LibretoThomas Corneille
Estreia 19 de abril de 1678 na Academia Real de Música de Paris
AntecedentesPsychè é uma tragédia em música com um prólogo e cinco actos de Jean-Baptiste Lully e libreto adaptado da peça original de Molière por Thomas Corneille. Estreada em Paris no ano de 1678.
Segundo rezam as crónicas do tempo de Lully, Psyché foi inteiramente concebida em apenas três semanas – libreto e partitura. Muito embora seja impossível averiguar da veracidade desta afirmação, sabe-se que na altura, Lully estava bastante pressionado para acabar esta partitura num tempo muito curto. Com efeito, para esta ópera Lully vai reutilizar material já composto para a peça homónima de Molière, estreada 7 anos antes, também com música composta por Lully. Tudo o que foi preciso foi uma boa capacidade síntese da obra de Molière e depois, escrever a música que faltava.
Por exemplo, no caso do prólogo, tanto a acção como a música são bastante idênticas à tragédia apresentada em 1671. As mudanças só acontecem com a entrada em cena de Vénus. Na ópera, Vénus surge para banir as flores que nomearam a mortal Psyché como uma segunda Vénus.
ResumoNo primeiro acto, as irmãs de Psychè ficam a saber que ela deve ser sacrificada. Psychè está condenada a ser entregue a um dragão que tem aterrorizado todo o reino, de forma a apaziguar a sua fúria. Quando Psychè chega, as suas irmãs escondem-se para não terem que lhe dar a terrível noticia. Assim, tem que ser o seu pai a informá-la do prenúncio do oráculo. Sem hesitar, e para grande consternação de seu pai, Psychè sobe à rocha mais alta e entrega-se ao dragão em sacrifício. No momento certo, ela é levada, não pelo dragão, mas por Zephyr.
O segundo acto começa assim no reino de Vulcano, onde o deus, ajudado por um grupo de ciclopes, está a construir um palácio para receber Psychè e Cupido. No momento em que Vulcano se prepara para completar a sua obra, é surpreendido pela sua mulher, Vénus. A deusa acabou de descobrir que o seu filho, Cupido, anda a traí-la. Ela discute com Vulcano e acaba a jurar vingança. Vénus decide punir o filho. Entretanto, Psychè acorda no reino dos deuses. Aí é cortejada por Cupido e apaixona-se imediatamente. O acto termina com uma cena de amor entre Psychè e Cúpido que pede ajuda a três ninfas para manter a sua identidade secreta.
Sabendo que a identidade de Cupido não pode ser revelada, no terceiro acto Vénus aparece disfarçada de Ninfa. A deusa dá a Psyché uma lamparina mágica que revelará a verdadeira identidade do jovem amante. Psyché fica entusiasmada quando descobre que o seu amante é um deus. Contudo, a luz da lamparina faz com que Cúpido fuja. Ao mesmo tempo, o palácio desaparece e Psyché é deixada numa paisagem desoladora. Vénus aparece para acusar Psyché de traição e alega que a humana apenas procura a imortalidade através do casamento. Como sentença, Psyché é forçada a descer aos infernos para aí resgatar a caixa onde Proserpina guarda a sua beleza. Desesperada, Psyché tenta afogar-se no rio, mas é salva pelo deus dos rios que a ajuda a chegar até ao submundo.
O quarto acto começa nos infernos. Quando chega, Psyché é logo atormentada por três fúrias. Ela resiste na esperança de que alguém a ajude e, assim, aparecem as Ninfas de Acheron que afugentam as Fúrias. Estas ninfas trazem consigo a caixa que Vénus procura e pedem a Psyché que a faça chegar às mãos da deusa. Conduzem-na até aos jardins de Vénus, onde se passa o quinto acto. Aí, no jardim de Vénus, Psyché, corroída pela curiosidade, resolve abrir a caixa, esperando que esta lhe restitua a beleza perdida durante todas estas provações. Contudo, ao invés de beleza, a caixa exala um gás tóxico que mata Psyché. Vénus aparece radiante e trás Psyché de novo à vida. A jovem tem que continuar a ser torturada. Porém, a deusa fica impressionada quando percebe que apesar de tudo o que Psyché passou, ela ainda ama o seu filho. Isso não é o suficiente para demover a deusa e continua a infligir castigos à mortal. Nesse momento, Mercúrio desce dos céus e pede a Vénus que pare. Mercúrio narra todo o caos em que o universo se está a transformar por causa da tristeza de Cúpido. Vénus ignora o mensageiro dos deuses e Júpiter é forçado a intervir. Ele acalma a ira de Vénus e no fim acaba por pronunciar Psyché imortal. Os dois amantes, Psyché e Cúpido, são unidos num enorme final feliz.