7º FESTIVAL ANTENA 2
15 a 18 de maio
6ª feira | 17 maio | 19h30
Sala 2, Casa da Música, Porto
Entrada livre
Maiores 6 anos
Transmissão direta em antena e em vídeo streaming na RTP Palco
Concerto | Música de câmara
Prémio Jovens Músicos / Antena 2
Laureados da edição de 2023
Ricardo Carvalho / Beatriz Cortesão
[1ª parte]
Ricardo Carvalho, flauta
Laura Nunes, piano
Programa
Carl Reinecke – Sonata “Undine”
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- Allegro
- Intermezzo: Allegretto Vivace
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Jules Mouquet – La flûte de Pan – II. Pan et les oiseaux
Camille Saint-Saëns – Le Carnaval des Animaux – VII. Aquarium
Carl Reinecke – Sonata “Undine”
III. Andante tranquilo
IV. Finale: Allegro molto agitato ed appassionato, quasi presto
[2ª parte]
Beatriz Cortesão, harpa
Programa
Domenico Scarlatti – Sonata em Si menor, K27
Johann Sebastian Bach – Toccata com Fuga em Ré menor, BWV 565
Xenia Erdeli – Elegia em Memória de Glinka
Wilhelm Posse – Variações sobre o Carnaval de Veneza
Notas ao programa [2ª parte]
Vamos assistir a um recital em que a harpa demonstra todas as suas potencialidades enquanto instrumento solista. Para este concerto, Beatriz Cortesão, vencedora do Prémio Maestro Silva Pereira / Jovem Músico do Ano Antena 2 – 2023, escolheu interpretar quatro peças que nos permitem dividir o programa em duas partes distintas. Assim, para começar, são tocadas duas peças da primeira metade do século XVIII.
Uma sonata de Domenico Scarlatti, compositor italiano, cujo contributo mais distintivo foram, precisamente, as suas sonatas para instrumento de tecla de andamento único. Ouve-se precisamente a Sonata em Si menor, K27. A produção do compositor napolitano foi enorme, profícua e proficiente, já que, ainda relativamente às referidas sonatas, escreveu mais de quinhentas, audaciosas e plenas de inovações. Estas características tornaram-nas, até hoje, referências para muitos cravistas, pianistas e até harpistas, sendo de notar que neste concerto se ouve esta peça na sua versão original.
Como curiosidade, recordamos que Domenico era filho de outro compositor, Alessandro Scarlatti; viveu em Lisboa onde ensinou música à Infanta Maria Bárbara de Bragança que, depois, acompanhou em Espanha, quando esta se casou com o Rei Fernando VI. Domenico Scarlatti nasceu, precisamente, no mesmo ano de dois dos mais importantes compositores de sempre: Haendel e J. S. Bach.
E é precisamente de Bach a próxima peça deste concerto. Trata-se de uma das obras mais célebres de sempre: a Toccata com Fuga em Ré Menor, BWV 565. Escrever sobre este vulto, um dos génios da História da Música, um compositor que não necessita de apresentação, sendo esta Toccata e Fuga um dos seus cartões de visita, talvez seja redundante. Esta peça foi originalmente escrita para órgão, contudo, dada a sua genialidade, tem sido adaptada para variados ensembles instrumentais, incluindo orquestras sinfónicas, e até para outros estilos, basta recordar a utilização da peça, na totalidade ou em parte, em abordagens mais modernas, electropop virtuosas que acabam por atingir, entusiasmar e aproximar outros públicos. Neste concerto temos a oportunidade de apreciar uma versão muito mais fiel à original, neste caso para harpa solo, embora tenha carecido de uma transcrição por parte da Prof.ª Milda Agazarian e ainda, posteriormente, de um trabalho de adaptação conjunto da Prof.ª Dr.ª Irina Zingg e de Beatriz Cortesão. No que concerne a esta peça especificamente, é de reparar na aparentemente simplicidade da Toccata, que acaba por ser uma pequena abertura livre, criando uma atmosfera densa e poderosa e, depois, a Fuga, de carácter mais leve, porém de grande virtuosismo, de demonstração de talento e de dificuldade técnica superlativa!
Xenia Erdeli, nascida em 1878, a autora da peça Elegia em Memória de Glinka, foi uma das figuras de referência da escola de harpa russa do séc. XX, tanto como intérprete, como pedagoga e até compositora. Aliás, existe uma ligação muito curiosa entre Beatriz Cortesão e Xenia Erdeli, já que o Reinhold Glière, o autor do concerto para harpa e orquestra executado por Beatriz quando foi galardoada com o Prémio Maestro Silva Pereira / Jovem Músico do Ano Antena 2 – 2023, pediu ajuda a Erdeli e ficou-lhe tão grato que queria atribuir-lhe a co-autoria da obra! Contudo, a harpista recusou tal proposta, mantendo-se apenas como editora do concerto. Relativamente a esta composição, deixo-vos com as palavras de um crítico russo: “…trata-se de um clássico da harpa russa, pensamentos poéticos sobre Glinka, uma homenagem ao seu génio (…), traz alegria ao ouvinte.”
Para terminar, segue-se uma obra do alemão Wilhelm Posse, nascido em 1852, mais um harpista, curiosamente autodidata, professor e compositor. Foi, sem dúvida, um excelente músico, já que integrou tanto a Filarmónica de Berlim, como a orquestra da Ópera da mesma cidade. Enriqueceu o repertório para o seu instrumento tanto com peças originais, como com transcrições de obras para piano solo de Chopin e Liszt, e também aconselhou, entre outros, R. Strauss na revisão das partes de harpa de algumas das suas peças orquestrais. Esta é a ocasião para conhecer uma peça original para este instrumento: as Variações sobre o Carnaval de Veneza. Trata-se de uma peça virtuosa, plena de contrastes, não se tratasse de variações, ainda por cima sobre um tema tão interessante, de grande virtuosismo, demonstrando não só a necessidade de um domínio técnico seguro, mas também de uma musicalidade superlativa.
Ricardo Carvalho, natural de Aveiro, iniciou os seus estudos musicais no Conservatório de Música de Aveiro Calouste Gulbenkian, os quais foram concluídos em 2017 com Ana Maria Ribeiro. O seu percurso académico prosseguiu no estrangeiro, concluindo a licenciatura no Consevatoire National Supérieur de Musique et Danse de Lyon (2017-2020), nas classes de Julien Beaudiment, Émanuelle Réville e Gilles Cottin, e o mestrado na Haute École de Musique de Lausanne (2020-2022), com José-Daniel Castellon, Loïc Schneider e Sandra Latour. Frequentou várias masterclasses com diversos flautistas como Emmanuel Pahud, Adriana Ferreira, Felix Rengli, Rachel Brown, Paolo Taballione, Jean-Louis Beaumadier, Michel Bellavance, entre outros.
Foi galardoado com o primeiro prémio em vários concursos, entre eles o Concurso Internacional “Terras de La Sallete” (2017), o Concurso Internacional de Interpretação (2019) e o Prémio Jovens Músicos (2023), e foi ainda premiado no Concurso “Paços’ Premium” (2016), no Concurso de Interpretação Estoril (2018) e no Concurso Internacional de Flauta “Severino Gazzelloni” (2022). É ainda um grande entusiasta da música de câmara e da música contemporânea, tendo sido também premiado em diversos concursos de música de câmara, como o Concurso Gilberta Paiva (2015) e o Prémio Jovens Músicos (2016). Atualmente é membro do ensemble contemporâneo Ars Ad Hoc da Arte no Tempo.
O seu interesse pela música orquestral começou muito cedo na sua carreira musical, tendo sido selecionado para diversas orquestras de jovens, e também colaborou com diversas orquestras nacionais e internacionais, como a Orquestra Filarmonia das Beiras, Orquestra Clássica do Centro, Orquestra Filarmónica Portuguesa, Orquestra Gulbenkian, Orquestra de Câmara de Lyon, Orquestra Nacional de Lyon e a Orquestra da Ópera de Lyon, tendo tocado sob a orientação de maestros de renome como Ernst Schelle, Péter Csaba, Eliahu Inbal, Susanna Mälkki, Juanjo Mena, Mikko Frank, entre outros.
Laura Nunes começou os seus estudos musicais aos 6 anos de idade no Conservatório de Música de Aveiro Calouste Gulbenkian e terminou, em 2017, na classe de Patrícia Sousa. Nesse mesmo ano iniciou a licenciatura na ESMAE, sob a orientação de Constantin Sandu e, atualmente, está no último ano de mestrado no Conservatoire Royale de Bruxelles, na classe de Johan Schmidt.
Laura participou em diversas masterclasses com pianistas de renome como Paul Badura-Skoda, Imogen Cooper Cooper, Hortense Cartier-Bresson, Aleksandar Madzar, Paulo Oliveira, Luiz de Moura Castro, Artur Pizarro, Josep Colom e Eldar Nebolsin. Participou também em diversos festivais, como o International Piano Week de Óbidos (2016), Fórum Internacional de Música de Orihuela (2018 e 2019), Festival and Academy Classical Summer (2028 e 2019) e Académie International d’Eté de Nice (2020).
Foi premiada em concursos nacionais e internacionais, entre os quais se destacam o Concurso Internacional Cidade de Almada, Concurso Internacional Florinda Santos e o concurso do Conservatório de Paris “Alexander Scriabin”. Em 2020, recebeu o primeiro prémio com Excelência e o prémio especial “Georgeta Sandu” no International Festival “ProPiano” e foi premiada com o Grande prémio do Festival “Online Sound Resonances Resonances”. Laura apresenta-se regularmente em recitais públicos, tanto a solo como em música de câmara. Desde 2021, Laura faz parte do Caliope Duo, que conquistou o primeiro prémio no concurso Fanny Mendelssohn em 2023.
Beatriz Cortesão foi a primeira harpista a ganhar o prémio nacional Jovem Músico do Ano no concurso nacional Prémio Jovens Músicos, e tem vindo a cativar público a nível global com a sua “energia contagiosa” complementada por uma “técnica impressionante” (Harp Column). Entre os diversos prémios internacionais salienta-se o Prémio Mario Falcão no 21º Concurso Internacional de Harpa em Israel.
Enquanto solista, Cortesão apresentou-se com a Orquestra Sinfónica de Jerusalém, Orquestra Gulbenkian, Real Filarmonia da Galiza e com a Orquestra Clássica do Centro. Estreou a obra Hybris para harpa solo e orquestra de Alejandro Civilotti no Noia Harp Fest (Espanha, 2023), e Trio para flauta, viola e harpa de Clotilde Rosa com o Lisbon Ensemble 20/21 (Portugal, 2020). Beatriz foi também a harpista na estreia nacional de Transparent(e) para flauta, viola e harpa de H. Vasco Reis (Portugal, 2020).
Cortesão gravou com o Ensemble D’Arcos os álbums Tremor (2021) e Time Stands Still (2020) de Nuno Côrte-Real, e é a co-fundadora do duo de harpas AnimArpa, com Carolina Coimbra.
Colabora regularmente com António Victorino D’Almeida, nomeadamente para o projeto “Gaudeamus – Ciclo de Canções para a Europa”, para Soprano e Orquestra de Câmara.
Enquanto recitalista, Cortesão apresentou-se em performances em Israel, Itália, Portugal, Rússia, Eslovénia, Espanha e Suiça. Ganhou a audição para o lugar de harpista da Accademia Teatro Alla Scala, em Milão (temporada 2023/2024). Em 2020/2021, foi harpista da Orquestra de Jovens da União Europeia.
É convidada regularmente para desempenhar o papel de júri em concursos nacionais e internacionais de harpa. É membro do Conselho da Associação Portuguesa de Harpa e membro da Associação À Corda.
Beatriz Cortesão estudou harpa desde jovem com Eleonor Picas, Beatrix Schmidt, Rita Campos e Erica Versace. A academia Harp Masters desempenhou um papel vital no desenvolvimento das suas capacidades assim como no seu crescimento pessoal e artístico, desde 2012. Possui os títulos de Licenciatura e Mestrado em Performance da Música, com a mais alta distinção, da Civica Scuola di Musica Claudio Abbado, onde estudou na classe de Irina Zingg.
Fotos dos laureados @ Jorge Carmona / Antena 2