Temporada Concertos Antena 219 Maio | 19h00
Auditório do
Instituto Superior de Economia e Gestão
Trio com piano
Bernardo Santos, piano
Burak Özkan, violoncelo
David Bento, violino
Burak Özkan, violoncelo
David Bento, violino
Programa
Edvard Grieg (1843-1907) – Andante con Moto, EG.116Berta Alves de Sousa (1906-1997) – Variações sobre uma Cantiga Alentejana p/ trio c/ piano
Tema – Allegreto
1ª Variação – Animato
2ª Variação – A Russa
3ª Variação – Dolorosamente
4ª Variação – Barcarolla
5ª Variação – Monodia
6ª Variação – Valsa Vienense
7ª Variação – O Sonhador
Cadenza – Finale
Tema – Allegreto
1ª Variação – Animato
2ª Variação – A Russa
3ª Variação – Dolorosamente
4ª Variação – Barcarolla
5ª Variação – Monodia
6ª Variação – Valsa Vienense
7ª Variação – O Sonhador
Cadenza – Finale
Antonín Dvořák (1841-1904) – Trio c/ piano Nº 4 Op.90, Dumky
Lento maestoso – Allegro quasi doppio movimento – Lento maestoso – Allegro
Poco Adagio – Vivace non troppo – Poco Adagio – Vivace
Andante – Vivace non troppo – Andante
Andante moderato (quasi tempo di Marcia)- Allegretto scherzando – Meno mosso
Allegro – Meno mosso, quasi tempo primo
Lento maestoso – Vivace – Lento – Vivace
Notas ao programa
Edvard Grieg, apesar de ter deixado uma parca produção no que diz respeito a música de câmara, é o perfeito exemplo de como qualidade em nada está relacionada com quantidade. Esta sua primeira e única incursão na escrita para trio com piano, tem tanto de intriga e de mistério sua história, como de lirismo contrastante, tão típico da linguagem deste compositor. Descoberto e publicado postumamente, este Andante Con Moto é uma peça substancial, talvez imaginada como o andamento lento de um trio completo, cujos restantes andamentos nunca chegaram a ser registados em papel.
Berta Alves de Sousa pianista e compositora portuguesa, nasceu em 1906 e faleceu em 1997 na cidade do Porto. Estudou música no Conservatório do Porto, prossegue então estudos em Paris, Berlim e Lisboa, teve como professores de piano Wilhelm Backhaus e Theodor Szántó, instrução de composição com George Mingot, Claudio Carneyro, José Vianna da Motta e estudou também direção de orquestra com Clemens Krauss e Pedro de Freitas Branco. Foi a primeira mulher a dirigir a Orquestra Sinfónica do Porto, em 1950. Enquanto compositora nunca usufruiu do mesmo protagonismo que todos os seus contemporâneos, muito devido às condicionantes da época, que não eram as mais inclusivas para uma mulher compositora, num Portugal que atravessava um Séc. XX bastante conturbado. No entanto e apesar de tudo, deixou um espólio de composições de grande interesse, que devem ocupar um lugar importante na música portuguesa. A obra que irão ouvir são as Variações sobre numa cantiga alentejana, uma série de sete variações sobre um tema tradicional português com carácteres estilísticos completamente díspares, tais como Valsa Vienense, A Russa, Barcarola, Monodia, etc. Demonstrando assim o variado arsenal de conhecimento musical de Berta Alves de Sousa.
O Trio Dumky foi escrito numa altura em que Dvořák estava numa fase particularmente boa da sua carreira em que era geralmente apreciado e respeitado pelos seus contemporâneos, já não sentia obrigação de compor em estilo germânico em para atrair o público vienense. Na realidade, os seis andamentos deste renunciam às estruturas clássicas optando por uma uma sequência tradicional de baladas épicas (Dumky) tipicamente eslava. Este famoso trio, leva a sua alcunha devido à inspiração principal dos seus temas musicais, um tipo de canções folclóricas eslavas que eram tipicamente cantadas por trovadores ambulantes cegos, que se acompanhavam a si próprios com uma Kobza ou uma Bandura (Alaúde de doze cordas). Dvořák, cujo pai tocava cítara, teve desde cedo influências muito fortes de música tradicional eslava, o que se traduziu criativamente para toda a génese do seu estilo composicional.
Transmissão direta
Apresentação: Pedro Ramos
Produção: Anabela Luís, Cristina do Carmo
Bernardo Santos | Apresenta-se regularmente em concertos a solo, em música de câmara e com orquestra em quatro continentes, em salas como a Casa da Música, Convento de São Francisco, Teatro Aveirense e Teatro Rivoli em Portugal; Sala Cecília Meireles, Teatro Amazonas e Palácio das Artes no Brasil; Fairfield Halls, Royal Albert Hall e St. James Piccadilly Church em Londres, National Concert Hall em Dublin e Tonhalle Düsseldorf, entre muitas outras. Foi convidado para vários festivais na Europa, América do Sul e Ásia, tanto a solo como em música de câmara. Além disso, conta com vários concertos transmitidos gravados para a rádio Antena 2 e destaque de gravações suas na rádio colombiana Señal Clásica e na Classic FM.
No The Guardian, foi descrito como um prodígio virtuoso. Como solista, Bernardo Santos teve a oportunidade de partilhar o palco com a Orquestra Sinfónica de Minas Gerais, Orquestra de Câmara do Amazonas, Orquesta Filarmónica de Cali, Vidin State Philarmonic Orchestra, Orquestra Clássica do Centro, Orquestra Filarmonia das Beiras, entre outras, tendo tocado sob direção de maestros como António Vassalo Lourenço, Artur Pinho, Charles Gambetta, David Wyn Lloyd, Hilo Carriel, Jorge Mario Uribe, Leandro Alves, Kira Omelchenko, Marcelo de Jesus, Miguel Campos Coelho e Sílvio Viegas.
Bernardo Santos tem conciliado a sua carreira artística com investigação em música portuguesa do século XX, sendo responsável pela edição crítica e de obras de Berta Alves de Sousa e Frederico de Freitas. A sua pesquisa atual foca-se na música para piano do compositor Ruy Coelho.
Recentemente, Bernardo foi responsável por lecionar masterclasses em diversas escolas e universidades no Brasil, Colômbia e Portugal. Bernardo Santos mantém uma carreira de música de câmara bastante ativa, tendo estudado com António Chagas Rosa, Eugene Asti e Martino Tirimo. É o mais recente membro do Moscow Piano Quartet, uma das mais destacadas formações de música de câmara residentes em Portugal.
Colabora frequentemente com artistas como André Lacerda, Burak Ozkan, David Bento, David Wyn Lloyd, Diego Caetano, Inês Filipe, Jaroslav Mikus, o Quarteto Belém e o Coro Sinfónico Inês de Castro. Participou também no projeto de CD Curtas do guitarrista e compositor Israel Costa Pereira. Em 2020 gravou, juntamente com David Lloyd, as três sonatas para violino e piano de Edvard Grieg, para a Da Vinci Publishing, tendo sido elogiado como um pianista cuja “performance animada traz virtuosidade e clareza ao duo, apoiando habilmente quando necessário e brilhando em momentos solísticos” (Piano Journal 2021). No verão de 2021 realizou a gravação dos Quintetos para Piano de Saint-Saëns e Dvorak com o Quarteto Belém, também para a Da Vinci Publishing.
Bernardo Santos frequenta atualmente o Programa Doutoral em Música (Performance) na Universidade de Aveiro. Formado pelo Trinity Laban Conservatoire of Music and Dance (Londres), Ljubljana Academy of Music, Conservatori del Liceu (Barcelona) e pela Universidade de Aveiro (Prémio Município de Aveiro), Bernardo Santos estudou com Dubravka Tomsic, Deniz Arman Gelenbe, Josep Colom e Álvaro Teixeira Lopes, tendo iniciado o seu percurso no piano com Klara Dolynay. Durante os seus estudos, foi e tem sido bolseiro do Trinity Laban (Trinity College London Scholar) e das Fundação GDA, Fundação Dionísio Pinheiro e Alice Cardoso Pinheiro e Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT).
Atualmente, Bernardo Santos ocupa os cargos de presidente da World Piano Teachers Association (WPTA) Portugal e de diretor artístico da série de concertos “Ciclos Lua Nova”, a decorrer na Fundação Dionísio Pinheiro e Alice Cardoso Pinheiro, em Águeda.
Burak Özkan | Começou os seus estudos de violoncelo aos 15 anos de idade. Obteve a sua licenciatura em performance pela Yasar University em Izmir, Turquia, onde estudou com Serdar Mamaç e com Alexander Rudin.
Tem participado em performances a solo com a Yaşar Chamber Orchestra, Yaşar Youth Orchestra e com Kopuz Chamber Orchestra. Tem também participado em concertos de música de câmara e em orquestra com İzmir State Opera and Ballet, Olten Philharmonic Orchestra, Yaşar Chamber Orchestra, entre outros ensembles na Turquia. Em Portugal, é membro da Orquestra Filarmónica Portuguesa, da Orquestra Clássica do Centro e é chefe de naipe da Orquestra Clássica do Politécnico do Porto. Até ter começado os seus estudos em Portugal, foi violoncelo solista da Muğla Symphony Orchestra em Muğla, Turquia.
Em 2018, obteve o terceiro prémio na 19ª edição do Concurso Internacional da Cidade do Fundão, e em 2019 obteve o seu Mestrado, com distinção, pela Escola Superior de Música e Artes do Espetáculo (ESMAE, Porto), onde estudou na classe de Jed Barahal. Tem participado em masterclasses com diversos músicos tais como Ruşen Güneş, Jeroen den Herder, Mats Lidström, Matias de Oliveira Pinto, Denis Severin e Julian Lloyd Weber. Burak continua os seus estudos com Jed Barahal.
David Bento | Apresentando-se como um dos mais ativos violinistas da sua geração, iniciou os seus estudos no Conservatório de Música de Águeda, posteriormente no Curso profissional na Jobra Educação e é atualmente licenciado pela Escola Superior de Artes Aplicadas, tendo terminado ambos os cursos com a mais elevada classificação. Fequentou masterclasses e cursos de aperfeiçoamento com músicos como Afonso Fesch, Sergej Bolkhovets, Susanne Stanzeleit, Eszter Haffner, Jan Orawiec, Pavel Milyukov, Mayuko Kamio, Olivier Charlier, Alyssa Margulis, Riccardo Minasi, Pavel Vernikov, Zohrab Tadevosyan, Grigory Kalinovsky e Barnabás Kelemen.
No que concerne a atividade orquestral mantém uma experiência orquestral variada e internacional, foi durante 4 anos violinista da Orquestra Filarmónica Portuguesa, e integra desde 2019 também a Orquestra Gulbenkian. São de destacar as participações na Royal Concertgebouw (Holanda), Aurora Symphony Orchestra (Suécia), Orquestra Imperial de Vienna (Áustria). É regularmente convidado enquanto concertino e concertino assistente de vários projetos, Orquestras e Cameratas em Portugal e no estrangeiro.
Tem vindo a trabalhar com maestros como Pedro Neves, Jean Sebastién Beréau, Semyon Bychkov, Peter Stark, Lorenzo Viotti, Hannu Lintu, Jukka Pekka-Saraste, Jaime Martín, Fréderic Chaslin, Michel Corboz, Leonardo Garcia Alarcón, Giancarlo Guerrero, Tobias Gossmann, Tobias Wogerer entre outros. Tem trabalhado com solistas como Leonidas Kavakos, Pavel Milyukov, Soyoung Yoon, Sayaka Shoji, Eldbjorg Hemsing, Renaud Capuçon, Pekka Kuusisto, António Meneses, Yuja Wang, Alexei Volodin, Bezhrod Abduraimov, Javier Perianes, Khatia & Marielle Labéque.
Tem-se vindo a apresentar em recital e a solo com orquestra desde 2017 por várias cidades de Portugal. No domínio da música de câmara é um artista bastante eclético, tendo-se já apresentado em várias formações em festivais de música de câmara em Portugal e no estrangeiro.
Foi durante o seu percurso académico primeiro violinista do Quarteto de Cordas Alfredo Keil, formação com que manteve atividade durante 3 anos e mantém desde 2020 um duo em conjunto com a violoncelista Gabriela Peres, em que exploram para além do repertório tradicional para violino e violoncelo, novas encomendas a compositores contemporâneos, tendo já estreado no verão de 2021 duas novas peças de sua dedicatória.
De projetos futuros conta com uma uma tournée pela Rússia em conjunto com a Vienna Imperial Orchestra, a estreia de um Trio com piano em conjunto o pianista Bernardo Santos e com o violoncelista Burak Özkan, formação que fará o seu Debút em Vienna (AT) no ano de 2022, entre outros.
Atualmente reside na Áustria e frequenta o seu Masterstudium em performance na Universität fur Darstellende Kunst Graz na classe de Eszter Haffner.
Fotos Jorge Carmona / Antena 2