A partir de 6 de Novembro, nas madrugadas de Sexta para Sábado, entre as 6h00 e as 7h00, o programa Notas Finais apresenta durante 4 episódios, o ciclo dedicado ao compositor letão Pēteris Vasks, à sua vida e obra.
Peteris Vasks (n. 1946)
Peteris Vasks
O final da Guerra Fria permitiu ao público ocidental descobrir, de forma ampla, uma série de compositores da antiga União Soviética e do leste da Europa.
Os russos Alfred Schnittke e Sofia Gubaidulina, o polaco Henryk Gorecki, o estónio Arvo Pärt, o georgiano Giya Kancheli, o ucraniano Valentin Silvestrov ou o letão Peteris Vasks, conquistaram, depois da queda do muro de Berlim, uma larga franja de admiradores, através de uma linguagem sonora com forte cunho espiritual.
Focando-se, essencialmente, na escrita de obras corais e para cordas, Peteris Vasks integra um restrito grupo de autores associado a um novo “misticismo”.
A experiência dolorosa desse período, mais do que uma mera questão biográfica, constitui um factor determinante para compreender a profundidade da sua obra.
A formação como contrabaixista e a passagem, nessa qualidade, por algumas das principais orquestras da Letónia e Lituânia, nos anos 70, contribuíram, igualmente, para a definição de um trajecto criativo, influenciado, numa primeira fase, pelo trabalho de compositores como Lutoslawski ou Penderecki.
Mas o exemplo de Arvo Pärt, ao abandonar a corrente vanguardista para abraçar um minimalismo austero, ajudou a definir o caminho que Vasks viria a adoptar no dealbar da década de 90.
Fazendo uso de técnicas convencionais e de um vocabulário tonal e expressivo, as linhas angulares e a densidade dissonante deram lugar às escalas modais mais familiares.
A evocação do folclore letão, da terra-mãe e da sua beleza paisagística, a par das memórias de infância, da ligação à natureza e da íntima relação com a dimensão espiritual, fornecem-nos outras pistas sobre a especificidade do repertório deste músico, acarinhado por solistas do calibre de um Gidon Kremer ou Sol Gabetta, e amplamente divulgado por orquestras e formações como o Coro da Rádio da Letónia, a Sinfonietta Riga e a Kremerata Baltica.
Neste ano em que celebra 75 primaveras, dedicamos as emissões das madrugadas de sábado em Novembro, do programa “Notas Finais”, a um dos mais proeminentes compositores do nosso tempo.
João Pedro
Programação
Prog. 1 | 6 Novembro
Concerto para Violoncelo Nº 2 (“Presença”): III. Adagio
Sol Gabetta (vlc). Amsterdam Sinfonietta
“Mein Herr und mein Gott” para Coro e Orquestra de Cordas
Coro da Rádio da Letónia. Sinfonietta Riga. Dir: Sigvards Klava
“Viatore” (“O viajante”) para Orquestra de Cordas
Orq. de Câmara Sueca. Dir: Katarina Andreasson
Coro da Rádio da Letónia. Dir: Kaspars Putnins
Sinfonia Nº 1 (“Vozes”): I. Vozes do silêncio
Kremerata Báltica. Dir: Gidon Kremer
“Pater Noster” para Coro e Orquestra de Cordas
Coro da Rádio da Letónia. Sinfonietta Riga. Dir: Sigvards Klava
Quarteto de Cordas Nº 4: V. Meditação
Quarteto Prezioso
“Dona nobis pacem” para Coro e Orquestra de Cordas
Coro da Rádio da Letónia. Sinfonietta Riga. Dir: Sigvards Klava
Mari Samuelsen (vl). Orq. da Konzerthaus. Dir: Jonathan Stockhammer
“Plainscapes” para Coro, Violino e Violoncelo
Voces8. Mari Samuelsen (vl). Hakon Samuelsen (vlc)
“Vox Amoris”: Fantasia para Violino e Orquestra de Cordas (2009)
Dzeraldas Bidva (vl). Orq. de Câmara da Lituânia. Dir: Modestas Pitrenas
Vestards Simkus (pn). Coro da Rádio da Letónia. Dir: Sigvards Klava
“Musica Serena” para Orquestra de Cordas
Orq. de Câmara de Estugarda. Dir: Ivan Repusic
Concerto para Viola e Orquestra de Cordas: IV. Adagio
Maxim Rysanov (vla). Sinfonietta Riga
Concerto para Oboé: I. Morning Pastorale
Albrecht Mayer (ob). Orq. Sinf. Nacional da Letónia. Dir: Andris Poga
Ilze Reine (org). Coro da Rádio da Letónia. Dir: Sigvards Klava