Temporada Concertos Antena 2
15 Fevereiro | 19h00
Auditório do
Liceu Camões
Entrada gratuita
Romeu Costa, saxofone
Programa
Entorpecido!?
Pimpin’ de Jacob TV
Jackdaw de Wayne Siegel
Het vocht verdwijnt niet door een vrouw te nemen de Chiel Meijering
Believer de Jacob TV
Numb de Igor C Silva
Criado durante o período de pandemia, Numb é na verdade um espetáculo de reação, contrário ao entorpecimento de toda a atividade humana durante esse período. O caráter, o conceito, o estilo e o resultado musical das obras assim o comprova.
Jackdaw, composta a partir de sons de um pássaro, remete-nos para a nova perceção, aproximação e atenção dada à natureza que nos rodeia e toda a sua dinâmica.
Numb, obra de música eletrónica e new media, não deixa o ouvido descansar, com muitas coisas barulhentas e psicadélicas a acontecer em palco, remetendo para a necessidade de recorrer às novas tecnologias e interagir com elas nos diversos meios profissionais.
Pimpin, baseada em frases e diálogos de proxenetas e prostitutas, cujo estilo de música forte e explosiva e de cultura pop, tem sempre uma mensagem profunda e provocadora escondida, neste caso de sátira social cruel. Uma música muitas vezes divertida, outras horripilante ou enlouquecedora, mas sempre capaz de nos esclarecer sobre a humanidade e o bem-estar.
Transmissão direta
Apresentação: João Almeida
Produção: Anabela Luís, Cristina do Carmo
Notas ao programa
Pimpin’ para saxofone barítono e áudio, 2007-2008
Escrita entre 2007-2008 para saxofone barítono e áudio, é dedicada a dois saxofonistas e grandes amigos de Jacob TV: Connie Frigo, dos EUA, e Willem van Merwijk, Países Baixos. O áudio contém vozes masculinas e femininas, contrabaixo, bateria e secção de sopros. Existe também uma versão para quarteto de saxofones e sax barítono solista.
Pimpin‘ é um funk agitado de 8:32 minutos. As letras são cantadas, batidas e faladas na gíria dos proxenetas dos EUA, mostrando-nos o seu modo de vida. A obra é dividida em seis partes que são tocadas sem interrupção:
1.
Mouth Like an Uzi [0:00 – 0:44]
O saxofone barítono dobra a voz o tempo todo. A música é incisiva e poderosa.
2.
Charisma [0:44 – 2:54]
O saxofone barítono é a voz principal, e dobra os cantores e o contrabaixo, que tocam junto com a secção de sopros usando contrapontos e solos curtos.
3.
Why Am I Doing This [2:54 – 3:44]
Esta é a secção mais lírica de PIMPIN’. A atmosfera torna-se calma e triste. O saxofone barítono acompanha a voz feminina, que reflete sobre a vida em que está presa.
4.
The Full 100% [3:44 – 5:36]
O saxofone barítono segue as linhas de contrabaixo e voz. O estilo funk volta e as letras tornam-se agressivas e mordazes novamente.
5. Like Picasso [5:36 – 6:55]
O saxofone barítono toca uma voz independente num estilo funk fresco e atrevido.
6. Hahahaha [6:55 – 8:32]
O saxofone barítono é o líder. Na segunda metade desta parte de
Pimpin’ o funk volta. Uma breve lembrança da terceira parte aparece na coda final e de repente os dois últimos compassos levam o público a um hard end.
Jackdaw para saxofone barítono e computador, 1995
Originalmente escrita para clarinete baixo e computador, Jackdaw foi encomendada por Harry Sparnaay com apoio financeiro do Conselho das Artes Dinamarquês e foi estreada no festival “Musiana 95” na Dinamarca. Jackdaw é um pequeno corvo europeu. O personagem da peça, bem como muitos dos sons, são inspirados por esse pássaro audacioso, porém inteligente. Como tenho um corvo desta espécie domesticado, consegui gravar registos de sons da ave em perfeitas condições. Muitos dos sons tocados pelo computador consistem nessas gravações processadas eletronicamente. Também são usados sons de saxofone barítono gravados e processados por computador que mudam o som do instrumento durante a apresentação. À medida que a composição progredia, o meu palpite foi confirmado: o corvo e o saxofone barítono estão relacionados!
Wayne Siegel
Het vocht verdwijnt niet door een vrouw te nemen para saxophone barítono e áudio, 2000
Chiel Meijering nasceu em Amsterdão em 1954. Estudou composição com Ton de Leeuw, percussão com Jan Labordus e Jan Pustjens e piano no Conservatório de Música de Amsterdão. Uma característica muito forte das obras de Meijering é uma grande variedade de estilos. Sem qualquer dificuldade, ele parece mover-se entre diferentes mundos e géneros musicais e, assim, cria uma textura diferente para cada uma das suas obras. Algumas delas lembram pop, jazz ou world music, outras são escritas numa tradição clássica ou mostram elementos de vanguarda.
Meijering é movido pela espontaneidade. Todos os tipos de emoções e experiências que surgem durante o dia podem fluir diretamente para a composição em que ele está a trabalhar. Às vezes ele usa até acidentes como método e joga os dados para a criação de agrupamentos.
As obras de Meijering têm sempre títulos programáticos, às vezes engraçados ou provocativos ou brincando com humor vulgar ou sexual. Os exemplos incluem “I Hate Mozart” (para flauta, saxofone alto, harpa e violino), “I’ve Never Seen a Straight Banana” (para saxofone alto, marimba, piano, harpa e violino), “If the Camels Don ‘ t get You, the Fatimas must!” (para violino solo), “When the Cock Crowed His Warning” (para duas flautas de bisel, viola, violoncelo e piano), “GangBang” (para orquestra grande e guitarra elétrica) e “Background-Music for Non-Entertainment Use in Order to Cover Unwanted Noise” (para quatro saxofones). Essa filosofia remonta à década de 1970, quando tentou separar-se do pragmatismo exagerado e de toda a prática seca da maioria dos seus colegas, que nomeavam as suas peças de “Sonata nº 33” ou “Sinfonia nº 15”.
A sua música mostra uma grande capacidade artística e, mesmo assim, permanece cativante e acessível para um público amplo. Esta é uma combinação muito rara na cena musical contemporânea e tem ajudado Meijering a estabelecer-se não apenas no meio musical sério, mas também e principalmente na cena musical clássica internacional. Até a Rainha Beatriz da Holanda se revelou uma grande amante da música de Meijering, quando encomendou uma das suas composições para um concerto festivo, por ocasião do seu 60º aniversário. Sem dúvida, Meijering pode ser descrito como uma das vozes mais populares e famosas da música holandesa contemporânea.
Believer para saxophone barítono e áudio, 2008
Believer, para sax barítono e áudio foi composta para Willem van Merwijk em 2008. Estreia mundial em 25-10-2008 no Theatre Kikker em Utrecht (Holanda). Emmanuel Graglia realizou um arranjo para guitarra elétrica. Believer é baseado numa entrevista de Natal de Bill O’Reilly com o presidente George W. Bush para a Fox News em 2004, durante a Guerra do Iraque. A parte de áudio da obra é composta pelas vozes de Bush, O’Reilly e uma mistura de sons de sax, violoncelo e guitarra, com distorção adicionada por um amplificador de guitarra overdrive. A parte do barítono mistura-se com a de áudio. Believer também faz parte de White Flag, uma suíte para banda de rock sobre a guerra no Iraque, escrita no mesmo ano para a “Electric Kompany”.
– Texto:
OʼReilly: So you are indeed a true believer?
Bush: Iʼm a believer in the power of liberty to transform societies. Iʼm a believer. And I believe we have a duty!
OʼReilly: So you are indeed a true believer?
Bush: I believe that peace is coming. This world is getting better. And I believe we have a duty! To transform societies…I believe that peace is coming. We climbed the mountain and now we see the valley below. I really believe that. I believe that peace is coming. And I believe that weʼre more free.
OʼReilly: Então você acredita realmente?
Bush: Acredito no poder da liberdade para transformar sociedades. Eu sou um crente. E acredito que temos um dever!
OʼReilly: Então você acredita realmente?
Bush: Eu acredito que a paz está a chegar. Este mundo está cada vez melhor. E acredito que temos um dever! Para transformar as sociedades… Acredito que a paz está a chegar. Escalamos a montanha e agora vemos o vale abaixo. Eu acredito realmente nisso. Eu acredito que a paz está a chegar. E acredito que somos mais livres.
Numb para saxofone barítono e eletrónica, 2015
Nascido no Porto e atualmente a residir em Amesterdão, Igor C Silva é um compositor que se dedica à eletrónica e à música new media, criando projetos onde performers, computadores e muitas coisas barulhentas e psicadélicas acontecem em palco, criando uma experiência multissensorial.
Igor C Silva colabora também regularmente com solistas, conjuntos e grupos de jazz, dedicando parte da sua atividade musical e compositora à improvisação e performances interativas com eletrónica e ferramentas multimédia. Foi Jovem Compositor Residente na Casa da Música em 2012. Foi também Compositor Residente do Miso Music Studios em 2015 e, em 2018/19, foi compositor residente do Drumming GP. Recentemente, seu trabalho “Plastic Air” para dupla flexível, eletrónica e vídeo / luz ganhou uma recomendação no International Rostrum of Composers na Hungria (2018).
Igor C Silva ganhou vários prémios, nomeadamente o 1.º Prémio no 1.º Concurso Internacional de Composição Electroacústica e Intermedial “eviMus” (Alemanha) com a peça Numb, o 1.º Prémio no Concurso Internacional de Composição GMCL / Jorge Peixinho (Portugal ) com tinta de sangue, entre outros. Igor C Silva é cofundador do Trash Panda Collective. Igor C Silva é atualmente doutorando na VUB (Bruxelas) e no Koninklijk Conservatorium Brussel, onde também leciona no Live Electronics Course.
Romeu Costa | Iniciou os seus estudos musicais com 8 anos de idade na Banda Clube Pardilhoense. No ano letivo de 1992/93 ingressou no Conservatório de Música de Aveiro de Calouste Gulbenkian, tendo sido aluno da classe de Carlos Firmino, Fernando Valente e João Figueiredo. Em 1999 iniciou o curso de Instrumento – Saxofone – da ESMAE (Escola Superior de Música e das Artes do Espetáculo do I.P.P.) na classe de Henk van Twillert, e teve aulas com os professores assistentes Fernando Valente, Paulo Martins e Fernando Ramos, concluíndo a Licenciatura em 2004.
Foram-lhe atribuídos o Prémio Engenheiro António de Almeida e o Prémio Rotary Club Porto-Foz, por ter sido o melhor aluno no ano lectivo 2003/2004. Em 2002 obteve o 3º prémio na modalidade de Saxofone – Nível Superior do Prémio Jovens Músicos da RTP/Antena 2.
Frequentou Masterclasses e Workshops com Amsterdam Sax Quartet, Claude Delangle, Arno Bornkamp, Ed Bogaard, Quarteto Carlos Martins, Zé Eduardo, Cecil Bridgewater, Helena Ca-spurro, Fabrice Moretti, Greg Osby e Tilman Ehrhorn. Participou no 6º Estágio da Orquestra Nacional de Sopros dos Templários orientado por António Saiote.
Tem realizado concertos em vários países europeus quer como solista, quer com grupos como Quartetos de Saxofones, Orquestras de Saxofones e Big Bands.
Foi músico residente da Orquestra Portuguesa de Saxofones (1998-2004; ESMAE) e foi elemento co-fundador do Quad-Quartet, grupo com o qual deu concertos em congressos como o Internacional Sax Week – Amsterdão, National Sax Meeting – Ávila, The British Saxophone Congress – Londres e World Sax Congress 2012 – St. Andrews. Também com QuadQuartet lançou os discos Now Boarding (2009) e FUSE (2012). Para além desses participou em discos dos La La La Ressonance, Dear Telephone e Remix Ensemble – Casa da Música. Fundou, em parceria com Menne Smallen-broek, o Donar – duo de Saxofones Barítono e o H&X Duo (Harpa e Saxofone) com Beatriz Cortesão.
Como solista privilegia o repertório contemporâneo para saxofone incentivando e colaborando com compositores. Foram-lhe dedicadas obras pelos seguintes compositores: Luís Cardoso, Chiel Meijering, Tjako van Schie, Teresa Gentil, Óscar Graça, Jeffery Davis e Paulo Bastos.
Colabora frequentemente com o Remix Ensemble – Casa da Música, e com a Orquestra Sinfónica do Porto – Casa da Música, trabalhando com maestros como Peter Rundel, Emilio Pomàrico, Rolf Gupta, Stefan Asbury, Jonathan Stockhammer, Baldur Brönnimann, Pedro Neves, Péter Eötvös e Heinz Holliger.
Paralelamente desenvolve uma atividade pedagógica intensa através do ensino no Conservatório de Música Calouste Gulbenkian de Braga, na Universidade de Aveiro e é convidado a orientar Masterclasses noutras escolas e academias dentro e fora do país. Romeu Costa é um artista Selmer.
Fotos Jorge Carmona / Antena 2