Temporada de Concertos Antena 2
12 Dezembro | 19h00
Auditório do
Museu Nacional de Arte Antiga
Entrada gratuita
Avres Serva
Mariana Castello-Branco, soprano
Pedro Massarrão, violoncelo
Nuno Oliveira, órgão e direção
Programa
Frei Jerónimo da Madre de Deus (1714/15-1768) – In Sabatho Sancto: Lectio 8ª ‘Et ideo novi testamenti’
Domenico Gabrieli (1659-1690) – Sonata à violoncello solo, con il Basso Continuo [Sonata 1]
(Ricercari, canone e sonate per violoncello)
Frei Francisco do Carmo (fl. 1793-1823) – Versos do 6º Tom para orgão comforme a reza do psalmiado do Coro Real Mosteiro de Arouca
Policarpo José António da Silva (1745-1803) – Lisam Primeyra da 5ª Feira, a solo di soprano
Francisco de São Boaventura (a.1742-d.1802) – Tocata
João José Baldi (1770-1816) – Kalenda para a vegilia do Natal
António da Silva Leite (1759-1833) – Feria V in Coena Domini, Lectio VI a Solo e Órgão
Frei Jerónimo da Madre de Deus compôs aquela que é, de longe, a maior obra portuguesa para órgão da primeira metade do século XVIII até hoje conhecida, um conjunto de vinte versos para o instrumento. Compôs várias lamentações, cujos manuscritos se encontram na Biblioteca Nacional de Portugal, em Lisboa.
Também aqui se encontram hinos, lamentações, kalendas e responsórios de Frei Francisco do Carmo, Mestre-Capela no Mosteiro de Alcobaça nos finais do século XVIII, bem como vários versos para órgão que eram cantados em alternância com canto gregoriano, um pouco à semelhança do anterior.
Policarpo José António da Silva foi um importante tenor, compositor, instrumentista de tecla e professor de canto. Atuou em Portugal em finais do século XVIII, com relevante contribuição para a Irmandade de Santa Cecília. Merece destaque sua carreira como cantor na Patriarcal, na Real Capela e na Real Câmara de Lisboa. Autor de lamentações, cançonetas, contradanças, duetos da câmara, e outras peças, bem com de um concerto para violoncelo.
Francisco de São Boaventura foi religioso e compositor português que atuou na cidade do Porto na segunda metade do século XVIII e nos primeiros anos do século XIX, um carmelita calçado do qual existem várias obras dedicadas às freiras do Real Convento de São Bento da Ave Maria. Entretanto, através dos manuscritos custodiados na secção de música da Biblioteca Nacional de Portugal, constata-se a existência de outras obras que pertenceram ao Convento de Santa Clara. A sua escrita evidencia a influência do modelo italiano, já consolidado, que incorporava recursos da música teatral na música religiosa. Compôs muitas obras para órgão.
João José Baldi foi músico e compositor, mestre da Capela Real e professor de música. Para além de composições de música sacra, deixou modinhas portuguesas, árias italianas e peças para piano. Na Biblioteca da Ajuda existem algumas das partituras produzidas para a Capela da Bemposta, para onde foi nomeado mestre de capela no ano de 1806, tais como missas e responsórios.
António da Silva Leite, mestre de capela na Sé Catedral do Porto, dedicou grande atenção à guitarra, tendo escrito o primeiro compêndio do género publicado em Portugal. À semelhança dos restantes compositores, também compôs muitas e variadas peças de música religiosa, empregada durante longos anos nas cerimónias da igreja em quase todo o País, e produziu inumeráveis obras de música profana, de várias modalidades.
Domenico Gabrielli foi um compositor barroco italiano e um dos primeiros violoncelistas virtuosos conhecidos, bem como um pioneiro na escrita musical para violoncelo. Escreveu várias óperas, bem como obras instrumentais e vocais. Foi especialmente notável como compositor de algumas das primeiras obras atestadas para violoncelo solo (duas sonatas para violoncelo e baixo contínuo, um grupo de sete ricercari para violoncelo e um cânone para dois violoncelos).
Transmissão direta
Apresentação: Pedro Ramos
Produção: Anabela Luís, Cristina do Carmo
Avres Serva | Criado em 2015 por Nuno Oliveira, que tem a seu cargo a direção musical, bem como a elaboração e transcrição para notação moderna do repertório a apresentar, o grupo pretende dar a conhecer repertório dos séculos XVI a XIX, sempre em interpretações historicamente informadas, com destaque para música portuguesa.
Estreou-se nesse ano com Música Italiana para um Ofício de Vésperas no Ciclo de Música do Convento dos Capuchos. No ano de 2018 salienta-se a participação do grupo nos Dias da Música 2018, tendo sido interpretadas as Cantatas BWV 35 e BWV 169 de Johann Sebastian Bach, numa primeira execução em Portugal com instrumentos, afinação e temperamento históricos.
No ano de 2019, o grupo marcou presença na Temporada de Concertos da Capela do Paço Ducal, em Vila Viçosa, e no Festival das Artes, em Coimbra.
No ano de 2020, voltou a estar presente na Temporada de Concertos da Capela do Paço Ducal, e fez a sua estreia na Temporada de Música em São Roque. Nestes concertos o grupo apresentou programas de música portuguesa dos séculos XVII, XVIII e XIX em primeiras audições modernas.
No ano de 2022 fez a estreia portuguesa da Oratória de São João Baptista de Alessandro Stradella, no Centro Cultural de Belém, em Lisboa.
No presente ano de 2023 fez a sua estreia no Cistermúsica, em Alcobaça, e marcou nova presença na Temporada de Concertos da Capela do Paço Ducal, em Vila Viçosa.
Nuno Oliveira | Aos 9 anos ingressou na Escola de Música do Conservatório Nacional em Lisboa, onde concluiu o Curso Superior de Piano com a classificação final de 19 valores, tendo tido como mestres, Leonor Pulido e Melina Rebelo.
Em 1988, foi convidado para duas gravações na RTP: numa delas interpretou Mozart ao piano; na outra foi solista convidado para representar Portugal num concerto de jovens intérpretes realizado na Finlândia, no qual foi acompanhado ao piano pela Orquestra da Radiotelevisão Finlandesa, dirigida pelo conceituado maestro Jukka-Pekka Saraste.
Tem colaborado com a Orquestra Metropolitana de Lisboa e Orquestra Gulbenkian como cravista e/ou organista, onde atuou sob a direção de Leonardo García Alarcón, Hans-Christoph Rademann, Nicholas Kraemer, Paul Daniel, Risto Joost, Cesário Costa, João Paulo Santos ou Michael Zilm.
Colaborou como cravista com a OrquestrUtópica, em várias récitas e gravação da ópera A Raínha Louca de Alexandre Delgado.
No ano de 2017, e para a RTP, gravou a Paixão Segundo São João de Bach com a Orquestra e Coro XXI em concerto ao vivo, no âmbito dos Dias da Música em Belém.
De 1999 a 2001 estudou cravo no Conservatório Real de Haia com Jacques Ogg e baixo contínuo com Jan Kleinbussink, a convite do primeiro. De 2001 a 2003 estudou no Sweelinck Conservatorium em Amsterdam, nas classes de cravo de Bob van Asperen e de baixo contínuo de Menno van Delft.
Em 2015 fundou o Avres Serva, agrupamento destinado à execução de música antiga em interpretações historicamente informadas.
Fotos Jorge Carmona / Antena 2