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Imagem de Arvo Pärt 90 anos | 11 setembro | 22h00
Diversos / Especiais 10 set, 2025, 19:25

Arvo Pärt 90 anos | 11 setembro | 22h00

Imagem de Arvo Pärt 90 anos | 11 setembro | 22h00
Diversos / Especiais 10 set, 2025, 19:25

Arvo Pärt 90 anos | 11 setembro | 22h00

No dia do nonagésimo aniversário do compositor estónio Arvo Pärt, a Antena 2 apresenta um programa especial dedicado a um dos mais marcantes músicos contemporâneos.

Arvo Pärt – 90 anos

Um especial de Nuno Galopim

Arvo Pärt é uma figura cuja música cruza vários públicos. Muitas vezes é citado como um dos principais compositores minimalistas europeus, mas apesar de algumas afinidades com os seus contemporâneos nascidos no outro lado do Atlântico, é autor de uma obra que revelou desde cedo ser formalmente bem distinta da música de La Monte Young, Terry Riley, Steve Reich ou Phillip Glass, ou seja, os quatro pilares do minimalismo norte-americano. Não é raro vermos a sua música associada à expressão “holy minimalism” (que poderíamos traduzir como minimalismo sagrado), que também já foi apontada ao polaco Henryk Gorecki, ao georgiano Giya Kancheli ou ao britânico John Tavener. O certo é que a obra de Arvo Pärt é um espaço de horizontes bem mais vastos do que estas designações possam desenhar. Há um antes e um depois destes relacionamentos (que foram de facto marcantes) do compositor com o minimalismo. E estes são um antes e um depois que fazem com que a sua música seja difícil de arrumar numa só gaveta de acontecimentos.
Num vídeo publicado pelo Arvo Pärt Center, em 2005, o compositor explica a sua música. Diz-nos que é sua amiga. Compreensiva e empática. É algo que perdoa e reconforta. Uma toalha para secar as lágrimas da tristeza. Uma fonte para lágrimas de felicidade. Libertação e voo. Mas também um espinho doloroso, com carne e alma…
Imagem de Arvo Part 90

Arvo Part 90

Nos 90 anos do compositor, nascido na Estónia a 11 de setembro de 1935, um conjunto de olhares sobre a sua vida e obra.

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Infância e juventude
Arvo Pärt nasceu em Paide, na Estónia, a 11 de setembro de 1935, ou seja, antes da invasão alemã durante a II Guerra Mundial e a posterior anexação daquele estado báltico pela URSS. Isto quer dizer que viveu os dias de juventude e parte da vida adulta sob o poder soviético. Foi educado pela mãe e o padrasto na cidade de Rakvere para onde a família se mudou ainda em 1938. Havia um piano em casa. Mas parte do teclado estava danificado. E quando o pequeno Arvo passava com os dedos por teclas sem som cantava ele mesmo para que a música não fosse interrompida…
Aos nove anos começou a estudar música em Rakevere e então tocava na orquestra que acompanhava as vozes que cantavam nas festas da cidade. Em 1954, já com 19 anos, passou para a Escola de Música em Talin, mas o percurso foi interrompido quando foi chamado a cumprir o serviço militar. Mesmo assim não silenciou a música, já que tocou oboé e percussão na orquestra do regimento. Por esses dias tinha já uma saúde frágil, o que fez com que cumprisse apenas dois dos três anos obrigatórios como militar. E então regressou à escola de música até que em 1957 deu entrada no Conservatório. E ali, em 1958 e 59, o seu nome surgiu na lista dos mais talentosos entre os que ali estudavam.
Em 1961 começou a trabalhar como engenheiro de som na rádio estatal da Estónia que, naquele tempo, estava no centro da atividade musical daquela república soviética, e que tinha nos seus quadros uma orquestra sinfónica, uma orquestra ligeira e um coro, assim como pequenos ensembles formados por alguns dos seus músicos. Arvo Pärt tinha uma relação próxima com os músicos e conhecia as suas personalidades, o que lhe permitiu encontrar formas de chegar à sonoridade desejada durante os ensaios que precediam cada estreia ou gravação. Datam dessa altura e dos anos seguintes as suas primeiras obras, distintas das que dele hoje são apresentadas em disco e concerto, e que refletiam então um interesse inicial por compositores, que ia desde Tchaikovsky aos serialistas.
Mesmo vivendo longe de Moscovo e de um escrutínio mais atento sobre o trabalho dos músicos que existia na capital e grandes centros urbanos, algumas das suas obras foram alvo de censura. Uma das obras problemáticas foi “Credo”, de 1968, com referências religiosas que causaram desconforto entre as autoridades. E então foi crescendo aos poucos uma espécie de barreira que se somou a um descontentamento que foi também sentindo sobre os caminhos que seguia no seu trabalho. E tudo isto acabou por conduzi-lo a um repensar das ideias musicais…

 

Uma nova música
Em 1980, Arvo Pärt tinha 45 anos. E foi por essa altura que deixou a URSS. Mudou-se primeiro para Viena, na Áustria, e mais tarde para Berlim, na Alemanha, onde se fixou até que, em 1992, regressou à Estónia, já independente.
Antes da mudança para Viena, ou seja, ainda em Talin, nos anos 70, e numa etapa de aproximação à Igreja Ortodoxa, Arvo Pärt passou por um longo período de silêncio meditativo, durante o qual estudou o cantochão e as primeiras formas de polifonia. E da reflexão que se seguiu a esta meditação nasceram então novas ideias, entre as quais um estilo muito pessoal, habitualmente descrito como “tintinnabuli”, ou seja, que sugere discretos sons de sinos, mesmo muito discretos.
Começou a explorar este novo estilo com primeiras peças sobretudo para piano e cordas… E com o tempo acabou inclusivamente por abordar diretamente o canto que estava afinal na base de todas estas novas ideias.
Vale a pena notar uma observação que ele mesmo fez num texto incluído no booklet do disco Alina, editado em 1999:
“Compararia a minha música à luz branca, que contém todas as cores. Apenas um prisma pode dividir as cores e fazer com que apareçam; esse prisma pode ser o espírito do ouvinte”. 
Datadas respectivamente de 1976 e 78 “Für Alina” e “Spiegel Im Spiegel” representaram momentos decisivos na definição de uma linguagem, da qual decorre muita da obra posterior do compositor. “Für Alina” é uma peça para piano solo, que ocupa apenas duas páginas numa partitura mas que desafia cada intérprete a uma reflexão pessoal, não estabelecendo nunca o limite de tempo para a sua performance. Já “Spiegel Im Spiegel “é um diálogo, originalmente criado para piano e violino (que ocasionalmente cede o lugar a uma viola ou violoncelo). Como o título sugere, é “um espelho num espelho”, com cada instrumento a refletir-se no outro, em ciclos sucessivos, com gradual adição de notas, mas aqui com um tempo limite definido.

 

Ao serviço do cinema
Sem surpresa, a música de Arvo Pärt foi há muito descoberta por outras artes, nomeadamente o cinema, tendo surgido em filmes como, entre outros, “A Barreira Invisível” de Terrence Malick; “Les Amants du Pont-Neuf,” de Léos Carax; “Haverá Sangue”, de Paul Thomas Anderson, “O Bom Pastor”, de Robert de Niro, “Loveless – Sem Amor” de Andrei Zvyaginstev, em vários momentos da obra de Jean-Luc Godard ou até em “As Mil e Uma Noites”, de Miguel Gomes.
Na verdade esta relação com o cinema já vem de trás, quando ainda vivia na então URSS. E foram muitas as suas colaborações para o cinema da Estónia nas décadas de 60 e 70.
Todavia, uma das mais interessantes utilizações de música de Arvo Pärt num filme, deve-se ao norte-americano Gus Van Sant, em “Gerry”, um filme de 2002. “Spiegel Im Spiegel” e “Für Alina” são as composições que ocasionalmente rompem ali o silêncio e os ruídos do deserto, acompanhando a caminhada dos atores Matt Damon e Casey Affleck.

 

A ligação à ECM
Falemos agora de um passo determinante no percurso de Arvo Pärt: a sua relação com a editora alemã ECM. E tudo começou numa viagem de carro, em 1977…
Manfred Eicher, o patrão da editora, estava a conduzir quando, pela rádio, começou a escutar uma gravação, feita na então RDA, de “Tabula Rasa”, com Gidon Kremer e vários outros músicos. Parou o carro e ficou a ouvir, atentamente, até ao fim. Que música era aquela?… Quem era aquele compositor?… Arregaçou as mangas e pôs-se à procura. E é claro que esta busca teve um final feliz já que, sete anos depois, e já com Arvo Pärt a viver em Berlim, “Tabula Rasa” representou a sua estreia – e com sucesso, sublinhe-se – no catálogo da ECM.
O disco que traduziu o primeiro episódio de uma história de colaborações que vai a caminho dos 50 anos, apresentava um compositor já claramente focado numa demanda pessoal bem distinta. Tinha partido em busca de um lugar nas periferias do silêncio, numa zona em que se cruzavam ecos de músicas de outros tempos. E se peças como “Fratres” ou Fur “Alina” definiram uma visão pessoal da assimilação das sugestões dos minimalistas, em obras como “Arbos” ou “Passio”, que chegaram pouco depois, lançou pistas para um trabalho que teve na voz (sobretudo em coros) um destino cada vez mais presente e consequente.

 

Novos rumos
Em 1989, numa entrevista ao Musical Times, um periódico cuja história remonta a 1842 e deixou se ser publicado em 2024, Arvo Pärt refletiu sobre a forma como a sua música se estava a transformar com o passar dos tempos… E dizia assim…
“Só o tempo nos permite observar isso. É como fazer análises ao sangue da minha musica, hoje, há dez ou há 20 anos… Podemos ver que é o meu sangue. Mas hoje o teste dá uma resposta e amanhã dará outra, dependendo do que comi ou do estado geral da saúde. Pode por isso haver grandes diferenças, e essas são coisas que estão num estado de constante mudança. Mais do que apenas uma mudança de estilo… Nunca se pode dizer que se atingiu um patamar de perfeição, que o que se está a fazer é completamente correto ou se o que está a fazer é mais forte do que outra coisa qualquer. Posso apenas dizer que perdi todo o contacto com a música que fazia nos primeiros tempos. E por vezes, quando a escuto, parece que não é a minha música. Já a esqueci. Mas esse não é um problema meu. O que importa mesmo é o que ainda tenho para descobrir.”
Quando se associou à ECM e encontrou uma plateia global, Arvo Pärt tinha já três sinfonias compostas. Uma primeira estreada em 1963, uma segunda em 1966, na qual foram notadas afinidades com Webern e uma terceira em 1971, esta revelando já já marcas de inflexão no rumo da música de Arvo Pärt . Bem mais recente, a “Sinfonia Nº 4” nasceu 38 anos depois da terceira, tendo-se apresentado com o sub-título “Los Angeles”, marcando a geografia da orquestra que a estreou. Se as duas primeiras eram reflexos de alguém a ecoar referências da escrita orquestral do século XX e se a terceira representava sobretudo sinais uma descoberta pessoal, a quarta, tantos anos depois, apresentou uma música com uma dimensão de quem, depois de resolvido o conflito linguístico pessoal, olhava agora, de outra forma, o mundo em seu redor.
E convenhamos que não é de todo invulgar vermos marcas de reflexão, no mundo das artes, de sinais do mundo político contemporâneo. De resto, no arco de vida do nosso tempo, Steve Reich lembrou a memória do jornalista Daniel Pearl nas suas “Daniel Variations” e John Adams recordou o sequestro do navio Achille Lauro em “The Death of Klinghoffer”, para citar dois exemplos. Arvo Pärt, que centrara grande parte da sua obra nas últimas décadas na exploração de textos religiosos, traduzindo sobretudo um relacionamento com a cultura cristã ortodoxa, fez da sua “Sinfonia nº 4″ uma dedicatória ao russo Mikhail Khodorkovsky, que na altura estava preso há já sete anos (seria devolvido à liberdade em 2013). Contudo, e como o próprio compositor referiu num texto que acompanhou a primeira gravação da “Sinfonia N.º 4”, esta música não deverá ser entendida num contexto exclusivamente político já que Pärt a vê antes como a “expressão de um grande respeito por um homem que encontrou um fundo moral numa tragédia pessoal”. Nesse mesmo texto, justificou ainda o tom trágico da obra como “não uma lamentação por Khodorkovsky mas uma vénia ao grande poder do espírito (…) e da dignidade humana”.
Agora, aos 90 anos, Arvo Pärt tem parte da sua atenção no Arvo Pärt Center, que fica numa aldeia (na aldeia de Laulasmaa), a cerca de 40 quilómetros de Talin. O centro foi criado em 2015 e tem por objetivo preservar o legado criativo do compositor. Inclui um instituto de investigação, um centro educativo, uma sala de concertos (que permite fazer gravações), um museu e, claro, um grande arquivo, que em parte pode ser consultado online. Entrevistas, discursos, fotografias, vídeos… Vale a pena visitar o site do Arvo Pärt Center.

Texto de Nuno Galopim

 

Efeméride

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