Teatro Sem Fios
26 novembro | 19h00
1 dezembro | 14h00 (repetição)
Gravado nos Estúdios da Antena 2 / RTP
Produção: Anabela Luís / Artistas Unidos
Jon Fosse | Vai Vir Alguém
Tradução Solveig Nordlund e José Maria Vieira Mendes
Elenco Diogo Dória, Isabel Muñoz Cardoso e António Simão
Sinopse
Um homem e uma mulher. Só querem estar um com o outro. Por isso deixam a cidade e compram uma casa isolado ao pé do mar. Mas isso será possível? Não virá ninguém? Porque vai vir alguém, dizem. É então que aparece o rapaz que lhes vendeu a casa.
ELA
Só sei que vai vir alguém
Tu queres que alguém venha
Tu preferes estar com outras pessoas do que comigo
Tu preferes estar com outras pessoas vai vir alguém
Jon Fosse, Vai Vir Alguém
Texto publicado na Revista Nº 2 – Setembro 2000
“Das suas peças emana uma luz. Uma luz muito particular que lembra a dos pintores escandinavos, Munch, por exemplo. Uma luz branca como acontece nos eclipes, mas uma luz que desenha com nitidez os contornos dos objectos e das personagens, Contradição? Não. Porque a ausência de luz corresponde a uma outra ausência: o número dos personagens é sempre pequeno: são dois, três, quando muito quatro. Aumenta a concentração, agudiza-se a percepção porque um terceiro fenómeno aparece: e é a dimensão do tempo. O tempo parece ter parado no universo de Fosse. A linguagem simples e repetitiva revela a solidão profunda dos homens. A ausência de luz, o isolamento no espaço e o tempo quieto transformam as peças de Jon Fosse em instantes de grande recolhimento e essa é a finalidade confessa do autor ” criar momentos em que um anjo passa.”
Terje Sinding
Jon Fosse | Um dos mais importantes e celebrados autores vivos. Nasceu em 1959 em Haugesund, no Oeste da Noruega. Fixou-se em Bergen nos anos 80. Escreve em novo Norueguês, língua obrigatória nas escolas mas que só é falada nessa região.
Estreou-se na literatura em 1983, tendo publicado cerca de quinze livros antes de chegar ao teatro: romances, poesia, ensaios, novelas e livros para crianças. O seu primeiro texto para o teatro foi escrito em 1994. As suas peças começaram a circular no final dos anos 90, tendo sido representadas na Noruega e no estrangeiro, dirigidas por encenadores como Gunnel Lindblom, Claude Régy, Jacques Lassale, Thomas Ostermeier, Barbara Frey, Katie Mitchell ou Patrice Chéreau que, em 2011, dirigiu Sonho de Outono e Sou O Vento.
É, atualmente, um dos contemporâneos mais representados na Noruega e no estrangeiro. Foi vencedor dos prémios: Nynorsk (1988 e de novo em 2003); Aschehoug (1997); Dobloug (1999); Norsk Kulturads (2003); Nynorsk Litearture Prize (2003); Breage (2005); Academia Sueca (2007); em 2010, foi-lhe concedido o prestigiado Prémio Ibsen e, em 2011, o Estado Norueguês concedeu-lhe uma residência honorária, Grotto, em Slottsparken em Oslo, perto do Palácio Real.
É autor de E Nunca nos Separarão (1994), O Nome (1995), Vai Vir Alguém (1996), A Criança (1997), Mãe e Criança (1997), O Filho (1997), A Noite Canta os Seus Cantos (1998), Um Dia de Verão (1998), Sonho de Outono (1999), Quando a Luz Baixa e Fica Escuro (1999), Dorme, Meu Menino (1999), Visitas (2000), Inverno (2000), Variações Sobre a Morte (2001), A Rapariga no Sofá (2002), Lilás (2002), Os Cães Mortos (2003), Suzannah (2004)), Sa ka la (2004), Calor (2005), Sono (2005), Rambuku (2006), Sombras (2006), Sou o Vento (2007), Morte em Tebas (2008).
Fosse escreveu vários romances, como Melancolia I e Melancolia II, sobre o pintor norueguês Lars Hertervig; Manhã e Noite, sobre o nascimento de uma criança e o dia da sua morte décadas depois; e Trilogia, em três partes: Vigília, Os Sonhos de Olav, e Fadiga. É a bela e perturbadora história do violinista Asle e sua namorada Alida, pela qual Fosse ganhou o Prémio Literário do Conselho Nórdico, em 2015.
Tem revisto e traduzido para novo norueguês e criado versões de várias peças. O seu trabalho mais longo é Septologia. Sete partes publicadas em três volumes: The Other Name, I Is Another, and A New Name. É uma magnífica narrativa sobre a natureza da arte e de Deus, alcoolismo, amizade, amor e a passagem do tempo, que recebeu excelentes críticas na Noruega e no estrangeiro, sendo considerado para vários prémios, como o International Booker Prize em 2020 (The Other Name), The Booker International em 2022, The National Book Award 2022 e o Editors’ Choice do New York Times (A New Name).
Jon Fosse esteve em Portugal em Março de 2000, aquando da estreia de Vai Vir Alguém n’A Capital, com encenação de Solveig Norlung e interpretação de Diogo Dória, Isabel Muñoz Cardoso e Paulo Claro. Voltou a 11 de Março de 2001 para assistir a Sonho de Outono, com encenação de Solveig Norlung e interpretação de Gracinda Nave, Marco Delgado, Camacho Costa, Lucinda Loureiro e Sylvie Rocha.
A Noite Canta os Seus Cantos estreou em Portugal a 26 de Fevereiro de 2004, no Teatro Taborda, com encenação de João Fiadeiro e interpretação de Américo Silva, António Simão, Isabel Muñoz Cardoso, Joana Bárcia e António Évora numa produção Artistas Unidos/Re.Al.
A 17 de Fevereiro de 2005, os Artistas Unidos estrearam Inverno no Teatro Taborda, com encenação de Jorge Silva Melo e interpretação de Pedro Lima e Sylvie Rocha.
Um inédito seu integrou o espetáculo Conferência de Imprensa e Outras Aldrabices em homenagem a Harold Pinter (TNDM II, em 2005). E em 2007, os Artistas Unidos estrearam no CCB, Lilás, uma peça para público adolescente. Voltou em 2009, por ocasião da visita oficial dos Reis da Noruega, para assistir à leitura de Sou O Vento.
Jon Fosse recebeu o Prémio Nobel da Literatura em 2023.
Solveig Nordlund tem trabalhado no cinema na Suécia e em Portugal. Começou a trabalhar no cinema como montadora em filmes de João César Monteiro, Manoel de Oliveira, João Botelho, Alberto Seixas Santos, Thomas Harlan e em documentários políticos. Fundadora do Grupo Zero, participa em vários filmes colectivos entre os quais A Lei da Terra (1976). Em 1978, estreia-se na ficção com Nem Pássaro Nem Peixe. Realizou vários filmes sobre peças de teatro de Franz Xaver Kroetz ( Música Para Si , Viagem Para a Felicidade, ambos de 1978 e Outras Perspectivas de 1980) ou Karl Valentin (E Não se Pode Exterminá-lo? de 1979) em colaboração com o Teatro da Cornucópia. A sua primeira longa-metragem foi Dina e Django (1983) a que se seguiram Até Amanhã, Mário (1994), Comédia Infantil (1998), Aparelho Voador a Baixa Altitude (2000) e A Filha (2003). É também realizadora de curtas metragens e de documentários sobre escritores como Marguerite Duras, J.G, Ballard ou António Lobo Antunes. Fundou a sociedade Ambar Filmes. Estreou-se na direção teatral em 1998 com A Noite é Mãe do Dia de Lars Norén (CCB/Malaposta).
José Maria Vieira Mendes escreve maioritariamente peças de teatro, mas também publicou ensaios e ficção. É membro do Teatro Praga e da sua direção artística desde 2008. As suas peças foram traduzidas em mais de uma dezena de línguas. Faz traduções literárias e trabalha ocasionalmente com artistas plásticos e em cinema. Publicou, mais recentemente, Arroios, Diário de um diário (ficção, 2015, Dois Dias edições), Uma Coisa (teatro, 2016, Livros Cotovia), Para Que Serve? (infância, 2020, Planeta Tangerina) e Uma Coisa não É Outra Coisa (ensaio, 2022, Sistema Solar). É professor na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.
Diogo Dória estreou-se como actor em 1975 tendo, desde então trabalhado com encenadores como Osório Mateus, Luís Miguel Cintra, Filipe La Féria, José Luis Gómez, Solveig Nordlund, Carlos Fernando, Dominique Ducos, Miguel Guilherme. No cinema participou em filmes de João Botelho, João Canijo, Jorge Silva Melo, Raoul Ruiz, Wim Wenders, Manoel de Oliveira. Dirigiu vários espectáculos nomeadamente com textos de Samuel Beckett, Nathalie Sarraute, Robert Pinget e Almeida Faria. Nos Artistas Unidos, participou em Vai Vir Alguém de Jon Fosse, Amador de Gerardjan Rijnders, Perda Total de Karst Woudstra, Os Casamentos de Lea de Judith Herzberg, Dona de Casa de Esther Gerritsen, Construtor(es) de Túneis de Don Duyns e O Meu Blackie de Arne Sierens, todos em 2000.
Isabel Muñoz Cardoso trabalhou com Luís Varela, José Peixoto, José Carlos Faria, José Mora Ramos, Diogo Dória, Jean Jourdheuil, Solveig Nordlund. Nos Artistas Unidos participou em inúmeros espetáculos a partir de António, Um Rapaz de Lisboa de Jorge Silva Melo (1995) tendo participado em O Teatro da Amante Inglesa de Marguerite Duras (2018), O Vento Num Violino de Claudio Tolcachir (2018), Emília de Claudio Tolcachir (2019), Vidas Íntimas de Noël Coward (2019) e Proximidade de Arne Lygre (2022).
António Simão tem os cursos do IFICT (1992) e IFP (1994). Trabalhou com Margarida Carpinteiro, António Fonseca, Aldona Skiba-Lickel, Ávila Costa, João Brites, Melinda Eltenton, Filipe Crawford, Joaquim Nicolau, Antonino Solmer e Jean Jourdheuil. É pós-graduado em Estudos de Teatro pela FLUL. Integra os Artistas Unidos desde 1995, trabalhou recentemente em Ballyturk de Enda Walsh (2019), Uma Solidão Demasiado Ruidosa a partir do romance de Bohumil Hrabal (2020), Morte de um Caixeiro Viajante de Arthur Miller (2021), Terra de Ninguém de Harold Pinter (2022), Proximidade de Arne Lygre (2022), Foi Assim de Jon Fosse (2023), Remédio de Enda Walsh (2023) e Leões de Pau Miró (2024).
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