A 9 de Agosto, a Antena 2 transmite uma emissão especial dedicada a Mário Cesariny, vulto maior do surrealismo português, e um dos mais destacados poetas do século XX.
Especial | Centenário Mário Cesariny
9 Agosto | 18h00 | 19h00
18h00 | Quinta Essência especial
Entrevista ao historiador de arte Perfecto E. Cuadrado, por João Almeida
Perfecto E. Cuadrado é Coordenador do Centro de Estudos do Surrealismo da Fundação Cupertino de Miranda (Vila Nova de Famalicão), onde está guardado o espólio do poeta.
É licenciado em Filologia Românica (Universidade de Salamanca), Doutor em Filologia Hispânica (Universitat de les Illes Balears), e Catedrático de Filologias Galega e Portuguesa da Universitat de les Illes Balears. É Presidente da Asociación de Lusitanistas del Estado Español (A.L.E.E.),e faz parte do grupo de investigação internacional “O surrealismo e seus diálogos com a modernidade: aproximações interdisciplinares-Surrdial/GrupesqCNPq” (Universidade Federal de Rio Grande do Sul).
19h00 | Recital André Gago (voz / leitura) & Francisco Sales (guitarra)
Gravado no Auditório do Liceu Camões,
em Lisboa, pela RTP / Antena 2
a 28 de Junho de 2023
Poemas de Mário Cesariny
com música improvisada
Neste concerto poético, no âmbito do Centenário de Mário Cesariny, a Antena 2 presta um tributo ao genial poeta. A leitura dos poemas é de André Gago, a criação musical é da autoria do guitarrista Francisco Sales.
Veja o vídeo do Recital:
Centenário Mário Cesariny | Recital Poético | 9 Agosto | 19h00
SABER MAISPode também ouvir aqui, outras emissões dedicadas ao Poeta e ao seu centenário
A Ronda da Noite
de Luís Caetano
Uma emissão especial com Poemas ditos pelo próprio Mário Cesariny
Império dos Sentidos
de Paulo Alves Guerra
Entre 3 de Julho e 9 de Agosto, data do Centenário, foram emitidos poemas do autor, na sua própria voz.
Um por dia, todos os dias, sempre às horas certas (8h00 e 9h00).
Mário Cesariny | Poeta, autor dramático, crítico, ensaísta, tradutor e artista plástico português, nasceu a 9 de agosto de 1923, em Lisboa, e morreu a 26 de novembro de 2006, também naquela cidade.
Depois de ter estudado no Liceu Gil Vicente, entrou para Arquitetura da Escola Superior de Belas Artes de Lisboa, onde frequentou o primeiro ano, e mudou depois para a Escola de Artes Decorativas António Arroio. Depois de ter frequentado esta escola, prosseguiu estudos de belas-artes em Paris, tendo, ainda, estudado música com o compositor Fernando Lopes Graça.
Figura maior do surrealismo português, a influência que viria a exercer sobre as gerações poéticas reveladas nas décadas posteriores aos anos 50, período durante o qual publicou alguns dos seus títulos mais significativos, ainda não foi suficientemente avaliada.
Promoveu a técnica conhecida por “cadáver esquisito”, que consistia na elaboração de uma obra por um grupo de pessoas, num processo em cadeia criativa, na qual cada uma dava seguimento à criatividade da anterior, resultando numa espécie de colagem de palavras, a partir apenas de um acordo inicial quanto à estrutura frásica.
Colaborou em várias publicações periódicas como Jornal de Letras e Artes e Cadernos do Meio-Dia, entre outras. Começou por se interessar pelo movimento neorealista, para, em 1947, regressado de Paris, onde frequentou a Academia de La Grande Chaumière e onde conheceu André Breton, fundar o movimento surrealista português.
A sua postura polémica na defesa de um surrealismo autêntico levou-o, porém, a deixar o grupo no ano seguinte, para criar, com Pedro Oom e António Maria Lisboa, o grupo surrealista dissidente.
Como um dos principais críticos e teóricos do movimento surrealista, manteve ao longo da sua carreira inúmeras polémicas literárias, quer contra os detratores do surrealismo quer contra os que, na prática literária, o desvirtuavam.
A sua obra poética começou por refletir, em Corpo Visível ou Discurso Sobre a Reabilitação do Real Quotidiano, o gosto pela observação irónica da realidade urbana que, fazendo-se eco de Cesário Verde, constitui ainda uma fase pouco significativa relativamente a volumes próximos da prática surrealista como Manual de Prestidigitação. Aí, a mordacidade e o absurdo, o recurso ao insólito, aliados a uma discursividade que raramente envereda por um nonsense radical, como ocorre na obra de António Maria Lisboa, permitem estabelecer, como nenhum outro autor da década de 50, um ponto de equilíbrio entre o primeiro modernismo e a revolução surrealista.
No domínio do teatro, em Um Auto Para Jerusalém, pastiche de um conto de Luís Pacheco, revela a influência de Pirandello ou da prática teatral de Alfred Jarry. No fim da década de 60 e início de 70, Mário de Cesariny encetou um trabalho de reposição da verdade histórica do movimento surrealista, coligindo os seus manifestos, editando a obra poética inédita de alguns dos seus representantes, e dando ao prelo textos seus datados do período de maior envolvimento com a teoria e prática do surrealismo, como 19 Projectos de Prémio Aldonso Ortigão seguidos de Poemas de Londres (1971), ou Primavera Autónoma das Estradas (1980) ou Titânia (1977).
Em 2005, recebeu a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade, entregue pelo então Presidente da República, Jorge Sampaio, e, em novembro desse mesmo ano, foi galardoado com o Grande Prémio Vida Literária, uma homenagem à sua notável contribuição para a literatura portuguesa.