No dia do nonagésimo aniversário do compositor estónio Arvo Pärt, a Antena 2 apresenta um programa especial dedicado a um dos mais marcantes músicos contemporâneos.
Arvo Pärt – 90 anos
Um especial de Nuno Galopim
Arvo Pärt é uma figura cuja música cruza vários públicos. Muitas vezes é citado como um dos principais compositores minimalistas europeus, mas apesar de algumas afinidades com os seus contemporâneos nascidos no outro lado do Atlântico, é autor de uma obra que revelou desde cedo ser formalmente bem distinta da música de La Monte Young, Terry Riley, Steve Reich ou Phillip Glass, ou seja, os quatro pilares do minimalismo norte-americano. Não é raro vermos a sua música associada à expressão ‘holy minimalism’ (que poderíamos traduzir como minimalismo sagrado), que também já foi apontada ao polaco Henryk Gorecki, ao georgiano Giya Kancheli ou ao britânico John Tavener. O certo é que a obra de Arvo Pärt é um espaço de horizontes bem mais vastos do que estas designações possam desenhar. Há um antes e um depois destes relacionamentos (que foram de facto marcantes) do compositor com o minimalismo. E estes são um antes e um depois que fazem com que a sua música seja difícil de arrumar numa só gaveta de acontecimentos.
Num vídeo publicado pelo Arvo Pärt Center, em 2005, o compositor explica a sua música. Diz-nos que é sua amiga. Compreensiva e empática. É algo que perdoa e reconforta. Uma toalha para secar as lágrimas da tristeza. Uma fonte para lágrimas de felicidade. Libertação e voo. Mas também um espinho doloroso, com carne e alma…