Dias 22, 23 e 24 de
Abril cumpre-se mais uma vez a tradição no CCB com a realização mais uma edição
do Festival Dias da Música em Belém, este ano com o título de Volta ao
Mundo em 80 Concertos e, como sempre a Antena 2 estará presente para
uma emissão que começará na Sexta e só acaba no Domingo, acompanhando os
principais momentos do Festival.
Em 1873 Júlio Verne
descreve a tentativa do inglês Phileas Fogg em dar a volta ao mundo em apenas
80 dias – uma verdadeira proeza para a época, só possível graças à determinação
do protagonista e do seu fiel ajudante Passepartout. Com este livro, não foi apenas
Phileas Fogg a viajar, mas todos os que se deixaram levar pela imaginação indo
com ele até paragens nunca antes pensadas pela maioria dos leitores. É com base
nesta aventura que vão ser apresentados os concertos B11, com
compositores do tempo de Phileas Fog, como Gounod e Dvorak, interpretados pelo
Melleo Harmonia e com a direcção de Joaquim Ribeiro,
e o concerto B2, com as Variações Enigma de Edward Elgar
interpretadas pela Jovem Orquestra Portuguesa dirigida pelo maestro Pedro
Carneiro, que nos leva diretamente para o
espirito da Inglaterra victoriana de Phileas Fogg. Já os concertos C10,
com a pianista Luísa Tender, e C5, com o Coro do Teatro Nacional de São
Carlos e a Orquestra Sinfónica Portuguesa, propõe-nos fazer embarcar através da
música nessa viagem retratada no livro.
época das Grandes Exposições Universais, uma maneira de dar a conhecer o mundo
a quem não podia aventurar-se como fez Phileas Fogg. Julio Verne terá
certamente assistido a três das maiores, todas elas realizadas em Paris – 1867,
1889 e 1900. Eram sem dúvida grandes acontecimentos que moviam milhares de
pessoas, ponto de encontro de culturas e de gentes numa época em que o Mundo
ainda parecia tão distante para a maioria. Também a música, pela sua
universalidade, teve um papel fundamental nestes acontecimentos. Em 1862
Giuseppe Verdi já tinha composto um "Hino das Nações" para a Exposição
Universal de Londres; em 1889, as sonoridades do Gamelão de Java influenciariam
toda uma geração de compositores a começar por Claude Debussy; em 1900, Paris
era inundada de músicos da ilha de Madagáscar com os seus ritmos tribais. É
neste sentido que vai a proposta do Ensemble Darcos que se junta ao agrupamento
Yogistragong para nos trazer as sonoridades do gamelão e de compositores por
ele inspirados como Claude Debussy (B6), numa verdadeira fusão de
culturas que nos permite de certa forma pormo-nos na pele de todos aqueles que
estiveram na exposição de Paris de 1889.
música é para muitos a mais universal das linguagens, aquela que mais une e,
simultaneamente, uma das melhores formas de caracterização identitária de um
povo e de uma cultura. São exemplo disso os vários compositores que buscaram
inspiração nas raízes dos seus países: Dvorak (B11), Smetana (C24),
Nielsen, Grieg e Sibelius (C2), Jon Leifs (B2), Lyadov, Glazunov
e Borodin (C3) e Tchaikovsky, Rachmaninov e Shostakovich (B25),
Mikis Theodorakis (B13), Gershwin, Barber e Bernstein (C13) e
Copland (C1), Radamés Gnatalli, Ronaldo Miranda, Heitor Villa-Lobos,
César Guerra-Peixe e Astor Piazolla (C11), Bartók e Kodály (C23),
Manuel de Falla (A1 e B5) ou Luís de Freitas Branco (B1),
são apenas alguns exemplos dos muitos compositores que através da música
definiram toda uma cultura.
universal permitiu também a muito compositores viajarem (alguns literalmente,
outros sem sequer terem que sair de sua casa), utilizando para isso os clichês
musicais que definem culturas e paragens que lhes são estranhas:
Rimsky-Korsakov e o Médio Oriente e Debussy e a Ibéria (A1), Gershwin e
Cuba (B1), Mendelssohn e a Escócia (B3), Dvorak e a América (B4),
o Barroco Francês e a Turquia (B12), a Grécia para Shostakovich e Ravel
(B13), Boccherini e a Espanha (B28), Mozart e novamente a Turquia
(C9), Verdi e o Egipto, Delibes e a Índia, ou Puccini e o Extremo
Oriente (C5), ou Franz Liszt e a sua Peregrinação (B20, C14 e
C17).
propõe-se para estes Dias da Música um desafio parecido com o de Júlio Verne –
que se parta numa viagem à volta do mundo, não em 80 dias, mas em 80 concertos.
Tal como aconteceu nas grandes exposições universais, pretende-se trazer o mundo
até nós através da música: seja aquela que procura as raízes – José Galissá e Guiné (B23),
Desbundixie (B8), Carlos Silva e a Camerata Atlântica com Tangos e
Boleros (B9), Marco Beasley e a sua amada Itália (B7), Aida
Sigharia Asl e o Irão (B22), Pedro Jóia (B28), João Alvarez e Tiago Inuit (B24), Gileno Santana e
Tuniko Goulart (B29), James Blood Ulmer e os Blues (B30 e C25),
Paulo Sousa e Francisco Cabral com os Sons da Índia (B26), o alaudista
Eduardo Ramos e as influências Moçarabes (C20) ou Nuno Côrte-Real e o
seu Novíssimo Cancioneiro (C8); seja através de todos aqueles
compositores cuja obra reflete todo um povo, toda uma região, toda uma maneira
de ser. Um tema tão natural num país como Portugal que ao longo dos séculos,
através da sua diáspora, influenciou e deixou-se influenciar por tantas
culturas, do Brasil a Macau, passando por África e pela Índia, como nos revelam
o concerto dos Sete Lágrimas (B15), o Quarteto Vintage (B27), as
Portugoesas (C18).
verdadeira viagem e com um encontro de Culturas, como nos prova Rabih
Abou-Khalil (B10 e C21) ou os Orlando Consort (B14),
encontros como o de Japão com Portugal com os pianistas Tomohiro Hatta e
Ricardo Vieira (B16) ou encontros tão desejados como o da Palestina com
Israel, graças aos pianistas Bishara Haroni e Yaron Kohlberg (B18 e C19).
reconhecimento da música, como a mais globalizada das profissões, um mundo de
digressões que se fazem pelo mundo inteiro, dos muitos músicos que saltam de
palco em palco, de cidade em cidade, para irem ao encontro do seu público,
também este global, e também todos aqueles que sendo de um país, fazem carreira
noutro, sendo talvez o maior exemplo disto os elementos da Orquestra XXI (B3).
Tudo isto faz deste mundo da música, um dos meios mais globais de partilha de
experiências.
que representam países, povos, culturas e músicos que há muito já deixaram de
ser daqui ou dali, e passaram a pertencer a todos e cada um de nós.
da Música e Boa Viagem.
Concertos
por Regiões
Américas
do Norte:
B1; B4; B8; B27; B30; C1; C5; C10; C13; C22; C25; V3;
V9
Latina e América do Sul:
B1; B9; B15; B27; B29; C11; C13; C22; V1; V5; V8; V9
Ibérica (Portugal e Espanha):
A1; B1; B5; B14; B15; B16; B17; B24; B27; B28; C8; C9;
C18; C20; C22; V7; V9
Ocidental (França; Alemanha; Inglaterra; Áustria):
B2; B3; B6; B11; B12; B16; B19; B20; B27; C1; C4; C5;
C6; C9; C10; C12; C14; C15; C16; C17; C22; C24; V9
Nórdicos (Escandinávia e Islândia):
B2;
B27; C2; C22; V9
do Sul (Itália e Grécia):
B7;
B13; B19; B27; B28; C5; C7; C10; C17
Eslavos (Rep. Checa, Rep. Eslovaca; Polónia; Hungria):
B4;
B19; C16; C23; C24
B21;
B25; C1; C3
Oriente (China e Japão):
B16;
C5; C6; C7; C10; B15; C22; V9
Asiático e India (India e Indonésia):
B6;
B14; B26; C5; C18; V4
Oriente (Península Arábica; Israel; Palestina; Irão; Turquia):
A1;
B10; B12; B18; B22; C9; C19; C21