Assinalando a data da morte de Pier Paolo Pasolini ocorrida há 50 anos, a 2 de Novembro de 1975, a Antena 2 convida à revisitação do seu filme Medeia (1969), dos seus belíssimos diálogos e da sua inesquecível banda sonora.
Medeia (1969)
Realização de Pier Paolo Pasolini
Seleção e coordenação musical de Pier Paolo Pasolini e Elsa Morante
Em Medeia, uma das obras mais marcantes e inovadoras, Pasolini revê a essência da tragédia, inspirado pelo legado de Eurípedes. Neste filme o autor revisita a estrutura dos mitos fundadores da cultura do Ocidente e neles inscreve a presença magistral de Maria Callas, como nunca antes fora olhada. Nesta que é a sua única presença cinematográfica, Callas oferece ao espectador e ouvinte de Medeia uma meditação inaugural sobre o lugar do corpo no cinema na sua dimensão pura e teatral, conjugando a reflexão ética e a dimensão mítica, sociológica e política; o reencontro do humano com o divino.
Pier Paolo Pasolini e a escritora Elsa Morante colaboram na seleção e recolha das músicas do filme, vinculando-o à tradição do Próximo Oriente. Neste universo, Maria Callas não necessita cantar para encarnar uma icónica Medeia, concedendo-lhe toda a densidade do mito fundador da civilização.
Mafalda Serrano
Nome maior da história cultural italiana do século XX, com uma obra que, além do cinema, envolveu também a escrita e o teatro, Pier Paolo Pasolini (1922-1975) foi cruelmente assassinado há 50 anos, em Óstia.
A sua obra não só traduziu ecos da história e cultura italianas, como abriu espaços de reflexão em várias frentes, da fé aos comportamentos, das intimidades às ideologias. Os filmes e a obra escrita fizeram de Pasolini uma referência não apenas no mundo da cultura, mas também das ideias e da própria vida política.
São seus filmes Accatone (1961), Mama Roma (1962), O Evangelho Segundo São Mateus (1964), Passarinhos e Passarões (1966), Teorema (1968), Decameron (1971) ou Saló ou os 120 Dias de Sodoma (1975), este último tendo conhecido uma estreia póstuma.