A edição de 2025 do Prémio Jovens Músicos vai eleger o representante de Portugal para a edição do concurso que terá lugar na Arménia.
Competição internacional com uma história que recua à década de 80, o Eurovision Young Musicians vai contar, na sua próxima edição, com aquela que será a sexta participação portuguesa neste concurso. A realizar em Erevan, na Arménia, a 22ª edição deste concurso promovido pela EBU (European Broadcasting Union) terá um jovem músico português a representar a RTP.
Fundado em 1982, e diretamente inspirado pelo BBC Young Musicians, o Eurovision Young Musicians realiza-se a cada dois anos, acolhendo jovens músicos, com idades entre os 12 e os 21 anos, que ali se apresentam como solistas, interpretando a obra de um compositor clássico juntamente com uma orquestra local. Depois da edição inaugural realizada em Manchester, o concurso cruzou já a sua história com importantes lugares e eventos. Em 2006 integrou a programação oficial que assinalou os 250 anos do nascimento de Mozart. E, a partir desse ano até 2012, integrou o Festival de Viena, realizando-se ao ar livre a partir da Rathausplatz, no coração da capital austríaca. Seis anos depois, em 2018, fez parte da programação do Festival Internacional de Edimburgo. Em 2000, com uma nova edição apontada a Zagreb (Croácia), a pandemia obrigou o concurso a uma pausa, sendo retomado em 2022 em Montpellier (França) e 2024 em Bodo (Noruega), onde se sagrou vencedor o violinista austríaco Leonhard Baumgartner, que então tocou Henri Vieuxtemps.
Portugal estreou-se no Eurovision Young Musicians em 1990, na mesma edição em que a Grécia participou pela primeira vez. Com o célebre Musikverein (Viena, Áustria) como cenário, o trompetista António Miguel Camolas Quitalo levou ao palco uma peça de Haydn. Portugal voltou a competir sempre entre 1994 e 1998, sendo que em 1996 foi o anfitrião do evento, que se realizou a 12 de junho desse ano no Centro Cultural de Belém. Ausente a partir do ano 2000, Portugal regressou apenas ao concurso em 2014, conquistando então, e pela primeira vez, uma posição na Final. O feito coube ao jovem violoncelista natural da ilha do Faial, André Gunko, então com 17 anos, que na semifinal tocou Cassadó e Tchaikovsky e na final apresentou o segundo andamento do Concerto para Violoncelo op. 85 de Elgar. A edição de 2025 do Prémio Jovens Músicos vai eleger o representante de Portugal para a edição de 2026 do concurso.
Em mais de 40 anos de história, o Eurovision Young Musicians já chamou a concurso praticamente todos os países que integram a EBU, o que soma o espaço europeu ao da orla mediterrânea também a sul e a leste. Áustria, França, Alemanha, Noruega, Suíça e Reino Unido foram os seis concorrentes da edição inaugural, que terminou com a vitória do pianista alemão Markus Pawlik, que entretanto tem vindo a criar uma carreira tanto nas salas de concertos como em disco, com gravações já editadas por etiquetas como a Naxos ou a Sono Luminus.
De 1982 para cá a Áustria já venceu a competição por seis vezes (1988, 1998, 2002, 2004, 2014 e 2024), seguindo-se nessa lista a Polónia com três vitórias (1992, 2000, 2016), a Alemanha (1982 e 1996) e os Países Baixos (1984 e 1990) com duas e, com uma, a França (1986), Reino Unido (1994), Suécia (2006), Grécia (2008), Eslovénia (2010), Noruega (2012), Rússia (2018) e a Chéquia (2022). Entre os países elegíveis para concorrer ao Eurovision Young Musicians ainda estão por assegurar uma primeira participação estados como a Islândia, Luxemburgo, Mónaco, Andorra, e Liechenstein, Azerbaijão, Líbano e Jordânia na Ásia e Marrocos, Argélia, Tunísia ou o Egito, no Norte de África.
Como curiosidade, o violino foi o instrumento que mais vitórias gerou na história do concurso, somando um total de dez triunfos. Seguem-se o piano com cinco, o violoncelo com dois e, com um, o clarinete, a flauta, a viola e o saxofone.
O Eurovision Young Musicians integra o lote de concursos ligados à música e dança organizados pela EBU e que tem como decano o Festival Eurovisão da Canção, cuja 70ª edição está agendada para maio de 2026 em Viena (Áustria). É interessante notar que o Young Musicians precedeu contudo alguns factos que fizeram história no Festival Eurovisão da Canção, como por exemplo a criação de semifinais, que os jovens músicos da clássica enfrentam desde 1986 (na Eurovisão [a mais pop] as semifinais só surgiram em 2004). O Young Musicians precedeu também o Festival Eurovisão da Canção na abertura a leste após a queda da cortina de ferro, com a entrada da Hungria e Polónia logo em 1992, ambos só com representação em canções na Eurovisão dois anos depois. Apesar de uma presença mais antiga da Jugoslávia, de facto, 1993 marcou o início da abertura a leste do Festival Eurovisão da Canção, nessa ocasião com as entradas em cena da Bósnia-Herzegovina, Croácia e Eslovénia (nações que resultaram da fragmentação da antiga Jugoslávia).
Além do Eurovision Young Musicians e do Festival Eurovisão da Canção, a EBU organizou outros dois concursos musicais e dois mais ligados à dança. Na música existe ainda o Junior Eurovision Song Contest, que em 2024 deu um 2º lugar a Portugal, e que terá a sua 22ª edição a 13 de dezembro em Tblisi (Geórgia). Com apenas duas edições realizadas entre 2017 e 2019, desativado desde então, houve ainda o Eurovision Choir, no qual Portugal não chegou a participar. No espaço da dança o Eurovision Young Dancers teve 15 edições entre 1985 e 2017, com apenas três participações portuguesas. Por seu lado, Portugal marcou presença nas duas edições do Eurovision Dance Contest, que existiu entre 2007 e 2008.