17 Novembro | 19h00
(gravado pela RTP / Antena 2
a 25 de Agosto de 2023)
Teatro Municipal Constantino Nery em Matosinhos
Poetas na Praça | Oitenta anos de Manuel António Pina (1943-2012)
Recital com poemas e outros textos de Manuel António Pina
ditos por três vozes acompanhadas ao piano
Textos de Manuel António Pina
Improvisação ao piano de Pedro Almeida
Vozes de Bernardo Gavina, Bruno Martins e Vítor Gomes
Guião de José Soeiro
Direção de Jorge Louraço Figueira
Assistência de direção de Belmiro Ribeiro
Captação Sonora de Cláudio Calado e Edgar Barbosa
Produção Antena 2 e Teatro Municipal de Matosinhos Constantino Nery
Um excerto da peça
História com Reis, Rainhas, Bobos, Bombeiros e Galinhas
Os contos
O têpluquê
A revolução das letras
As crónicas
Sobre a fidelidade
Saudades da vida
Onde se fala de gatos e de homens
Os olhos e a barriga
Os poemas
As bruxas
Coisas que não há que há
A canção dos adultos
Esplanada
O regresso
Amor como em casa
Os gatos
A triste história do zero poeta
Depois
E o texto publicitário
Breve texto de apresentação
Poetas na Praça é um ciclo de programas produzido pela Antena 2 em parceria com o Teatro Municipal de Matosinhos Constantino Nery, destinado a assinalar efemérides associadas a autores portugueses. O programa procura revelar a face pública dos autores, através de uma seleção de vários tipos de textos, desde poemas a crónicas, passando por entrevistas ou depoimentos. O recital é gravado ao vivo no palco do Nery, sempre com acompanhamento musical.
José Soeiro foi um dos Gambozinos, é fundador do Laboratório de Teatro e Política, do Porto; investigador do ISUP; doutorado em sociologia; e deputado à Assembleia da República pelo Bloco de Esquerda.
Bernardo Gavina é licenciado pela ESTC, e com o curso profissional de teatro na ACE, ambos na vertente de interpretação. Já foi dirigido em teatro por Paulo Matos, David Pountney, Nuno Cardoso, Filipe La Féria, João Paulo Costa, Alexandre Lyra Leite, Mirró Pereira, Jorge Castro Guedes, Zeferino Mota, Daniel Macedo Pinto, Joana Brandão, Ivo Romeu Bastos, Pedro Fiuza, Jean Paul Bucchieri, Kuniaki Ida, Federico Léon, Gonçalo Fonseca, Tiago Correia, Nuno M. Cardoso e Gonçalo Amorim. Conta com trabalhos em locução, dobragem e televisão.
Bruno Martins iniciou os seus estudos em interpretação na Academia Contemporânea do Espetáculo, no Porto, e especializou- se em teatro-movimento na École International de Thêátre Jacques Lecoq, em Paris. É, desde 2008, fundador e Diretor-Artista do Teatro da Didascália. É no âmbito desta estrutura que desenvolve o seu trabalho enquanto artista, criando obras com regular circulação pelo território nacional e com apresentações pontuais ao nível internacional em países como: Espanha, França, Lituânia, Brasil e Turquia. Ainda no âmbito desta estrutura, foi responsável pela idealização e concepção do espaço fAUNA, um espaço cultural alternativo inserido numa antiga vacaria na Quinta da Bemposta, em Joane, destinado à programação e ao acolhimento de residências artísticas.
Vítor Gomes iniciou, em 2007, de forma autodidata o seu percurso nas danças urbanas, desde então já colaborou com academias de dança e ingressou em competições da mesma modalidade. Licenciou-se em Teatro pela Escola Superior Artística do Porto em 2013 e desde então já integrou projetos de várias vertentes como dança, performance, teatro de formas animadas e teatro físico tendo trabalhado com encenadores como Lígia Roque, Patrick Murys, Lee Beagley e o coreógrafo Vítor Fontes.
Pedro Almeida é compositor. Estudou piano com Francisco Seabra e Eduardo Resende e, mais tarde, composição com Evgueni Zoudilkine. É licenciado em Composição pela Universidade de Aveiro. Pianista, compositor e arranjador, tem feito um percurso multifacetado. “Canções do Primeiro Andar” é o seu projecto em torno de canções originais, compostas individualmente ou em parceria com letristas e poetas de língua portuguesa.
Manuel António Pina (Sabugal, 18 de novembro de 1943 – Porto, 19 de outubro de 2012)
Poeta, autor de livros para a infância e tradutor.
Licenciado em Direito pela Universidade de Coimbra. Entre 1971 e 2001 foi jornalista profissional no Jornal de Notícias (Porto), onde desempenhou igualmente funções de editor e chefe de redacção. Além do JN, tem ainda colaboração dispersa por outros órgãos de comunicação, entre imprensa escrita, rádio e televisão [República, Diário de Lisboa, O Jornal, Expresso, Jornal de Letras, Artes e Ideias, Marie Claire, Visão, Península (Barcelona), Rádio Porto, RTP, etc.]. Foi também professor da Escola Superior de Jornalismo do Porto e membro do Conselho de Imprensa. Foi colunista da revista Visão.
A obra de Manuel António Pina consegue uma forte coesão, mantendo em ambos os registos – o da poesia e o da chamada «literatura para a infância» – aquilo que já foi classificado como «um discurso de invulgar criatividade e de constante desafio à inteligência do leitor», qualquer que seja a sua idade.
Como poeta, a sua obra revela um cariz simultaneamente sentido e reflexivo, de tom irónico e pendor filosofante, na qual é apontada uma tendência nietzschiana para alcançar «uma segunda e mais perigosa inocência».
Como autor de literatura para a infância, a sua obra tem um lugar à parte no panorama nacional, mercê de um nonsense de tradição anglo-saxónica (onde poderemos detectar a herança de Lewis Carroll) que brinca, inteligente e seriamente, com as palavras e os conceitos, num jogo de imaginação sem tréguas.
Grande parte da sua obra para a infância está representada em manuais escolares e publicada em antologias em Portugal e Espanha. Tem ainda uma relação estreita com o teatro, tendo sido, em 1982, bolseiro do Centro Internacional de Teatro de Berlim junto do Grips Theater (Berlim). Até ao momento, foram feitas mais de duas dezenas de produções teatrais baseadas em textos seus, por várias companhias teatrais do país, tal como vários programas de ficção e entretenimento para a televisão, entre os quais uma série infantil de doze episódios («Histórias com Pés e Cabeça», 1979/80). Foi aliás, desde 1994, autor de vários guiões para séries de ficção para TV.
Também ao cinema a sua obra foi adaptada: por José Carvalho, em 1980 («Uma História de Letras», a partir de um conto de O Têpluquê); e por João Botelho, em 1999 («Se a Memória Existe», filme sobre texto integral de O Tesouro). Em video está editada uma «Pequena Antologia Poética de Manuel António Pina» (1998). Foram ainda editados vários discos com textos seus musicados, nomeadamente «O Inventão», «O Bando dos Gambozinos», «O Beco» e «A Casa do Silêncio».
O seu poema «Farewell Happy Fields» foi objecto de uma exposição com o mesmo nome de cinquenta desenhos de Alberto Péssimo, apresentada na Galeria Labirinto, Porto, 1992.
Organizou, prefaciou e traduziu O Homem Invisível (antologia poética de Pablo Neruda), Porto: Afrontamento, 1965; e subscreveu também, dispersas por jornais e revistas, traduções de Frei Luis de Léon, Jules Laforgue, T. S. Eliot, Paul Éluard e outros poetas.
Colaborou ou está representado nas seguintes publicações colectivas e antologias: Antologia da Poesia Portuguesa, Lisboa: Moraes ed., 1979; De que São Feitos os Sonhos, Porto: Areal ed., 1985; Sião, Lisboa: Frenesi, 1987; Poesia Portuguesa Hoje, Rio de Janeiro: Fundação da Biblioteca Nacional do Ministério da Cultura do Brasil, 1993; O Poeta e a Cidade, 2ª. ed. Porto: Campo das Letras, 1996; Cadernos de Serrúbia, nº. 2, Porto: Fundação Eugénio de Andrade, Dez. 1997; Retratos e Poemas, Lisboa: Casa Fernando Pessoa, 1998; Poemas de Amor, Lisboa: Publicações D. Quixote, 2001; Rosa do Mundo / 2001 Poemas para o Futuro, Porto 2001 e Lisboa: Assírio & Alvim, 2001; Ao Porto, Lisboa: Publ. D. Quixote, 2001; Século de Ouro / Antologia Crítica da Poesia Portuguesa do Século XX, Coimbra:Capital Nacional da Cultura e Lisboa: Cotovia, 2003.
Integrou as representações oficiais da literatura portuguesa na Feira do Livro de Frankfurt (1997), no Salão do Livro de Paris (2000) e no Salão do Livro de Genève (2001). Em 1997 foi poeta residente convidado da cidade de Villeneuve-sur-Lot (França) e, em 2001, foi agraciado com a Medalha de Ouro de Mérito da Câmara Municipal do Porto.
Fez parte da carteira de itinerâncias da DGLB, na qualidade de líder de comunidades de leitores em Bibliotecas Municipais.
Manuel António Pina está traduzido e publicado em Espanha, Dinamarca e na Bulgária, com o apoio da DGLB, e recebeu vários prémios.
Em 2011 foi distinguido com o Prémio Camões.
Faleceu no Porto em 19 de Outubro de 2012.
Biografia do Centro de Documentação de Autores Portugueses