Libreto: Illica e Giacosa segundo Sardou
Estreia: Roma – Teatro Costanzi, 14 de Janeiro de 1900
PersonagensFloria Tosca
Mario Cavaradossi
Scarpia
Angelotti
Sacristão
Spoletta
Sciarrone
Carcereiro
Um pastor
AntecedentesA "TOSCA" foi levada a cena pela primeira vez no Teatro Costanzi em Roma no dia 14 de Janeiro de 1900, início dum novo século, e é, curiosamente, uma ópera de mudança, reflexo das mudanças e das convulsões profundas sofridas pela sociedade daquele tempo: a revolução industrial, o início da utilização da energia eléctrica como fonte de luz nas grandes cidades, os progressos da Psiquiatria que tenta interpretar os comportamentos buscando causas adormecidas nos mais secretos esconderijos da mente, as grandes correntes ideológicas que tomam o lugar dos nacionalismos dominantes do século anterior, enfim toda uma série de mudanças que iriam marcar progressivamente o século que nascia. A "TOSCA" simboliza, de forma quase perfeita, esse confronto de viragem de século entre decadência e progresso apresentando não os heróis tradicionais a que a ópera nos habituara (reis, príncipes ou semideuses), mas sim os anti-heróis para os quais a miséria deixara as cores baças da vergonha que se quer escondida para tomar o fulgor do escândalo que se proclama.
Curiosamente a acção da ópera situa-se precisamente um século antes, no Verão de 1800, quando, logo a seguir à queda da República Romana, a Rainha Maria Carolina, mulher de Fernando IV, Rei de Nápoles, se instala em Roma incumbindo o Barão Scarpia de criar uma Polícia Secreta para assegurar a restauração da Monarquia.
1.º ActoO 1º acto passa-se no interior da Igreja de Santo André onde o ex-cônsul ANGELOTTI se vem esconder depois de se ter evadido da Prisão de Sant’Angelo. O Pintor MARIO CAVARADOSSI chega passados instantes para retomar o trabalho num quadro que representa a Santa Maria Madalena, para o qual se inspirara precisamente na figura da irmã do ex-cônsul que vem regularmente àquela igreja. Ao descobrir o fugitivo, CAVARADOSSI oferece-lhe comida e auxílio, mas o diálogo é interrompido pela chegada intempestiva da Cantora FLORIA TOSCA, amante do Pintor, que o acusa de a trair com a mulher que ela reconhece no retracto e que acredita encontrar-se com ele ali furtivamente. Depois de apaziguada a fúria com as juras apaixonadas do Pintor, a Cantora parte e o ex-cônsul deixa o esconderijo e combina com CAVARADOSSI refugiar-se na sua casa, para onde deverá dirigir-se disfarçado de mulher com as roupas que a irmã lhe deixara na igreja. Nesse instante ouvem-se tiros disparados pelos canhões da Prisão de Sant’Angelo que indicam que fora descoberta a evasão. ANGELOTTI e CAVARADOSSI saem apressados e quando o Barão SCARPIA chega à igreja em busca do fugitivo encontra apenas o SACRISTÃO, os Monges e o Coro, que exprimem o seu júbilo pela recente derrota das tropas napoleónicas. Mas o fugitivo deixara algumas pistas: a porta da capela da família ANGELOTTI está aberta, o Pintor, conhecido pelas suas ideias republicanas, está ausente, e o cesto da sua merenda está vazio. A Cantora regressa à procura do amante e encontra o Barão SCARPIA. O Barão tem velhas pretensões ao amor da Cantora e decide atiçar a sua raiva e os seus ciúmes mostrando-lhe um leque que diz ter encontrado ali mesmo, no local onde o Pintor trabalha, (leque que tem pintadas as armas dos ATAVANTI), e sugere encontros furtivos entre CAVARADOSSI e a irmã do ex-cônsul. A Cantora deixa a igreja desesperada.
2.º ActoA acção do 2º acto desenrola-se no apartamento do Barão SCARPIA no Palácio Farnese. O Barão está a jantar enquanto espera a chegada dos dois revolucionários que mandara prender por guardas que tinham seguido a Cantora até à casa do Pintor. Só que, durante as buscas, tinham encontrado apenas CAVARADOSSI, já que o Pintor se escondera no poço do jardim.
Os guardas trazem o Pintor à presença do Barão. Logo a seguir chega a Cantora, que fica surpreendida com aquilo que está a acontecer. O Barão diz que CAVARADOSSI é cúmplice na fuga do ATAVANTI e que o ex-cônsul está escondido em sua casa, ordenando aos guardas que o façam falar. Só que, mesmo sob tortura, o Pintor não fala, e o esconderijo de ANGELOTTI acaba por ser revelado por FLORIA TOSCA que não consegue mais suportar ouvir os gritos de sofrimento de CAVARADOSSI, que contra ela se enfurece acusando-a de traição. Nesse momento chega a notícia da vitória das tropas de Napoleão, e é por entre exclamações de alegria por esse avanço das forças republicanas que o Pintor é levado para a Prisão de Sant’Angelo enquanto SCARPIA ordena o seu fuzilamento. O Barão fica a sós com a Cantora que lhe implora o perdão para o seu amante, chegando mesmo a perguntar quanto é que ele quer em troca da vida do Pintor. E SCARPIA diz que CAVARADOSSI poderá partir em liberdade se a Cantora ceder aos seus desejos – é esse o preço. TOSCA revolta-se, mas acaba por dizer que aceitará esse troca desde que, além da Liberdade, lhe seja também entregue um salvo-conduto para que ela e o Pintor possam abandonar o país essa mesma noite. O Barão dá então ordem para que o fuzilamento seja fictício, acentuando que deve ser tão fictício quanto o fora o fuzilamento do Conde Palmieri. A Cantora ignora-o, mas o Conde Palmieri fora realmente fuzilado, e a ordem do Barão mais não é do que a confirmação do fuzilamento do Pintor. SCARPIA assina o salvo-conduto e quando se aproxima de TOSCA para a abraçar, ela mata-o com uma das facas que apanhara sobre a mesa da ceia. A Cantora pega no salvo-conduto que o morto segura ainda numa das mãos e parte para a Prisão de Sant’Angelo onde acredita irá libertar o Pintor.
3.º ActoA acção do 3º acto passa-se na Prisão de Sant’Angelo onde CAVARADOSSI aguarda o fuzilamento. A Cantora chega com a notícia da morte do Barão SCARPIA e diz que conseguira que, antes de morrer, ele desse ordem para que o fuzilamento fosse simulado. Mostra também o salvo-conduto que lhes irá permitir a fuga para o estrangeiro. Chegada a hora da execução o Pintor enfrenta o pelotão de fuzilamento. Só que os disparos são reais e CAVARADOSSI cai morto. Julgando que ele está a simular, a Cantora tenta fazê-lo levantar-se, até que compreende aquilo que realmente aconteceu. Gritando vingança, e marcando um encontro com SCARPIA diante de Deus, TOSCA atira-se do alto das muralhas no instante em que chega a Polícia para a prender.
RDP – Transmissões em "Noite de Ópera" desde 1996
1999 – 16 de Setembro
1999 – 28 de Novembro
2000 – 13 de Abril
Enredo resumido da autoria de Margarida Lisboa.