmónio e a Viscondessa de Grandval (ela própria compositora) que juntamente com Gounod cantava as partes dos solistas.
ResumoI Acto
num pequeno amoreiral durante o entardecer no dia de São João
Um grupo de raparigas canta enquanto apanha folhas de amoreira para alimentarem os bichos da seda. Taven, uma anciã que vive numa gruta nas proximidades junta-se a elas e faz comentário acerca da alegria das jovens. Como resposta elas riem-se de Taven a quem chamam de bruxa. No meio disto tudo apercebemo-nos de uma delas, Clemence que sonha em voz alta com um marido rico. No entanto, uma segunda jovem de nome Mireille, responde-lhe que prefere casar-se por amor, mesmo que se tenha que casar com um rapaz pobre e tímido. As outras raparigas metem-se com ela uma vez que sabem bem que ela está apaixonada por um pobre cesteiro que se chama Vincent. Entretanto Taven partilha com Mireille as suas premonições. É então que passa Vincent e Mireille aproveita para lhe declarar o seu amor. Quando se despedem ambos juram encontrar-se na igreja de Saintes-Maries-de-la-Mer caso suceda alguma coisa. Ouve-se o coro de raparigas à distancia.
II Acto
Em frente ao anfiteatro de Arles na mesma tarde
Uma multidão canta e dança uma farândola enquanto aguarda que comece a corrida. Quando Mireille e Vincent chegam, cumprimentam-se alegremente. Depois da corrida, Taven chama Mireille à parte para lhe dizer que acabou de ver três jovens, Ourrias, Alari e Pascoul a discutirem para ver quem ficava com a mão de Mireille. Sosinha, Mireille jura para si própria que nada nem ninguém a separará de Vincent. Ourrias aproxima-se e insiste que Mireille lhe preste atenção. Ela rejeita cordialmente. É então que chegam Ramon, pai de Mireille, e Ambroise, o pai de Vincent. Ambroise pede um conselho a Ramon a propósito de Vincent que, segundo ele, está apaixonado por uma jovem herdeira e espera com isso conseguir uma grande fortuna; Como resposta Ramon sugere-lhe que dê uns tabefes ao rapaz… pode ser que lhe passe – onde é que já se viu um filho contar com a morte de um pai para herdar uma fortuna. Ao ouvir isto, Mireille desata a chorar e pede que a matem… Depois de se acalmar diz ser ela o amor de Vincent e que esse amor é mútuo. Ramon fica furioso e manda Mireille para casa ficando para conversar com Ambroise e Vincent.
III Acto
1ª Cena
No Val d’Enfer nos arredores de Arles. É de noite.
Ourrias e alguns amigos encontram-se num recanto selvagem, supostamente povoado por espíritos. Ourrias quer comprar uma poção a Taven. Quando fica só, descarrega a sua fúria e os seus ciúmes e decide ficar á espera de Vincent que está para aparcer brevemente. Quando Vincent chega é insultado por Ourrias. Vincent tenta acalmá-lo, mas Ourrias agride-o com o seu ancinho e pensando que o matou, foge. Taven apercebe-se da confusão e depois de amaldiçoar Ourrias, vai socorrer Vincent.
2ª Cena
Nas margens do Ródano
Cheio de remorsos, Ourrias corre para as margens do rio e chama pelo barqueiro. Como resposta recebe o eco do seu grito e o murmúrio dos fantasmas que sobrevoam o leito do rio. Chega o barqueiro e Ourrias embarca impacientemente. É então que o barco se começa a afundar nas águas do rio enquanto o barqueiro relembra a Ourrias o seu crime.
IV Acto
1ª Cena
Na Quinta de Ramon nessa mesma noite.
Enquanto todos celebram as colheitas, Ramon encontra-se cabisbaixo com a consciência de, ao ter negado o amor a Mireille, ter estragado ao mesmo tempo um final de vida alegre e pacifico. Entretanto da sua janela Mireille vê chegar um pastor – ela tem inveja do seu estilo de vida livre. Sem ser vista, Vincenette, a irmã de Vincent, entra no quarto para lhe dizer que o irmão se encontra ferido. Assim, Mireille decide ir até à igreja de Saintes-Maries.
2ª Cena
Em Crau, absolutamente deserto, já de manhã.
Mireille, cambaleante com o cansaço desfalece ao ouvir a música do pastor à distancia. Faz um ultimo esforço para continuar a sua viagem.
V Acto
Em frente à capela de Saintes-Maries-de-la-Mer ao Meio-Dia
Os peregrinos estão a cantar. Chega então Vincent que vem à procura de Mireille. Quando chega exausta, desmaia nos braços de Vincent. É então que chega Ramon com Vincenette. Ramon diz-lhe tê-la perdoado, mas Mireille morre e é chamada aos céus por uma voz celestial.