Frida Kahlo – As Suas Fotografias
Centro Português de Fotografia | Porto
Frida Kahlo – As suas Fotografias apresenta uma seleção de 241 fotografias, de entre as mais de seis mil encontradas na casa da pintora. Algumas são tiradas pela artista, outras pelo marido, o pintor Diego Rivera, outras ainda por fotógrafos famosos e ainda outras saídas da lente do pai, que se tornou num dos mais conhecidos fotógrafos mexicanos. Nas imagens aparece Frida, mas também a família, as suas paixões amorosas, o México em convulsão, o mundo antes da guerra fria e também o tempo que ela passou no hospital e na cama, paralisada. Algumas das fotos estão recortadas, umas estão anotadas, noutras vê-se o batom da mexicana.
"Sabia que o campo de batalha do sofrimento se refletia nos meus olhos. Desde então, comecei a encarar diretamente a objetiva, sem pestanejar, sem sorrir, decidida a mostrar que seria uma boa lutadora até ao fim", escreveu Frida Kahlo acerca da fotografia.
até 4 Novembro
A exposição Frida Kahlo – As Suas Fotografias está patente no Porto, no Centro Português de Fotografia – no edifício da antiga Cadeia da Relação -, até 4 de Novembro. Com a curadoria de Pablo Ortiz Monasterio, fotógrafo e historiador da fotografia mexicano, a exposição teve o grande empenho de Hilda Trujillo Soto, diretora do Museu Frida Kahlo, na Cidade do México, ao possibilitar, em 2010, que parte do acervo se transformasse nesta mostra.
Hilda Trujillo Soto passou pelo Império dos Sentidos e esteve à conversa com Paulo Alves Guerra.
Para ouvir esta conversa, clicar aqui [a partir de 1h19m]
Frida Kahlo – As suas Fotografias apresenta uma seleção de 241 fotografias, de entre as mais de seis mil encontradas na casa da pintora. Algumas são tiradas pela artista, outras pelo marido, o pintor Diego Rivera, outras ainda por fotógrafos famosos e ainda outras saídas da lente do pai, que se tornou num dos mais conhecidos fotógrafos mexicanos. Nas imagens aparece Frida, mas também a família, as suas paixões amorosas, o México em convulsão, o mundo antes da guerra fria e também o tempo que ela passou no hospital e na cama, paralisada. Algumas das fotos estão recortadas, umas estão anotadas, noutras vê-se o batom da mexicana.
Esta exposição revela pois um conjunto significativo de imagens, pertença do acervo pessoal de Frida, que estiveram mais de 50 anos fechadas numa casa de banho da Casa Azul, residência da artista, e para além de revelar a profundidade e a intimidade da artista, renova o nosso olhar sobre aquela que é uma das mais importantes e enigmáticas artistas da América Latina.
Frida Kahlo (1907-1954), uma das figuras mais marcantes da arte do século XX, é sobretudo conhecida pela sua vida conturbada e pela sua obra plástica interpeladora da condição e do sofrimento humano, e repleta de referências às tradições do México. Com esta exposição revela-se uma outra faceta de Frida, a de apaixonada pela Fotografia. Ao longo da sua vida, a artista reuniu mais de seis mil fotografias que ficaram guardadas num arquivo pessoal.
Quando Frida morre prematuramente, aos 47 anos, o seu marido, Diego Rivera, decide doar ao povo mexicano a casa onde viviam – a casa Azul, hoje o Museu Frida Kahlo. Diego seleciona as pinturas de Frida, alguns desenhos, cerâmicas populares, a coleção de ex-votos, um corpete pintado, livros, fotografias, documentos e objetos diversos. O restante espólio fica à sua guarda. Pouco antes de morrer, Diego pede à amiga Lola Olmedo que o seu arquivo pessoal só fosse aberto ao fim de quinze anos; no entanto, este arquivo permanece fechado durante cinquenta anos, à espera de um sopro que o devolvesse à vida, guardando estas mais de seis mil fotografias ao lado de desenhos, cartas, remédios, vestidos e diversos objetos.
Em 2010, graças ao empenho de Hilda Trujillo Soto, diretora do Museu Frida Kahlo, parte deste acervo, entretanto ‘descoberto’, transforma-se nesta exposição, primeiro apresentada no próprio Museu, na Cidade do México, e depois, em itinerância, começando por Lisboa (em 2011/2012) e seguindo para várias cidades europeias, da América do Norte, da América do Sul (duas vezes no Brasil) e da Nova Zelândia. Recentemente foi apresentada no Glenbow Museum, em Calgary, no Canadá.
Vídeo que acompanha a exposição temporária com uma seleção da coleção de fotografias de Frida Kahlo, encontrada nos Tesouros da Casa Azul.
Segundo o curador Pablo Ortiz Monasterior, estas fotografias refletem "claramente os principais interesses do artista ao longo de sua vida conturbada: a sua família, o seu amor por Diego e por outros seus amores, o seu corpo danificado, a arte, a política e a ciência, tudo isto envolto pela grande paixão que teve pelo México e por tudo o que é mexicano".
É naquele imenso espólio, e da seleção para a exposição, que se pode observar as diversas fases da vida de Frida e as pessoas que por ela passaram, mas também encontrar objectos da sua afeição pessoal. Para além do valor histórico e artístico das fotografias, a algumas também acresce a relevância da sua autoria, a de célebres fotógrafos que eram amigos de Frida, como o caso de Man Ray, Martin Munkácsi, Edward Weston, Brassaï, Tina Modotti, Pierre Verger e Manuel Álvarez Bravo.
A exposição está dividida, tematicamente, em seis núcleos: As Origens; A Casa Azul; Política, Revoluções e Diego; O Corpo Acidentado; Os Amores; e Fotografia.
Desde cedo, Frida manteve uma relação especial com o meio fotográfico, já que o seu avô e o seu pai Guillermo Kahlo eram fotógrafos profissionais.
À frente ou atrás da câmara, Frida soube criar uma personalidade forte. Nos retratos tirados pelo seu pai, nota-se um surpreendente conhecimento dos seus melhores ângulos e poses.
O olhar frontal e fixo na objetiva é também a imagem que se reflete nos seus quadros e nas fotografias que lhe tiraram aqueles grandes fotógrafos do século XX.
"Sabia que o campo de batalha do sofrimento se refletia nos meus olhos. Desde então, comecei a encarar diretamente a objetiva, sem pestanejar, sem sorrir, decidida a mostrar que seria uma boa lutadora até ao fim", escreveu Frida Kahlo acerca da fotografia.
Uma observação mais atenta sobre as fotos desta exposição permite assim, aprofundar também o conhecimento da obra pictórica de Frida Kahlo, cotejando os planos dos retratos fotográficos com os planos compositivos que criava ao representar a sua realidade e retratando-se. Pois, para ela, a fotografia era uma preciosa relíquia do passado, mas igualmente um objecto para acarinhar e um poderoso instrumento de trabalho criativo.
Relíquia, pois Frida cuidou e fruiu delas e trabalhou-as – colorindo-as, imprimindo-lhes beijos, recortando-as ou inscrevendo-lhes frases e pensamentos. Estas fotografias refletem a intimidade e os interesses da pintora ao longo da sua vida: a família, o fascínio pelo seu marido Diego Rivera, os múltiplos amores, os amigos e alguns inimigos, o corpo acidentado e a ciência médica, a luta política e a arte, os índios e o passado pré-hispânico, e a paixão pelo México e pelo seu povo.
As 241 fotografias agora apresentadas são, deste modo, um tributo à sua vida, mas também à dedicação amorosa de Frida Kahlo à Arte e em especial à arte fotográfica.
Para mais informações sobre a Exposição, clicar aqui.