A 2 de Maio completam-se 500 anos da morte do grande génio renascentista, Leonardo da Vinci. A Antena 2 e o programa Musica Aeterna assinalam esta efeméride com uma emissão especial nesse dia, e mais outras duas emissões sobre esta grande figura de todos os tempos.
Um programa de João Chambers
Parte I
2 Maio | 21h00-23h00
4 Maio | 12h00-14h00 (rep.)
No primeiro de uma série de programas dedicados a esta personalidade maior do Renascimento, João Chambers debruça-se sobre os primeiros anos da vida de Leonardo da Vinci (Anchiano, 15 de abril de 1452 — Amboise, 2 de maio de 1519), e sobre a sua aprendizagem, na adolescência, na oficina do artista florentino Andrea del Verrocchio.
Neste primeiro programa, escuta-se a música de Heinrich Isaac, Jacques Arcadelt, Jacquet de Mântua, Josquin Desprez, Innocentius Dammonis, Adrian Willaert, Costanzo Festa, Bartolomeo Tromboncino, Alexander Agricola, Joan Ambrosio Dalza e Marchetto Cara, todos ativos na Península Itálica dos séculos XV e XVI.
Parte II
23 Junho | 16h00-18h00
29 Junho | 12h00-14h00
Nesta 2ª parte da série sobre "Os 500 anos sobre a morte de Leonardo da Vinci", escuta-se repertório de Joan Ambrosio Dalza, Johannes Ghiselin-Verbonet, Jacob Obrecht, Jacquet de Mântua, Jacques Arcadelt, Adrian Willaert, Josquin Desprez, Loyset Compère, Alexander Agricola, Heinrich Isaac e de um autor anónimo, todos ativos na Península Itálica de Quatrocentos e Quinhentos.
Os 500 anos sobre a morte de Leonardo da Vinci
"Nascido, em Vinci, na Toscana, à “terceira hora da noite”, ou seja, cerca das 22h30, de sábado, 15 de Abril de 1542, Leonardo, que cedo demonstrou ter talentos invulgares e faculdades mentais acima da média, foi, por estes motivos, enviado, como aprendiz, para a oficina do pintor e escultor florentino Andrea del Verrocchio. Considerado, pela quase unanimidade dos especialistas, como o maior vulto do Renascimento, os primeiros biógrafos fazem constante referência a uma prodigiosa facilidade na arte do debuxo, o que levou Giorgio Vasari, arquitecto, historiador e autor do seminal "Vidas” [Vite ou Le vite de’ più eccellenti pittori, scultori e architettori], a grafar o seguinte:
Teria sido ainda mais competente nas primeiras lições se não fosse tão volátil e instável. Dedicou-se sempre a aprender coisas heterogéneas que, num ápice, abandonava. Tal não o impediu de fazer fascinantes, inigualáveis e pormenorizadas ilustrações em papel, entre as quais sobressai uma magnífica cabeça executada a ponta de prata.
E acrescenta:
Em determinado dia o pai mostrou algumas imagens a Verrocchio, perguntando-lhe se seria proveitoso estudar a disciplina. O assombro induzido foi de tal ordem que, impelido, se sentiu incentivado a prosseguir a educação na sua oficina. O jovem, fascinado com a decisão, logo começou a praticar os âmbitos artísticos de que fazia parte a ciência do desenho.
Giotto e Leonardo foram duas das lendas que a História reteve mediante um simples nome próprio, cujo poder evocativo tem vindo a contribuir, séculos após os respectivos decessos, para cimentar a sua glória. Com efeito, a datar do Trecento esta escolha precursora de verdadeiros génios contribuiu, sobremaneira, para uma eterna celebridade. Curiosamente, nessa etapa em que se ergueram e autonomizaram num grupo comunitário de escol, os apelidos, tal como hoje os conhecemos, não estavam ainda consolidados e transmitiam-se, unicamente, nas famílias de notáveis, variando, bastas vezes, de uma geração para outra. Deste modo, tornar-se popular através de um único nome era, e ainda é, um genuíno sinal de distinção. Não se trata, portanto, de um mero pormenor:
o apelido condiciona e cientifica a reputação, o parentesco e, naturalmente, a notoriedade de uma plêiade que nos soube legar das mais sublimes obras de arte que o espírito humano foi capaz de conceber."
[Texto de João Chambers]
Leonardo da Vinci – Madona do Cravo ou A Virgem do Cravo (1478-1480)
Óleo s/ madeira, 62 x 47 cm
Col. Antiga Pinacoteca, Munique.
Imagem principal:
Leonardo da Vinci – São Jerónimo no deserto (1480) (inacabado)
Óleo e têmpera sobre madeira; 103 × 75 cm; col. Museus do Vaticano – Pinacoteca Vaticana, Roma
Leonardo da Vinci – Autorretrato (final do séc. XV)
Sanguínea. Recentemente descoberto no Códice sobre o Vôo das Aves; @Muscarelle Museum of Art, Virgínia, EUA.